terça-feira, 24 de setembro de 2019

Pontualidade e moralidade

“Não espere moralidade de quem não tem pontualidade”.
A frase que inicia o artigo tem como autor o Marquês de Maricá e, apesar de assertiva em muitos casos, deve ser questionada em função do seu aspecto generalista, mesmo porque, em minha opinião, a falta de pontualidade pode ter duas origens:
- falta de planejamento, que nada tem a ver com moralidade e se deriva de uma má gestão do tempo. Essa causa, felizmente, é mais fácil de ser corrigida, pois a sequencia de atrasos e respectivos  problemas tendem a fazer com que se tenha uma melhor noção do tempo que se despende para cada ação e, consequentemente, melhores estimativas acerca de prazos. 
- falta de respeito, essa sim guarda forte relação com a moralidade, pois está ligada ao egocentrismo e à educação recebida. Tais pessoas parecem acreditar que o seu tempo é mais importante do que os dos outros e, sendo assim, pouco importa se os demais inverteram suas prioridades para cumprirem o combinado.
Após essa análise das causas surge um questionamento a respeito: como identificar cada uma delas? 
Geralmente os que têm problemas relacionados à gestão de tempo avisam imediatamente quando percebem que não conseguirão cumprir o prazo, valendo salientar que ligações e mensagens não atenuam o transtorno. Além disso, essas pessoas não deixam de cumprir tudo que se é estabelecido, exceto o tempo, insisto.
Já os desprovidos de moral deixam para comunicar os imprevistos às vésperas, usualmente com a célebre frase “os dias estão corridos”, isso quando dão alguma satisfação. Outra característica dessa espécie de pessoa é cumprir apenas o que lhe é conveniente.
Em vista disso defendo que nos casos em que a causa é moral, o melhor que a organização pode fazer é desligar o colaborador ou, caso se opte pela benevolência, não lhe dedicar  posições que demandem maiores responsabilidades, isto porque o colaborador com esse desvio certamente traz prejuízos à imagem da organização.
Outra consequência gravíssima que este tipo de profissional impinge às corporações diz respeito ao clima organizacional, tanto no que tange ao péssimo exemplo, que pode contaminar os mais jovens, como através da real possibilidade de se incorporar o atraso à cultura da empresa, pois, caso esse não seja coibido, os demais colaboradores não se importarão com pontualidade e acordos, tornando a corporação lenta e sem disciplina.
Sendo a velocidade um importante diferencial competitivo, qualquer atraso pode ser crucial na disputa pelo mercado. 
Claro que imprevistos acontecem, por isso a referência aqui considera a recorrência de eventos, afinal de contas, na maioria das vezes há espaço para se debater antes de se comprometer com algo e, em caso de algo improvável de se cumprir resta a possibilidade de se negociar ou deixar previamente registradas  as dificuldades.
Ter uma conduta digna é vital para a credibilidade de qualquer profissional, sendo que o cumprimento de compromissos e horários é um dos fatores que compõem o conceito “dignidade”.
É importante que se diga que o respeito ao que se é acordado se aplica não apenas na vida profissional, mas também na pessoal.








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