terça-feira, 4 de setembro de 2012

As aparências enganam

Imagine que a cidade onde fica a sua empresa tenha sido escolhida para ser a sede dos Jogos Olímpicos. 
Imagine que você seja gestor de uma empresa varejista e que um fornecedor resolva comercializar os produtos em regime de consignação, ou seja, só será pago o que for vendido ao consumidor final. 
Imagine que você seja o gestor de uma instituição e um grupo de pessoas resolva se mobilizar para lhe doar algum bem. 

Sem dúvida são iniciativas que parecem ser bem interessantes, porém seria irresponsável julgar sem obter maiores detalhes sobre as mesmas. 

Quando Atlanta concorreu com Atenas para ser a sede dos Jogos de 1996, a Coca-Cola, cuja sede fica em Atlanta entrou em pânico, pois temia ser vista como uma empresa que privilegiaria suas raízes ao invés de ser uma empresa global. 
E foi realmente o que aconteceu, até porque, se tratava de uma edição especial que celebraria o centenário dos Jogos, o que conduzia Atenas como uma escolha natural. 
A opção por Atlanta desencadeou várias acusações e suspeitas que giravam sobre o poder financeiro. 
Na Grécia ocorreram protestos que culminaram com uma forte rejeição e fez com que a Coca-Cola perdesse participação naquele mercado e demorasse anos até reconquistá-lo. 
E a ideia de trabalhar com produtos consignados? Em tese é ótima, pois evita a necessidade de capital de giro. 
Entretanto, vale refletir se tais produtos permitem boa margem e se terão a devida demanda, caso contrário, estarão ocupando o espaço, tanto na área de vendas como na área de estoques, de produtos que certamente teriam giro e lucratividade maiores.

Por fim, vale refletir sobre eventuais doações de terceiros. 
Até que ponto essa doação terá a devida utilidade, visto que é extremamente difícil conhecer as necessidades de alguma instituição em que não se esteja dentro da operação. 
Além disso, é difícil precisar se a origem dos recursos dessa doação está de acordo com as melhores práticas de governança. 

Obviamente os casos citados contemplaram situações bem negativas, o que nem sempre acontece, porém, a ideia desse texto é deixar claro que nenhuma proposta pode ser avaliada como boa ou ruim se não houver uma análise minuciosa de todas as consequências e aspectos envolvidos.
Essa é uma das diferenças entre os gestores que planejam e o que apenas reagem. 

2 comentários:

  1. Que infeliz a colocação da foto objetificando a mulher. Ali as aparências não enganam, a mulher parece bela e de fato é, independente de seu peso.

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  2. Sr. ou Sra. Anônimo (a)
    Grato pelo seu enriquecedor comentário.
    Não há como tirar sua razão, até porque, a mulher da foto mostra seu rosto, ou seja, não precisa se esconder...

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