terça-feira, 21 de junho de 2016

Sports Authority - Havia salvação?

Os que acompanham o setor varejista ou mesmo os que costumam viajar para os EUA e gostam de esportes, certamente já ouviram falar ou visitaram alguma loja da Sports Authority, marca que inclusive detém o naming rights do estádio do Denver Broncos, vencedor da última edição do Super Bowl, o de # 50.
Essa rede com mais de 450 lojas em 46 estados e sede no Colorado, teve um processo de crescimento bastante interessante, o qual envolveu aquisições, fusões e trocas de controle acionário. No entanto, o que discutiremos aqui é a situação financeira que levou a empresa a decidir pelo fim de suas operações.
Suas pesadas dívidas, associadas a um desempenho operacional inconsistente nos últimos anos, já faziam com que as previsões dos analistas e as agências de classificação de créditos apontassem para um cenário de grandes dificuldades.
Mas como uma empresa desse porte com faturamento de cerca de U$ 3 bilhões anuais pode chegar a essa situação?
Para responder a essa questão, devemos inicialmente lembrar que outras gigantes do setor de varejo, tais como Sears, Macys, Best Buy e RadioShackjá passaram por circunstâncias parecidas, ou seja, o tamanho da cadeia não necessariamente é garantia de lucratividade e de boa saúde financeira.

Por maior que seja o poder de negociação do varejista, esse deve estar sempre e bastante atento à gestão de compras, de estoque e, sobretudo ao mercado, o que abrange não apenas os movimentos da concorrência, mas também as tendências de comportamento do consumidor.
Sem conhecer com detalhes os números referentes ao balanço patrimonial, pois se trata de uma empresa de capital fechado,  concentraremos nossa análise no mercado de varejo de material esportivo, onde podemos notar que a Sports Authority vinha perdendo participação para a Dick's Sporting Goods (DKS), uma cadeia com modelos de lojas mais amplas, maior sortimento e que propiciam ao cliente uma experiência melhor de consumo.
Além da DKS, o Wal-Mart também vinha sendo outro grande ofensor, assim como o comercio eletrônico, através da Amazon ou de sites especializados como NFL.com e NBA.com
Diante disso tudo, uma segunda pergunta deve surgir: Seria possível sair dessa situação?
Pelo prisma de finanças, creio que as negociações das dívidas deveriam dar o tom do processo, as quais precisariam ser suportadas com o fechamento de um grande número de lojas.
Esse corte no número de pontos de vendas permitiria ao marketing implementar remodelações nas lojas restantes e melhorar a gestão de estoques, iniciativa que muito provavelmente agradaria aos fornecedores, para quem um mercado concentrado em poucos players não é vantajoso, pois lhe diminui o poder nas negociações.
De toda sorte, não há como ter certeza se essas medidas conseguiriam reverter a situação, até porque seria de fundamental importância incluir nesse exercício uma ponderação que, infelizmente, poucos gestores consideram: a reação da concorrência diante das medidas a serem tomadas.
Isso porque, no caso analisado, é sabido que 40% das lojas da Sports Authority estão dentro de um raio de 5 milhas das 600 lojas da DKS, o que permite aos analistas de varejo dos EUA estimar ganhos na ordem de US$ 240 milhões para a DKS sem que seja necessário nenhum investimento adicional em termos de expansão.
Como podemos ver, toda competição é parecida – seja no esporte ou no mercado – sendo fundamental estar sempre bem preparado .







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