terça-feira, 13 de julho de 2010

Crime também contra a marca

O recente incidente policial ocorrido com o goleiro de um time do Rio de Janeiro nos faz refletir sobre a responsabilidade dos clubes na contratação e formação de seus atletas, além de como isso os afeta sob o prisma mercadológico.
Independentemente dos motivos que levam uma pessoa a praticar crimes, cabe também aos clubes tentar de alguma forma minimizar as chances que tais atos ocorram por parte de seus atletas.
Creio que seria de extrema importância que os jogadores sofressem avaliações psicológicas acerca das suas características de personalidade e que essa pudesse servir de base para ações preventivas.
Afinal, o jogador, além de fazer parte do patrimônio do clube, é um dos principais responsáveis pela manutenção e fortalecimento de sua marca à medida que contribui para a obtenção de bons resultados esportivos. Além do que, no papel de ídolo, atrai novos torcedores e incrementa a venda de produtos licenciados.
Por outro lado, o envolvimento de um atleta em episódios ligados ao mundo do crime pode trazer sérios prejuízos, inclusive no que diz respeito aos patrocinadores, que não desejam associar suas marcas a situações constrangedoras e vexatórias.
Aqui vale ressaltar a necessidade de contratos com cláusulas “pesadas” que protejam os patrocinadores e clubes contra eventos dessa natureza.
Obviamente, aproxima-se de uma utopia imaginar que um clube deixe de contratar um suposto bom jogador em função do seu histórico de problemas extracampo, até porque, se não o contratar, um rival o fará.
Essa situação guarda estreita relação com os receptadores de furto, visto que se esses não existissem, muito provavelmente não haveria o ladrão.
Infelizmente, os clubes, sejam por pressão da torcida, por irresponsabilidade no que tange a sua imagem ou por uma incompetente gestão de marketing, preferem contratar ou manter jogadores problemáticos, mesmo constatando que as notícias referentes a eles não estejam mais ligadas apenas à esfera esportiva.

Alguns críticos chegam a defender a contratação de gestores de carreira para os atletas, o que não deixa de ser uma boa idéia, no entanto, há que se levar em consideração o grau de aceitação que esses profissionais receberiam por parte dos jogadores.
Será que um jovem que esteja deslumbrado pela fama, que receba um salário totalmente incompatível com sua realidade quando criança, que tenha seu círculo de amigos constituído de aproveitadores, dará atenção a um profissional que preconize uma vida regrada e aplicações em investimentos seguros?
Difícil, ainda mais se o tal jovem possuir uma personalidade desprovida de princípios íntegros e rígidos.
Na verdade, não tenho dúvida de que os préstimos de um profissional de gestão de carreira devem fazer parte da vida de qualquer atleta. 
Entretanto, é inconcebível que os próprios clubes não tenham como uma de suas prioridades e com voz determinante nas suas decisões, profissionais de marketing competentes, que saibam zelar por sua marca como um dos seus principais ativos.
Sem isso, as eventuais conquistas esportivas correm sérios riscos de serem arranhadas ou apagadas pelos escândalos, contravenções e até por crimes hediondos praticados por seus jogadores.


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