terça-feira, 5 de agosto de 2014

O que que os EUA têm?

 


A pergunta do título pode ser respondida sob os mais diversos prismas.
Dizer que o país tem o maior PIB estaria correto, mas pouco agregaria ao objetivo do blog. Citar que os principais nomes do marketing nasceram ou habitam no país, já se aproxima do conceito, mas ainda assim não apresenta uma relação direta com o esporte.
Como podemos ver as possibilidades de respostas são inúmeras, mas o que pretendemos, dessa vez, é mostrar como o país consegue evoluir em esportes não tão tradicionais a sua cultura.
Para ilustrar o tema, abordaremos o voleibol e o futebol, mais conhecido como soccer por lá.

Analisando o voleibol nos deparamos com o seguinte cenário:
  • Pouca tradição, visto que só a partir de 1984 o país passou a ter equipes competitivas, quando foi campeão olímpico no masculino e vice no feminino. Se analisarmos os resultados esportivos do país,  veremos que a grande maioria das modalidades em que se destaca, costuma ter uma história de sucesso bem mais antiga do que à do voleibol, vide a natação, o atletismo e o basquetebol.
  • O fato de não haver uma liga profissional, tal como a do basquete, por exemplo, também é digno de destaque, afinal, os EUA, além de se caracterizarem por valorizar as competições esportivas, têm uma enorme capacidade de transformá-las em negócios bem lucrativos.
Vale lembrar que na década de 70, houve uma tentativa frustrada nesse sentido com a criação da International Volleyball Association, que tinha o mesmo formato das ligas profissionais. As equipes eram compostas com 4 jogadores do sexo masculino e 2 do feminino, muitos deles vindos de outros países. Quem também fez parte de um dos times foi o ex-astro do basquete Wilt Chamberlain. 

Então qual seria o segredo do sucesso, já que não há uma liga profissional, nem uma cultura que faça da modalidade uma opção atrativa para as crianças?
A resposta é bem simples: o sistema universitário do país, no qual a elevada quantidade de jogadores de voleibol facilita não só a qualificação, mas também a seleção dos melhores.

Em relação ao futebol, é certo que o desempenho no masculino ainda não coloca o país como uma potência da modalidade, entretanto é visível a evolução do interesse despertado, como comprovam os seguintes fatos:
  • Foi o país estrangeiro que mais comprou ingressos para a última Copa.
  • A média de público do campeonato nacional em 2013 foi superior à dos campeonatos brasileiro e argentino, cujas seleções ficaram entre os 4 primeiras do Mundial  de 2014 e que juntos somam 7 Copas conquistadas.
  • A Fox pagou pelos direitos de transmissão do próximo campeonato quase cinco vezes mais do que tinha gasto com a última edição.
  • As equipes começam a importar jogadores renomados que poderiam estar atuando em qualquer grande equipe do mundo. Alguns poderão alegar que a tentativa com o futebol já foi feita nas décadas de 70 e 80, lembrando que o Cosmos contratou craques como Pelé, Beckenbauer, Carlos Alberto e Romerito e o esporte não vingou, porém, esquecem que naquela época existia um grande desequilíbrio técnico entre os jogadores “importados” e os nativos. Atenta a essa experiência, a MLS exige hoje que o clube filiado tenha forte investimento na base, pois assim consegue formar jogadores.
Voltando à pergunta do título, não parece ser difícil responder que o grande diferencial do país, nesse caso, é trabalhar o esporte dentro de um planejamento no sentido mais amplo da palavra, de modo que o investimento na base seja condição indispensável e que os processos contemplem a obtenção de resultados contínuos e duradouros.


2 comentários:

  1. É bem por aí, Idel. Lá eles trabalham nas causas, para que as consequências tenham chance de acontecer. Se elas não acontecem, eles analisam se o trabalho desenvolvido foi insuficiente, e caso positivo, ajustam e melhoram para continuar se aprimorando.
    Aqui no Brasil, trabalhamos nas consequencias, e quando elas não ocorrem, ignoramos solenemente que foi porque não soubemos identificar sequer as causas.
    A pergunta que fica é: Temos chance de melhorar?

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    1. Grande Nelson!
      Obrigado pelo comentário.
      Sua síntese foi perfeita.
      Há a necessidade de se elaborar e implementar uma política esportiva que não se sustente apenas com benefícios.
      Se houver a consciência de que o esporte depende de estrutura e não de medidas paliativas, há grandes chances do país se desenvolver, caso contrário, continuará vivendo de "alguns heróis" e de expectativas.
      Abs

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