terça-feira, 28 de maio de 2019

Os rumos da carreira


Quem nunca pensou em algum momento da vida abdicar do trabalho que exerce para dedicar seu tempo e energia em alguma atividade que lhe pareça, pelo menos naquele momento, mais prazerosa?
O pouco tempo dedicado à família e ao lazer, as relações conflituosas com chefes e demais colegas, os prazos aparentemente impossíveis de serem cumpridos e as cobranças cada vez maiores por resultados são algumas das reflexões que chegam à mente. Nesse balanço surgem como fatores “equilibradores” a remuneração - que mesmo que cause alguma insatisfação é certa e permite o cumprimento dos compromissos - e a insegurança em relação ao futuro sem aquele emprego.
Dilema interessante que, dependendo do momento, tende para alguns dos lados, mas que na maioria das vezes deixa o profissional inerte.
Muito provavelmente quem chegou a esse ponto do artigo deve estar pensado em sua carreira e que essas reflexões não aconteceriam se fosse um atleta profissional bem remunerado, por exemplo, já que estaria fazendo o que gosta.
Para confrontar esta suposta ilusão temos o caso do norte-americano Chase Budinger, ex-jogador da NBA, onde defendeu equipes Houston Rockets, Minnesota Timberwolves, Indiana Pacers e Phoenix Suns, além de ter jogado no basquete espanhol, que com 28 anos de idade resolveu largar as quadras pelo voleibol de praia e hoje disputa o circuito mundial almejando uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2020.
Budinger abriu mão de uma significativa remuneração e fama, mas continuou no esporte praticando uma atividade onde o estilo de vida lhe parece mais agradável e as contusões são menos frequentes, ainda que as rotinas de treinos sejam rígidas. Torna-se importante acrescentar que na adolescência o norte-americano praticava as duas modalidades, porém as conjunturas da época – no caso a possibilidade de cursar uma universidade – o direcionou para o esporte da bola laranja.
Algo que também se aplica na vida corporativa, na qual as oportunidades muitas vezes direcionam o profissional para algo que não possua a necessária convicção.
Vale também esclarecer – ou lembrar – que é possível gostar do seu próprio trabalho, no entanto não se pode ter a expectativa de que tudo seja as mil maravilhas em 100% do tempo. Na prática, o que costuma ocorrer é que os momentos de insatisfação são interpretados como maioria e os de satisfação ignorados, quando, na verdade, a proporção é certamente diferente, ainda que os ruins possam eventualmente ser maiores em algum período.
Em minha opinião, a decisão quanto aos rumos da carreira está muito mais relacionada à personalidade do decisor do que propriamente a uma análise criteriosa do mercado, até porque é muito difícil ter isenção quando sentimentos e anseios se fazem presentes de forma tão expressiva.
Para concluir, uma frase do chinês Confúcio se faz oportuna neste tema: “escolha um trabalho que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”.



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