terça-feira, 5 de julho de 2011

Tristeza não tem fim

Recentemente, o River Plate, clube que mais conquistou títulos nacionais na Argentina foi rebaixado para a 2ª divisão, as cenas exibidas não deixam dúvidas quanto ao grau de tristeza e desespero sofridos pelos torcedores e jogadores. 
Tais reações foram, naquele momento, impactadas pelo sentimento de humilhação e gozações que certamente advirão dos torcedores rivais, no entanto, em termos de marketing os prejuízos também serão significativos. 
A receita referente à transmissão dos seus jogos deverá diminuir consideravelmente, estima-se que os novos valores ficarão entre 10 e 30% do que recebia na 1ª divisão. 
Pode ser que os honorários referentes ao contrato com o fornecedor de material esportivo também sejam menores, visto que alguns desses contemplam essa possibilidade em caso de rebaixamento. 
Muito provavelmente a arrecadação dos jogos também deve ser menor, principalmente em função da menor capacidade dos estádios onde irá atuar nas partidas fora de casa. 
Outro ponto que suscita bastante preocupação diz respeito à taxa de crescimento da torcida, que costuma ser diretamente influenciada pelos bons resultados e pelas conquistas de títulos importantes. 

Em relação a esse ponto, é importante elucidar o mito de que o número de torcedores cresce no período de adversidade. 
Essa confusão advém do fato das torcidas ficarem geralmente mais fanáticas nessa situação, talvez numa forma de demonstrarem seu amor a uma instituição fragilizada, esses torcedores se tornam mais presentes. 
Entretanto, pesquisas comprovam que na faixa etária relativa a crianças, o percentual de torcedores de times nas divisões secundárias é menor do que nas faixas etárias superiores. 
O que fatalmente trará reflexos mais tarde, pois é justamente entre 6 e 10 anos que se dá a escolha do time que se irá torcer. 

Em vista desses prejuízos, muitas pessoas questionam se o rebaixamento deveria efetivamente existir no esporte, o que parece absurdo, afinal, um dos princípios que enobrecem o esporte é justamente a isonomia que os participantes usufruem no início das competições. 
Entretanto, na medida em que o conceito de “negócios” começa a superar algumas vezes a nobreza do esporte, esse ponto pode passar a ser considerado, visto o que já ocorre em algumas ligas americanas como a NBA no basquete. 

O que é mais interessante para o esporte?
Ter as melhores equipes disputando uma competição, mesmo que essas não atraiam público para as arenas, não propiciem uma boa audiência televisiva e não gerem receitas com produtos licenciados, ou ter equipes tecnicamente mais fracas, mas que gerem negócios para o esporte? 
Por um lado, penso que todas as equipes deveriam ter o direito de almejarem disputar as principais competições, pois só assim conseguirão obter condições de melhorias econômicas. 
Contudo, não parece justo privar das competições equipes que além de possuírem grandes torcidas, incutem rivalidade e consequentemente atratividade aos confrontos. 

Não tenho uma opinião efetivamente formada sobre o assunto, bons argumentos não faltam para defender os dois modelos, entretanto, independentemente da forma a ser adotada é mandatório que a organização que reja a competição tenha sua conduta baseada no cumprimento do regulamento e que as devidas punições, sanções, deliberações e cumprimentos dos calendários não sejam influenciados por interesses escusos ou casuísmos. 



2 comentários:

  1. Olá Idel,
    Conheci hoje o seu blog através da Flusócio e gostei muito.
    Concordo que rebaixamento não aumenta a torcida, na verdade diminui com o tempo, mas os prejuizos podem ser reduzidos e até pode haver lucro se um bom marketing for feito aproveitando o sentimento dessa torcida, vide Coríntians e Vasco. Agora, não adianta qualquer marketing sem time.
    Um abraço,
    Marcelo Carvalho

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  2. Obrigado, Marcelo!
    Vc tem razão, incluo nesses seus exemplos o Coritiba e o Bahia.
    Abraço

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