terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Um café e a conta


Por não ser um especialista em identidade visual, peço desculpas aos profissionais da área por abordar o tema de forma tão superficial.
Falarei aqui sobre o escudo da CBF que, após quase 25 anos, parece que sofrerá alterações, tempo que considero alto em função das constantes mutações e velocidade que o mercado de forma geral vem sofrendo. Mera opinião...
O que pretendo, na verdade, é discutir a mudança que esse símbolo sofreu em 1981, às vésperas da Copa do Mundo, quando foi incluído no escudo, um ramo de café, já que o IBC – Instituto Brasileiro do Café - era patrocinador da seleção.
Se faz necessário abrir um breve parentêsis para citar que muitos países trazem em suas bandeiras, símbolos de ordem religiosa. 
No entanto, por mais que possa haver um cunho de busca pela “divulgação” da crença no desenvolvimento do lábaro, precisaria estudar o histórico das eventuais alterações no design para emitir alguma opinião sobre a existência, ou não, de algum interesse que viesse a desrespeitar a nação e sua população em prol do "marketing da fé".

Mas voltando ao escudo da seleção brasileira, a inclusão do ramo de café foi uma solução encontrada pela CBF para expor a marca do patrocinador no uniforme, já que a determinação da FIFA não permitia que essa aparecesse nos uniformes das seleções.

Vale ainda informar que a inclusão do ramo foi esboçada pelo fornecedor de material esportivo da época, no caso a Topper, e não por algum escritório de design.
Ao meu ver, a iniciativa além de ir contra as normas do órgão máximo do futebol, o que já se constitui numa indisciplina descabida, ainda conferia ao patrocinador uma participação desproporcional na relação entre as partes.
Isso sem falar no perigoso precedente que seria aberto para as próximas negociações com os potenciais patrocinadores, que poderiam pleitear o mesmo espaço para suas marcas. Ou seja, o símbolo de uma instituição passaria a ser visto como uma mera propriedade de marketing, se é que isso pode ser chamado de marketing. 

A bem da verdade, eu jamais daria tal denominação em função de:
  • Não considerar o ambush marketing (marketing de emboscada) como marketing, muito pelo contrário, é um inibidor para as empresas que acreditam e investem diretamente no esporte respeitando o que está previsto nos contratos.
  • Nenhuma ação que venha a desvalorizar ou desrespeitar símbolos de alguma instituição, jamais pode ser tolerada por gestores sérios e preparados.
  • A busca pela exposição superou à pela associação de marcas, ou seja, ao invés de tentar incorporar os atributos e valores da seleção ao café, e vice-versa, importaram-se com a aparição da marca, sendo que nem se deram ao trabalho de perceber que diante de tantos elementos no escudo, o ramo de café se perderia. Um erro conceitual que, passados 25 anos, continua a ser repetido por grande parte dos profissionais que militam no marketing.
Na Copa seguinte, o citado raminho já não estava mais no escudo, assim como o IBC não era mais o patrocinador para pagar a conta...


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