terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Mal necessário?

Apesar de reconhecer a existência de situações em que a expressão que serve como título do artigo é perfeitamente aplicável, tendo a me frustrar com a mesma, principalmente quando o esporte é pano de fundo deste cenário. 
Volto assim a um tema que, mesmo intensamente abordado pela mídia está longe de se esgotar, ainda mais quando analisado pelo prisma de marketing: O doping de Lance Armstrong.
Primeiramente vale a reflexão sobre a evolução do ciclismo no âmbito dos negócios, ou seja, qual a abrangência desse esporte em escala mundial? 
Pesquisando sobre o tema iremos constatar que até o surgimento do produto “Lance Armstrong”, esse esporte estava restrito ao continente europeu, não tendo a devida penetração no cobiçado mercado dos EUA.
Este fato assume maior representatividade se considerarmos que, na década de 80, outro ciclista norte-americano, Greg Lemond, obteve expressivos resultados, chegando a vencer o Tour de France em 1986.
Na verdade, mesmo com bons resultados, antes da sequencia de vitórias no Tour de France, Lance Armstrong também não foi capaz de impactar o mercado americano.


Chegamos então ao divisor de águas de sua carreira, a metamorfose que transformou um bom ciclista num atleta invencível.
Um herói forjado, um câncer vencido bem explorado e todo o mercado de ciclismo satisfeito.


Aqui se incluem patrocinadores, organizadores, detentores dos direitos de transmissão, fabricantes, varejistas e, pasmem, até outros ciclistas que, mesmo derrotados, conseguiam melhores contratos em função da maior popularidade do esporte. 
Será que sob o ponto de vista mercadológico seria interessante uma apuração detalhada da suspeita de doping naquela época?

O que mudou, então?
Vários fatores, entre eles: o amadurecimento e a expansão do mercado de ciclismo, o maior rigor e a consciência da opinião pública e, consequentemente, o temor das empresas em estarem associadas ao doping.
O banco holandês Rabobank abandonou a modalidade, os patrocinadores de Lance como Nike, Oakley, Trek e outros rescindiram seus contratos.
Vários outros exemplos poderiam ser explicitados, porém, pouco acrescentariam para o ponto que julgo importante refletir:

“Foram enganados ou não tomaram as devidas medidas preventivas?”

Afinal, não se pode descartar a hipótese, mesmo que vergonhosa, de que a existência de um "herói" pode ser vital para o crescimento de uma modalidade ou evento.
Mal necessário...triste expressão.


3 comentários:

  1. Cojunuda essa postagem.

    Ainda que um atleta seja competidor de outro, mesmo pelo quinhão dentro do esporte, os esportes competem entre si (e entre outras atividades) por espaço, visibilidade e por aí vai.

    Na primeira luta na TV Globo, Vitor Belfort estava efusivo em entrevista que um sonho dos lutadores da categoria estava realizado: estarem na Globo. É um sonho comercial, é um sonho de exposição do produto, é o sucesso que por sua vez impulsionará a indústria aumentando o bolo que eventualmente venha a ser dividido.

    O que e como se vende em 86 não é igual a 95, muito menos 2013. Eu não duvido nada que em um hipotético 2040 valha a postura do homem biônico e que campeonatos de super-atletas sejam comercializados, com Nike, Oakley e Trek patrocinando. Mas hoje, parece que a imagem que o ciclismo deixa de esporte onde mais de dopam é negativa.

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    1. Victor

      A menção ao hipotético em 2040 é digna de reflexão.
      Na verdade, tenho muito medo de que a dificuldade em coibir acabe resultando numa liberação.
      Abs

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  2. Ou que as perdas em coibir sejam mais irreparáveis que o contrário.

    Abç

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