terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Quem sabe, sabe?

“Quem sabe, sabe...quem não sabe vai para a Europa estudar”.
A frase acima foi proferida em tom provocativo pelo treinador Renato Gaúcho após conquistar seu 2º título como técnico da Copa Brasil e, como esperado, conseguiu mais uma vez causar polêmica.
Claro que creditar o sucesso ao fato de ter aprendido futebol e daí não precisar mais se atualizar é errado, até porque o técnico não ganha – nem perde – sozinho, e para sua "tese" ser verdadeira seria necessário que ele ou outro técnico com tal perfil vencesse todos os campeonatos que são disputados. 
Contudo, se expurgarmos o lado debochado e bem humorado da afirmação, temos um bom tema para desenvolvimento do artigo.
Em minha opinião, é fundamental que o profissional de qualquer área se mantenha sempre atualizado, pois a evolução da sociedade exige novos conhecimentos e aprimoramentos em relação aos adquiridos no passado.
Mas como se atualizar?
No caso de técnicos, fico pouco à vontade para avaliar as opções disponíveis, porém, me permitirei fazer uma analogia com o mercado corporativo e “palpitar” sobre o tema, deixando claro que em gestão - o que inclui capacitação de profissionais - não existem verdades absolutas.
Penso que mais importante do que fazer uma reciclagem, é saber primeiramente quais os objetivos dessa iniciativa, o que se pretende alcançar e o tempo disponível para dedicação. Diante dessas respostas, aí sim, se deve buscar onde – e como – satisfazer os anseios definidos. 
Nessa fase, o trabalho de pesquisa deve ser muito minucioso, pois tem havido uma proliferação exagerada de cursos de especialização e de “MBA’s”, muitos deles com qualidade duvidosa e sem corresponder às expectativas dos alunos.
Não obstante à frustração dos “alunos”, devemos reconhecer que, de fato, é muito difícil organizar um curso onde não há uma uniformidade de conhecimento entre os participantes, isso sem falar na fragilidade do corpo docente.
Diante desse quadro, creio que, no caso de reciclagem, o ideal seja um modelo de curso, cuja atividade principal consista no estudo de cases, onde alguma situação seja discutida sob todos os prismas concernentes à gestão pelos alunos, coordenados por um por um bom orientador/professor. A ideia aqui não é encontrar a melhor solução, mas refletir sobre todas as visões e sugestões que serão dadas a respeito, de modo que o aluno passe, naturalmente, a ter mais referências para serem adaptadas às situações reais com que se defrontará no futuro.
No caso do esporte, esse estudo de cases poderia ser adaptado às observações dos jogos, focando e discutindo lances com outros técnicos da modalidade. Reitero aqui que, assim como em gestão, no esporte não existem verdades absolutas quando se trata de táticas e estratégicas, por essa razão o esgotamento das discussões sobre o assunto é salutar.
Como podemos ver, a frase do Renato Gaúcho, a quem sou muito grato pelo gol de barriga, está longe de ser correta, mas serve ao menos para questionar as formas de reciclagem que se proliferam, grande parte delas com um cunho basicamente comercial, e que pouco agrega a quem procura.



2 comentários:

  1. Idel gostaria que você comentasse o caso de gestão do Internacional, que com orçamento de 100 milhões de euros em 2016 , estádio maravilhoso e gastando 50 milhões de reais em contratações, conseguiu a proeza de ser rebaixado em um Brasileirão que conta com pelo menos 8 times horrorosos ou sem estrutura! E também o anti marketing quando a diretoria fala bobagem e "queima o filme" de uma torcida que é composta por pessoas esportistas e do bem, como alias, a direção do seu Flu já fez algumas vezes.

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    1. Caro Antenor
      Obrigado pelo comentário.
      Difícil opinar sobre o ocorrido sem estar acompanhando o cotidiano do Inter.
      Pelo que leio, tendo a achar que os dirigentes, o que não é exclusividade do Inter, acabaram colocando a paixão à frente da razão e, pressionados pelos resultados e pelas cobranças, abriram mão do planejamento e tentaram soluções de curto prazo.
      As constantes trocas de técnico exemplificam bem isso.
      É muito difícil, seja no esporte ou em empresas, conseguir bons resultados imediatamente após as efetivas mudanças.
      Em relação a "queimar o filme", credito também ao desespero da situação, que leva as pessoas a falarem sem pensar nas consequências.
      Abraços

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