terça-feira, 12 de março de 2019

Salário ou resultado?

No passado escrevi aqui um artigo que falava sobre o quarterback do New England Patriots, Tom Brady, o texto abordava a dificuldade de se recrutar profissionais, citando que o então calouro foi apenas o 199º a ser escolhido no draft de 2000 - http://halfen-mktsport.blogspot.com/2017/06/a-vida-e-feita-de-escolhas.html.
Na linha de trazer exemplos do esporte para analisar o mercado corporativo, usarei novamente este atleta como exemplo para discorrer sobre remuneração.
Inicialmente é importante entender que a montagem de um time na NFL (National Football League) -  e em outras ligas norte-americanas -  está limitada a uma série de fatores que têm como objetivo promover o equilíbrio da competição. Entre estes está a prioridade concedida às equipes com piores resultados na escolha dos atletas universitários e o teto salarial que estabelece o quanto a franquia poderá despender com salários.
Aqui chegamos ao case de Brady que ao longo do seu tempo de contrato tem diminuído o seu salário, de forma que a franquia possa ter mais verba disponível para a contratação de jogadores que reforcem a equipe. Talvez isso explique a supremacia da equipe por tanto tempo – são seis títulos em 17 anos e participação em todas as finais desde 2009 – devendo também ser salientada a competência do head coach da equipe como um dos fatores de sucesso.
Reparem que a maior estrela da equipe consegue ter uma visão muito maior do coletivo do que do individual, abrindo mão de eventuais ciúmes de ver outros jogadores com menos reconhecimento ganhando salários maiores, tanto dentro de sua equipe como nos adversários. Claro que há um bônus em função do desempenho e resultados que compensam essa perda, porém não são ganhos garantidos.
Quantos líderes corporativos aceitariam ter salários menores para que a empresa contrate mais  executivos de excelente nível e dessa forma tenha performances operacionais melhores, as quais poderiam redundar em bônus maiores.
É certo que algumas empresas já praticam modelos similares de remuneração, entretanto, essa é uma ação da própria corporação. O que foco aqui é a iniciativa do profissional em pensar no todo, no futuro. 
Até porque tal decisão o leva a abrir mão de ganhos que talvez jamais possam ser conquistados futuramente. Isso sem falar que, perante a eventuais convites de outras empresas, o salário que servirá de referência em uma negociação será o que estiver recebendo, embora isso não seja de resolução tão complexa. 
Apesar de se mostrar coerente e com boas chances de sucesso, a adoção dessa iniciativa não pode ser vista como regra, visto que, dependendo do mercado e da própria empresa, a contratação de novos executivos pode não ser um fator tão decisivo, além do que, não há no mercado corporativo um limite de folha salarial imposto por “agentes reguladores”.
Ainda assim, a reflexão sobre esse tema se faz pertinente, na medida em que muitas empresas entendem que uma troca de líderes é o suficiente para a obtenção de bons resultados. Pode até ser que em algumas ocasiões seja, porém, é fundamental que o líder contratado avalie se sua equipe precisará de "reforços" e se a vinda desses demandará recursos que para serem obtidos implicarão em ajustes de despesas, os quais podem compreender  “cortes na própria pele”.





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