terça-feira, 21 de outubro de 2014

Liderança é nata, caráter também...


Aproveitando a proximidade das eleições, achei pertinente escrever um texto sobre liderança, o qual, em linhas gerais, pode ser aplicado para instituições esportivas, corporativas e governamentais.
Engana-se quem acha que exercer alguma função de liderança significa ser líder. Essa afirmação ganha ainda mais força quando observamos o elevado número de pessoas que chegam a posições de destaque, mas vivem solitárias, e o mais triste, sem despertar a mais tímida admiração por parte de seus comandados, de seus pares e até da família.
São pessoas mentirosas, que não preservam suas equipes publicamente e, quando confrontados pessoalmente são incapazes de sustentar o que falam por trás. 
O resultado dessa combinação é trágico, pode variar da ridicularização, do isolamento e do desprezo por parte dos que com eles convivem até humilhantes tapas na cara que, obviamente, não são revidados, tamanha a covardia.
Vendem-se por elogios, fazem “amizades” por interesses, “afinam” para seus agressores e guardam rancores que não permitem passar por cima de desavenças e desentendimentos nem em momentos nos quais os “opositores” perdem entes queridos.
“Lealdade”, então, é verbete que falta em seus dicionários, já “falsidade” aparece em todas as páginas.
Citar exemplos de indivíduos com esse perfil seria deselegante, mas tenho certeza de que todos os leitores conhecem ou já conviveram com alguém assim.
Por outro lado, existem pessoas que não precisam efetivamente estar em cargos de liderança para serem seguidas e reconhecidas como tal.
Aqui vale mencionar exemplos públicos, gostem os leitores ou não das pessoas que serão citadas, afinal, o tema do artigo é liderança e não simpatia.


No esporte, penso que o melhor exemplo de liderança nata é a do técnico de voleibol Bernardinho que, desde cedo, tanto como jogador nas divisões de base como em seu círculo de amizades, sempre foi visto como uma pessoa confiável, leal, amiga e diferenciada.
Não é à toa que, mesmo com sua forma exigente e algumas vezes explosiva, é adorado por seus liderados e convidado frequentemente para assumir cargos de liderança seja na vida esportiva ou até na política.

Falando em política, é impossível não trazer exemplos de líderes, independentemente de serem de esquerda ou de direita, que mesmo fora dos holofotes do poder têm seus títulos preservados tamanha a reverência que causavam. O governador Leonel Brizola foi um exemplo disso, valendo recordar nesse texto sua presença no velório de um de seus maiores, se não o maior, desafeto, o Sr. Roberto Marinho, opositor eterno, onde proferiu elegantemente a frase: “Roberto Marinho foi um adversário cortês. É do confronto de ideias que surge a verdade. Embora existissem grandes diferenças entre nós, ele nunca me negou espaço”.
Não cabe aqui concordância ou discordância em relação aos envolvidos no episódio, mas é impossível não reconhecer a demonstração de respeito e aproveitar uma frase do eterno governador que muita relação tem com liderança:”Venho e volto do campo e os bois são os mesmos: não mudam de caráter. Já os homens...”

Na verdade, peço licença ao grande engenheiro para divergir um pouco da frase, pois caráter não se muda, é nato.

Sendo assim, finalizo o texto com uma frase do escritor francês Henri-Marie Beyle, também conhecido como Stendhal:"Pode-se adquirir tudo na sociedade, exceto caráter."



2 comentários: