terça-feira, 19 de junho de 2012

A lenda do boxe cubano

Inicialmente convém deixar explicitado que o presente artigo não tem a pretensão de discutir temas relacionados à ideologia ou formas de governo, mas sim homenagear um dos maiores boxeadores que o mundo já viu, trata-se do cubano Teófilo Stevenson, falecido recentemente.                                
                                                                                                     Teófilo foi um lutador da categoria “pesado” que conquistou 3 medalhas de ouro nas Olimpíadas (72-76-80) e não teve a chance de conquistar a 4ª por não ter participado dos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles devido ao boicote cubano. 

Além disso, conquistou três campeonatos mundiais (74-78-86) e venceu a maioria de suas lutas por nocaute, fato bastante raro no boxe amador. 


A vida desse boxeador cubano serve de exemplo por duas razões: persistência e gratidão

1 - Persistência - em suas primeiras 20 lutas teve 14 derrotas, mesmo assim não desistiu e passou a treinar ainda mais. 
Quantas vezes na vida profissional e pessoal pensamos em desistir em função de alguma sequencia de derrotas e fracassos? 

2 - Gratidão - apesar das ofertas milionárias que recebeu para se profissionalizar e enfrentar Muhammad Ali - outro pugilista excepcional que abriu mão de seu título por ser contra a guerra do Vietnan - não cedeu à tentação e se manteve fiel ao regime que foi um dos responsáveis pelo seu sucesso 
Sobre esse fato dizia uma frase que se tornou célebre: “Não vou deixar meu país por um milhão de dólares nem por muito mais que isso. O que é um milhão de dólares perto do amor que oito milhões de cubanos sentem por mim?” 
Quantas vezes na vida profissional e pessoal deixamos de perceber e valorizar as ajudas que recebemos? 

Não credito tal postura ao regime do país em que viveu, visto que vários outros cubanos abandonaram a nação. 
Tampouco credito aos valores que o esporte proporciona ao cidadão, pois há também inúmeros casos de atletas ingratos e sem garra. 
Creio, sem a pretensão de ser definitivo, que nenhum fator individualmente seja o responsável pela formação da personalidade das pessoas, até porque, não há como expurgar o componente “caráter” dessa formação, entretanto, é certo que bons exemplos são ótimos apelos motivacionais para se seguir em frente e valorizar aquilo que nos é ofertado. 

Jamais saberemos se Stevenson, El Gigante del Central Delicias, conseguiria no boxe profissional o mesmo sucesso técnico que teve no boxe amador, mas certamente sua persistência e gratidão ficarão marcadas na memória do povo de seu país e daqueles que valorizam os bons exemplos tanto na esfera esportiva, como na profissional e pessoal.


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