terça-feira, 29 de agosto de 2017

A nobre arte do marketing



Muito já foi escrito a respeito das cifras milionários envolvidas no confronto entre o multicampeão de boxe Floyd Mayweather Jr. e o lutador de MMA Conor Mc Gregor.
Diante dessa saturação, nos resta explorar aqui alguns pontos do acontecimento sob o prisma de marketing, de modo que possamos refletir sobre as nuances que o envolveram e até eventuais paradigmas que certamente foram abalados, se não derrubados.
Antes de passarmos a eles, vale trazer que o boxe vem perdendo muito de sua atratividade ao longo do tempo, o que pode ser explicado pela carência de grandes ídolos, pelo crescimento da concorrência – outras modalidades esportivas – e, provavelmente, pela falta de uma gestão com um foco mais mercadológico. Ao mesmo tempo, o MMA, modalidade bem mais nova, começa a não despertar o mesmo interesse de outrora, o que é perfeitamente normal quando aplicamos o conceito de ciclo de vida do produto, sobre o qual escrevi no artigo http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2011/06/ciclo-de-vida.html
Identificado o cenário, era necessário fazer algo para tentar recuperar a nobre arte e estender o período de maturidade do MMA antes que esse entrasse numa curva de declínio irreversível.
Aqui chegamos às ações que quero destacar por entender que ajudam a aplicar os conceitos de marketing e, como escrito acima, questionar alguns paradigmas.
Renovação – por mais paradoxal que possa parecer o fato de considerar “renovação” um evento que teve como participantes um lutador aposentado contra outro já bastante conhecido, a renovação realmente ocorreu em termos conceituais, pois colocaram frente a frente dois dos maiores ícones de suas respectivas modalidades com regras que tentaram dar equidade ao combate, conseguindo assim encontrar um novo posicionamento de rivalidade.
Promoção – a simples marcação da contenda não seria suficiente para despertar a atratividade objetivada, ainda mais que nenhum título seria colocado em jogo. Era fundamental que houvesse divulgação e que se promovesse uma atmosfera de rivalidade entre ambos, de forma que até os que não conhecessem os lutadores pudessem fazer seus prognósticos e mesmo os que acompanham as modalidades tivessem alguma dúvida em apontar o vencedor. Na verdade, só uma situação extraordinária seria capaz de causar a derrota de Mayweather, mas ainda assim muitos ficaram inseguros em cravar um vencedor.
Podemos também ressaltar que, ao contrário do que muitos apregoam, promoção não é sinônimo de redução de preço. Nesse acaso houve até uma majoração dos preços usualmente praticados.
União com concorrentes – não resta dúvida que a concorrência costuma ser uma ameaça para qualquer produto ou marca, no entanto, essa condição não pode vir a ser considerada uma verdade absoluta e nem que não haja nenhum tipo de condescendência a ela.
O combate May-Mac nos provou isso, pois uniu duas modalidades que concorrem por público, patrocínio e espaço na mídia em prol de um objetivo comum: a recuperação de ambas as modalidades.
Exemplos desse tipo de “união" não faltam, o shopping center é um deles, pois ofertam no mesmo ambiente diversas opções de consumo, mas nem por isso afastam as marcas de lá se instalarem. 
Outra situação que ilustra o benefício da união sucede quando os concorrentes se juntam para ações que visam o aculturamento de algum produto, até então, pouco conhecido por parte significativa da população. Nesse tipo de iniciativa as marcas desenvolvem campanhas que exaltam o produto/serviço que todas oferecem, porém, sem fazerem referência a nenhuma das empresas envolvidas.
Como podemos constatar, maior do que a lição de boxe imposta por Floyd Mayweather foi a lição de como o marketing pode ser aplicado em qualquer atividade econômica, bastando para isso estar atento ao mercado e não se ater a paradigmas.







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