terça-feira, 28 de junho de 2011

Ciclo de vida



Os gestores de marketing costumam considerar o conceito de ciclo de vida como referência às fases da existência de um produto, são elas:
Surgimento/Desenvolvimento – o produto ainda está sendo concebido, nessa fase não há venda nem receitas e os investimentos são crescentes.
Introdução – quando o produto é lançado, nessa etapa as vendas passam a existir porém com crescimento lento e sem lucro em função dos custos de lançamento.
Crescimento - o produto é aceito no mercado, as vendas e os lucros têm crescimento acelerado. 
Maturidade – as vendas crescem lentamente ou se estabilizam, enquanto os lucros se mantêm ou diminuem, pois os custos para manutenção do mercado aumentam.
Declínio - vendas e lucros caem.
A duração de cada fase varia em função do produto e das características da empresa e do mercado.
Entretanto, uma boa gestão de marketing é útil para identificar de forma mais rápida e precisa cada estágio - principalmente os de crescimento, maturidade e declínio - assim como realizar eventuais correções, sejam essas na forma de reposicionamento, formulação e divulgação.
No mercado é relativamente fácil encontrar casos de produtos que através de uma gestão responsável e eficaz conseguiram reverter situações onde o declínio era iminente.

As Sandálias Havaianas, por exemplo, conseguiram se posicionar para um público pouco afeito ao consumo desse tipo de produto, que até então era visto como um bem consumido por pessoas que não tinham poder aquisitivo suficiente para comprar sandálias de couro.
O processo para que isso ocorresse envolveu alterações no design do produto, na distribuição, na precificação e na comunicação, tornando-se um interessantíssimo case de marketing, o qual não será mais detalhado aqui para não fugirmos do tema principal do blog: o marketing no esporte.
Dessa forma, passaremos destacar a seguir alguns exemplos de atletas e esportes com foco em seus respectivos ciclos de vida, tal como ocorre com produtos.
O boxeador Mike Tyson teve o início de sua carreira em um reformatório, onde encontrou o esporte como forma de desenvolvimento social e teve seu talento reconhecido até obter grande sucesso.
Num curto espaço de tempo, o lutador conquistou o título de campeão mundial da categoria, porém o produto Tyson teve as fases de “crescimento” e “maturidade” abreviadas por sua tumultuada vida pessoal, a qual lhe rendeu grandes prejuízos financeiros, uma condenação por estupro e frustradas tentativas de retorno ao esporte.
Por outro lado podemos também encontrar boxeadores, tais como Sugar Ray Leonard, Julio Cesar Chaves e Evander Hollyfield que para se manterem como destaques no esporte mudaram de categorias e assim conseguiram estender o período de "crescimento" e "maturidade".
Situações semelhantes também ocorrem com atletas de outras modalidades.
No futebol é comum encontrar casos de jogadores que para se manterem competitivos e, consequentemente com sucesso passam a jogar em posições onde suas atuais condições físicas permitam.
No voleibol, atletas com menor estatura conseguem espaço como líberos.
Já no atletismo, corredores de fundo buscam provas cada vez mais longas na medida em que a idade avança, assim como alguns nadadores que migram para o pólo aquático em busca de melhores resultados.
Quando se trata de modalidades esportivas, essas iniciativas também se fazem presentes, vide as constantes alterações nas regras de alguns esportes como voleibol, basquetebol, natação, etc., todas visando deixar as competições mais plásticas, emocionantes e adequadas às transmissões via TV.
Enfim, exemplos de alterações com o intuito de aumentar o “ciclo de vida” são bastante usuais também no meio esportivo, cabendo aos gestores esportivos e responsáveis pela carreira de atletas executarem essa condução dentro de rígidos critérios mercadológicos, caso desejem obter fases duradouras de crescimento e maturidade.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Exportar é o que importa?

A necessidade de informações no segmento esportivo é um dos assuntos mais interessantes de ser abordado, isso por considerar inadmissível trabalhar marketing sem a existência de processos analíticos, os quais apenas serão possíveis através de coletas fidedignas de dados.

Nesse contexto, vale mostrar alguns dados contidos na primeira edição do Global Player Migration Report, que analisou as transferências internacionais de jogadores de futebol na temporada 2010-2011 num universo de 69 países, sendo que em alguns deles foram contempladas também a 2ª divisão de forma que 101 divisões completassem a amostra.

Dentre os dados mais interessantes, valem ser citados:

• O Chipre foi o país que mais importou, foram 219 jogadores, o que dá uma média de 7,8 por equipe.

• Entre os 10 primeiros países importadores, 9 são da Europa.


• A 1ª divisão do campeonato brasileiro é a liga que contrata jogadores com a maior média de idade (29,04), por outro lado, a 2ª divisão da Itália é a que importa jogadores com a média de idade mais baixa (22,79).
• No quesito repatriamento, o Brasil também aparece na liderança, 135 brasileiros que jogavam no exterior voltaram ao país. Em segundo aparece a Argentina.
• Essa característica pode ser explicada pelo fato de Brasil e Argentina serem os maiores exportadores de jogadores, 280 e 215, respectivamente.
• As maiores vias de migração são: Brasil para Portugal – 95, Inglaterra para a Escócia -67 e Argentina para o Chile – 56.


Diante desses dados é fácil notar a força do futebol brasileiro em termos de material humano, dos 69 países contemplados no estudo, o Brasil exportou jogadores para 58, enquanto que Argentina exportou para 44, Sérvia para 40, Croácia para 36 e Nigéria para 35.
Como foi visto anteriormente, o mercado que mais importa jogadores brasileiros é Portugal (95), seguido por Coréia do Sul (15), Japão (14), Irã (12), Romênia (11) e Ucrânia (10).

Curiosamente, dentre esses 6 principais países importadores de brasileiros, apenas Portugal está rankeado entre os 10 do ranking da FIFA.
Isso não quer dizer que os países melhores posicionados no ranking não demandem jogadores brasileiros, o que parece ocorrer é que esses países focam seus investimentos na contratação dos melhores, e obviamente, a quantidade de craques é menor do que a quantidade de bons e medianos   jogadores (segmento onde a quantidade de jogadores brasileiros é mais expressiva), os quais se tornam boas soluções para países com menor capacidade de investimento.

Além dessas conclusões, muitas outras podem ser inferidas e com elas se traçar planos e estratégias que venham a trazer benefícios para os clubes e para as confederações.
Esses benefícios podem vir nas mais variadas formas, desde maiores receitas com venda de jogadores, até projetos de internacionalização da marca, os quais geram receitas através da comercialização de produtos em outros países.  O estreitamento no relacionamento com outras nações, ainda propicia possibilidades de se captar novos patrocínios e/ou ainda atender interesses estratégicos dos atuais patrocinadores.


terça-feira, 14 de junho de 2011

LinkedIn no esporte


Entre as diversas ferramentas de marketing, é digno de registro o crescimento do grau de importância das redes sociais.
Cada vez mais empresas, clubes, confederações e atletas estão presentes no Twitter e no Facebook, não apenas para se divulgarem institucionalmente, mas também para realizarem ações promocionais e pesquisas.

Curioso, no entanto, é a pouca atenção que os profissionais de marketing, principalmente os ligados ao segmento esportivo, têm dedicado a outra rede social, o LinkedIn, que recentemente abriu seu capital através de oferta pública na qual os preços de suas ações subiram 110%.
Na verdade, até entre a população em geral o LinkedIn é pouco conhecido, cerca de 100 milhões de usuários fazem parte dessa rede, enquanto que o Facebook tem um número de contas estimado em 600 milhões e o Twitter em 200 milhões.
O LinkedIn difere-se das demais redes por ter um cunho voltado a negócios, lá é possível estreitar relações comerciais, trocar conhecimentos e informações, além de facilitar a busca por profissionais e oportunidades de emprego.
Seu público é formado basicamente por profissionais, executivos e empresas.
Diante dessas informações, a utilização dessa rede por clubes e confederações pode parecer ineficaz e sem sentido, porém, se analisarmos com atenção será possível concluir que o uso do esporte como forma de criar um primeiro contato para um público segmentado e qualificado pode ser uma excelente oportunidade para agregar pessoas que possuam interesses em comum.

O Manchester United tem no LinkedIn um grupo não oficial com 2.500 pessoas, enquanto o Arsenal tem 2.100, tal tipo de iniciativa tem como propósito facilitar a troca de informações, além, é claro, de expandir a rede de relacionamentos de cada membro.
Mas, talvez, o case mais interessante da utilização dessa rede por um clube seja o do Celtic FC Business Network, pelo fato de ser uma iniciativa do próprio clube escocês, que oferece conteúdo exclusivo e informações sobre as ações referentes à gestão da instituição aos cerca de 200 integrantes do grupo.
Reuniões com a presença do CEO do clube e a possibilidade dos membros realizarem negócios entre si incentivados pelo fato de terem interesses em comum são também benefícios que os participantes usufruem.

O que ainda não foi explorado, mas que vejo como uma excelente oportunidade para os clubes e confederações, é o recrutamento de profissionais que se disponham a ajudar de forma voluntária, ou não,  a instituição em algum projeto que eventualmente não esteja sendo executado por falta de recursos.

Vale ressaltar que a configuração das informações de cada membro do LinkedIn permite avaliar suas experiências, habilidades, especialidades e sua rede de contatos, o que também é de extrema valia quando se trata de recrutamento.

Certamente, existem confederações e clubes brasileiros se movimentando para estarem presentes nessa rede, afinal 3% dos usuários do LinkedIn estão no Brasil. 
Entretanto, para que se atinja o potencial de benefícios que as diversas redes sociais podem proporcionar é necessário que as contas estejam  atualizadas e a interação com o público seja constante, sendo que no caso de instituições é bastante recomendável contar com pessoas capacitadas para o exercício dessa função.
O que, aliás, nem sempre é fácil encontrar, porém nada como uma boa rede de contatos para auxiliar nesse recrutamento.


terça-feira, 7 de junho de 2011

Onde estão as marcas esportivas?

Um dos objetivos desse blog é passar ao leitor a verdadeira função do marketing, e assim corrigir as distorções que levam a maioria da população a confundi-lo com uma mera ação de divulgação.
Vale ainda ter em mente que marketing requer informações, as quais devem ser exaustivamente exploradas, pois serão responsáveis por nortear as decisões mercadológicas das instituições.

Todo esse preâmbulo tem como intenção discorrer sobre o excelente trabalho desenvolvido pela GSN Sports acerca do mercado de marcas esportivas no futebol, segue link do estudo: http://www.gsnsports.com.br/downloads/GSN_Marcas_Deportivas_en_Futbol_Mundial.pdf

O trabalho desenvolvido é um ótimo exemplo do que pode ser feito em termos de pesquisa para o esporte, pois o mesmo coletou dados de todas as equipes de 122 países que disputaram a 1ª divisão na temporada 2010-2011, resultando numa análise sobre os fornecedores de material esportivo de 1.665 times.
O mesmo estudo contemplou também 209 seleções.
Ao final foram encontradas 117 marcas de fornecedores de material esportivo, um número surpreendente mesmo para quem atua no mercado de esportes.

A amostra do estudo foi constituída de 50 países da Europa (674 times), 25 países da Ásia (321 times), 21 países da África (328 times), 10 países da América do Sul (161 times), 7 países da Oceania (68 times), 6 países da América Central (66 times) e 3 países da América do Norte (47 times).

CLUBES

• A adidas é a marca que está presente em mais clubes, são 205 equipes, o que corresponde a 12,3%.
Esse fornecedor também é líder na Europa, Ásia e América do Norte, aqui graças ao EUA, onde todas as equipes na Major League Soccer são patrocinados pela marca.

• A Nike ficou como a 2ª marca, estando em 159 times (9,5%).
A África é o único continente onde esse fornecedor lidera.

• Em 3º aparece a Puma, fornecendo para 125 equipes (7,5%) e liderando apenas na América do Sul.

• O 4º fornecedor que aparece nesse ranking é a Umbro, 109 clubes (6,5%).

• A seguir aparecem Lotto – 58 times (3,5%), Joma – 48 (2,9%), que lidera na América Central, Diadora – 41, Legea – 40, Hummel – 32, Kappa – 31.

• 462 equipes não possuem fornecedor, a grande maioria na África (220) e Ásia (121).

SELEÇÕES

Na análise referente a seleções, a adidas também lidera – 43 seleções (20,6%), fato que se repete na Europa, América do Sul e Ásia.

Em 2º vem a Nike – 28 seleções (13,4%), Puma – 22 (10,5%), Umbro – 11 (5,3%) e Lotto – 7 (3,3%).

Como podemos contatar, trata-se de uma minuciosa e extensa coleta de dados, a qual nos municia de informações bastante interessantes, mas que não se encerram na simples apresentação do trabalho.
De posse desse estudo é possível avaliar e estimar quais são as estratégias em termos de expansão de cada marca, o que fatalmente pode auxiliar nas negociações de renovação de contratos e/ou prospecção de patrocínios.

Existe um universo inesgotável de iniciativas, que podem e devem ser implementadas através de pesquisas como essa, cabe aos gestores esportivos conhecer o que é realmente o marketing e, dessa forma extrair os subsídios necessários para suas decisões.