As discussões sobre os benefícios de sediar os Jogos Olímpicos são inesgotáveis, variados argumentos e exemplos são utilizados, porém quase todos voltados meramente aos aspectos econômicos, sociais e urbanos, enquanto que as discussões sobre os benefícios esportivos acabam sendo pouco exploradas, ou pior, distorcidas.
- Existe alguma correlação entre o número de medalhas conquistadas e o fato de sediar os Jogos?
- A edição anterior costuma ser um bom indicativo de tendência?
- Até que ponto o investimento esportivo num ciclo olímpico se reflete em boa classificação no quadro de medalhas?
Em busca dessas respostas, a Jambo Sport Business realizou um estudo no qual analisou todas as edições dos Jogos Olímpicos desde 1960.
A opção por não utilizar todas as edições teve o intuito de evitar a contaminação da amostra com aspectos ligados à menor disponibilidade de transporte nos primeiros Jogos, o que sem dúvida influenciava muito fortemente o tamanho das equipes e, consequentemente, os resultados esportivos.
O estudo também procurou minimizar os efeitos que eventos como boicotes, separatismos e uniões de países trazem ao quadro de medalhas.
Maiores detalhes sobre o trabalho podem ser encontrados no http://www.slideshare.net/jambosb/a-influncia-de-ser-sede-sobre-os-resultados-esportivos-nos-jogos-olmpicos.
Abaixo seguem as respostas aos questionamentos que serviram de motivação para a realização do estudo.
1- Correlação medalhas vs. País-sede
Apesar de algumas exceções, como o Canadá que não conquistou medalha de ouro em Montreal 1976 e os EUA em Atlanta 1996, onde conquistou 7 medalhas a menos no geral do que em Barcelona 1992, os países que sediam os Jogos sempre conseguem um incremento natural no número de medalhas conquistadas.
São duas as razões principais desse feito:
- Maior quantidade de atletas representando o país, pois o fato de ser sede dá o direito a participar de todas as modalidades esportivas daquela edição.
- O fator “torcida” - inúmeros são os relatos de atletas da casa creditando a superação ao incentivo dos torcedores.
Outra razão que por vezes influencia os resultados é a inclusão de esportes tradicionais do país sede.
Entre os exemplos que podem ilustrar essa afirmação, estão o Judô e o Voleibol em Tokyo 1964, o Nado Sincronizado em Los Angeles 1984, o Tênis de Mesa em Seul 1988, o Judô feminino em Barcelona 1992, o Voleibol de Praia em Atlanta 1996 e mais recentemente o Triathlon em Sydney 2000.
Todos esses renderam medalhas ao país sede.
2 – Edição anterior como parâmetro
De fato, a edição que antecede aos Jogos que se sedia costuma ser um bom parâmetro de previsão, no entanto, a história mostra que reviravoltas acontecem.
O México veio de uma 53ª colocação em 1964 para a 15ª em 1968 quando foi sede.
A Espanha obteve o 6º lugar em Barcelona 1992, depois de amargar um 25º em Seul 1988.
3- Medalhas vs. Investimento
Esse tipo de cálculo só poderia ter algum tipo de valia se fossem considerados os investimentos das outras nações.
De nada adianta, para efeito das conclusões que se desejam auferir, saber que verbas vultuosas foram aplicadas no esporte e isso resultou em poucas medalhas, pois as demais nações podem ter investido mais.
Além do que, nações mais desenvolvidas requerem menos investimento do que as que estão se estruturando.
Portanto, a análise retorno de Medalhas vs. Investimento só terá algum sentido se vierem inseridas num contexto de proporcionalidade.
O estudo traz ainda estimativas de medalhas para 2016 e um quadro bastante interessante que compara a classificação dos principais países nos Jogos de 2012 e nos rankings de PIB per capita e IDH (índice de desenvolvimento humano).