terça-feira, 26 de novembro de 2013

Por que só o marketing?




A falta de conhecimento sobre o que efetivamente significa e quais as atribuições do marketing têm aberto espaço para as mais diversas interpretações.
Entre as principais tolices proferidas a respeito podem ser citadas:
  •  “A área de marketing precisa gerar mais receita”, como se uma área estratégica fosse responsável direta por essa incumbência;
  • “O marketing de tal instituição é melhor do que de outra”, como se fosse possível comparar resultados sem se saber os objetivos, recursos e prazos traçados;
  •  “Não vi nenhuma ação de marketing”, como se todas as ações fossem visíveis tal qual uma publicidade é.


A triste realidade é que o pouco tempo de existência do marketing e a consequente falta de profissionais bem formados e/ou com experiência no ramo fizeram com que a disciplina fosse desvirtuada e deixasse espaço aberto para curiosos e palpiteiros.

No caso do “marketing esportivo” a coisa toma rumos ainda mais nocivos.
Cursos e seminários sobre o tema proliferam com velocidade espantosa.
Empresas e profissionais do ramo também se multiplicam, muitos desses oriundos dos cursos e seminários citados acima.
Ajuda a entender melhor esse cenário o fato de não existir, ou pelo menos serem raros, cursos e profissionais especializados em “Finanças Esportivas”, “Tecnologia da Informação Esportiva”, “Controladoria Esportiva”, “Logística Esportiva”, “Planejamento Estratégico Esportivo”, “P&D Esportivo”, etc.

Nada contra a busca por conhecimento, muito pelo contrário, o objetivo do texto é justamente incentivar o aprendizado sobre marketing, independentemente desse ser voltado à área esportiva, cultural, política, bens de consumo, varejo, serviços, etc..
Porém, essa busca deve ter como foco o verdadeiro marketing, aquele dos livros de Kotler, Levitt, Al Ries, Jerome McCarthy, por exemplo, e praticado por algumas boas empresas.
Creio que só dessa forma seja possível ter um contingente suficientemente representativo dessa disciplina e assim, quem sabe, o marketing seja disseminado corretamente e passe a ser mais bem utilizado pelas instituições.

Por fim, vale destacar que o marketing não é uma ciência exata, o que significa dizer que sempre existirão vários caminhos para se chegar ao objetivo traçado, entretanto, o índice de assertividade nas decisões tomada é diretamente proporcional ao embasamento.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Decathlon - Shopping Center do esporte


Encontrar uma empresa que tenha como missão “Despertar o desejo e tornar acessível ao maior número de pessoas o prazer e os benefícios de se praticar qualquer tipo de esporte” é algo que traz satisfação para qualquer entusiasta do esporte, aliás, saber que empresas dão atenção a aspectos como missão, visão e valores é mais gratificante ainda, pois revigora a esperança de que a preocupação com os aspectos da gestão não se resume a retóricas e discursos.
A Decathlon foi fundada em 1976 na França por, como não podia deixar de ser, um amante dos esportes, Michel Leclercq.
No sistema de autoatendimento, a loja se diferenciava das demais por praticar preços acessíveis e disponibilizar enorme sortimento de produtos e marcas para todas as modalidades, independentemente do nível técnico do praticante.
Além disso, a empresa proporciona a possibilidade do cliente experimentar alguns produtos na prática da modalidade e oferece oficinas para conserto de alguns equipamentos.
Dez anos após a inauguração, a empresa também passou a ter também sua marca própria de produtos.
Hoje a empresa tem comercializa mais de 35 mil produtos para 75 esportes, está presente em 25 países, inclusive no Brasil e tem mais de 650 lojas no mundo.
O crescimento dessa loja, por si só, já seria digno de registro e destaque, no entanto, se analisarmos como foi a evolução do varejo no mundo, veremos que o feito é ainda mais impressionante.
O varejo surgiu nos primórdios dos tempos, quando os homens caçavam e pescavam para suprir suas necessidades básicas e, posteriormente, 
incluíram a agricultura, artesanato e outros entre essas atividades de subsistência.
Com a melhoria dos processos mais produtos ficaram disponíveis gerando um excedente que se transformou em moeda de troca. 
Depois surgiram as moedas e as atividades ligadas à distribuição dos produtos. 
Já no século XVIII, as cidades eram supridas por um estabelecimento chamado Loja Geral, onde se comercializava alimentos e roupas básicas.
À medida que as cidades e as demandas cresciam, surgiu a especialização dos comércios, visando proporcionar um atendimento mais adequado aos clientes.
Dentre esses comércios estava a “grocery store”, que como o nome induz, vendia apenas alimentos. Eram lojas pequenas, cerca de 50 m2, em que um balcão separava o cliente dos empregados/donos.
Com a revolução industrial no século XIX, as lojas aumentaram ainda mais as ofertas e, obviamente, seus espaços.
Até que surgiu em 1850, em Paris, a primeira loja de departamentos, a Bon Marché, que instituía como inovação o agrupamento de produtos segmentados por categorias.
Já em 1912 foi inaugurada nos EUA a primeira loja de auto-serviço e a escolha dos produtos por parte do consumidor passou a se dar pela marca e não mais pela indicação do vendedor.
O 1º supermercado que se tem notícia foi o King Kullen, inaugurado em 1930, esse tipo de comércio trouxe uma forte diminuição dos preços praticados graças aos processos otimizados, o que agradou os clientes e, evidentemente, contribuiu para a multiplicação das lojas no mundo todo.
A evolução do varejo continua com novos formatos de lojas, conceitos ou, como a própria Decathlon, com especializações e segmentações.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Você vai ao estádio?

Inicialmente vale deixar claro que, apesar do título provocador, não vai aqui nenhum tipo de patrulhamento, nem tampouco há alguma intenção em criar gradações para segmentar torcedor.
O objetivo do texto é provocar a reflexão sobre a disputa que vem sendo travada entre estádio e TV pelo espectador, curiosamente, há nesse caso uma forte "simbiose" entre os oponentes.

A TV precisa de conteúdo atrativo para comercializar suas cotas de patrocínio, sendo importante que os jogos levem bom público e o ambiente tenha componentes de emoção.
Já o esporte precisa da televisão para divulgar seus patrocínios, receber direitos de imagem e aumentar sua popularidade.


Diante desse cenário surge fortemente o fenômeno da segunda tela (second screen), nele o telespectador acompanha paralelamente a transmissão de um jogo – ou mais – pela TV, enquanto utiliza o smartphone e/ou tablet para se comunicar com outras pessoas e obter informações mais detalhadas sobre algum tema que tenha sido suscitado na própria transmissão.
Esse movimento tem feito com que as redes de TV desenvolvam aplicativos nos quais é possível a sincronização entre as duas telas, o que gera mais espaço publicitário para ser comercializado, além da possibilidade de receitas com a venda dos próprios aplicativos.
Não há como negar que para aquele torcedor que não é tão fanático por estádio, se trata de um belo atrativo para justificar a opção pelo sofá, além de outros como preço, horário, etc.

Então como contrapor a essa suposta vantagem sem entrar nas tradicionais discussões sobre preço de ingresso?

Nesse caso, creio que a resposta deva vir na mesma moeda, ou seja, instalar infraestrutura de telecomunicação nos estádios, de forma que a “Segunda Tela” possa ser utilizada pelos torcedores no local da competição.

Obviamente, o investimento deve focar também o aspecto de segurança.

Infelizmente, aqui no Brasil, a maioria dos estádios está ainda muito aquém em termos de telecomunicações, sendo que alguns nem propiciam condições para a realização de uma mera ligação telefônica.
Por outro lado, as arenas americanas têm investido pesadamente em redes de WiFi.

Claro que há mercado para todos, até porque, existem limitações físicas de lotação no estádio, mas nenhum dos lados pode se descuidar e ficar desatento para o dinamismo que envolve essa "competição".
Encontrar o equacionamento ótimo da participação audiência/presença no estádio é um grande desafio para os gestores do esporte, que não podem prescindir de nenhuma das partes e em nenhum momento.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Há limites para imigração?

Todos devem ter acompanhado as discussões sobre o jogador de futebol Diego Costa, brasileiro que também tem a nacionalidade espanhola, que ao ter que decidir sobre qual país pretende defender a seleção, escolheu a Espanha.
Muitos argumentos coerentes surgiram para atacar e defender a decisão do jogador, o que já demonstra o quão difícil deve ter sido a escolha.

Creio que as discussões a respeito já chegaram ao ponto de saturação, porém, acho que uma derivação sobre o tema ainda pode ser mais explorada.
Refiro-me às consequências da liberalidade de um atleta defender uma nação que não seja a que ele nasceu ou que tenha se desenvolvido naquela modalidade esportiva.
Em esportes como o Tênis de Mesa, por exemplo, é possível encontrar jogadores que nasceram na China representando várias nações.
Sem dúvida, isso contribui para crescer o nível técnico e o grau de competitividade dos campeonatos, mas será que também não prejudica o desenvolvimento da modalidade nessas nações.

O que é mais vantajoso?
Investir fortemente na iniciação esportiva da modalidade, mesmo que os resultados a curto prazo não sejam razoáveis ou investir na vinda de atletas formados em outros países?
Muitos poderão argumentar que a vinda de atletas estrangeiros contribui para o desenvolvimento da modalidade, pode ser, mas também há o risco dos atletas nascidos no país importador se desmotivarem.

No comércio exterior é relativamente comum a imposição de tarifas alfandegárias para proteger os produtores locais, o que pode até ser salutar, desde que os ajustes considerem todos os aspectos da economia, inclusive a capacidade produtiva.
Mesmo nesse segmento, há os que são contra, pois entendem que a economia deve se equilibrar naturalmente.
No que eu discordo, pois acho que existem situações onde é fundamental a existência de medidas regulatórias, até porque faz parte da natureza de alguns, a busca de vantagens a qualquer custo.

Mas voltando ao esporte, penso que, inicialmente é necessário criar normas que estabeleçam uma idade limite para que a naturalização dê direito ao atleta representar outra nação.
Vejam o caso do corredor Mohamed Farah, campeão olímpico e mundial nos 5 e 10 mil metros, representando a Grã Bretanha.
Mo Farah, nasceu na Somália, passou a infância em Djibouti e se mudou para a Grã Bretanha aos 8 anos.
Muito provavelmente, os comitês olímpicos de Somália e Djibouti devem lamentar a naturalização do atleta, mas nesse caso, creio não haver problemas.
Por outro lado, temos o caso do também fundista Bernard Lagat, corredor de 1,5 e 5 mil metros, que nasceu no Kenya em 1974 e até 2004 competiu por esse país, sendo medalhista em campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos, mas que a partir de 2005 passou a defender os EUA.
Aparentemente, parece ser fácil criticar tal transferência, porém deve ser levado em conta que ele cursou faculdade em Washington.

Casos não faltam, cada um com sua característica, o que dificulta ainda mais a descoberta da solução e o estabelecimento de algum limite.