terça-feira, 24 de março de 2020

Pandemia de projeções

A pandemia que está assombrando o mundo tem nos levado a buscar notícias nos mais diversos veículos de comunicação, sejam esses nacionais ou internacionais. Além destes, as redes sociais repercutem esses mesmos veículos, aumentando suas coberturas e frequências, isso sem contar a disseminação de notícias falsas que chegam de fontes não checadas.
Nessa sequencia surgem também os “especialistas” discorrendo sobre epidemia, estatísticas e fazendo projeções acerca da evolução do Covid-19.
Para chegar às conclusões que propagam, partem dos números de casos e de vítimas letais em alguns países que sofrem há mais tempo com o problema e daí elaboram “curvas” para projetar o comportamento da evolução em outras nações. Aqui no Brasil, por exemplo, as previsões não são nada boas, fato que por um lado é até bom, pois consegue fazer com que a população respeite as orientações preconizadas pelo estado, porém, por outro, causa um pânico generalizado que acaba afetando negativamente o grau de confiança das pessoas.
Não quero dizer com isso que os números estimados não irão se realizar, pode até ser que sim, contudo, as razões do acerto estarão muito mais ligadas à sorte do que aos aspectos estatísticos.
É bom que se ressalte que o exercício de parametrização em relação a outros países é um método interessante para projeções, desde que seja  alimentado por dados fidedignos.
No mercado corporativo, a busca por informações precisas é uma meta constante, já que qualquer erro é capaz de afetar áreas nevrálgicas de uma corporação, tais como compras, produção e comercial, entre outras.
Voltando à pandemia, é factível supor que os registros dos casos não estão muito corretos, outrossim, para se parametrizar corretamente haveria a necessidade de uniformização dos critérios adotados nos demais países, o que não vem ocorrendo.
Todos esses problemas já distorceriam o cenário traçado, mas ainda que relevássemos tais falhas teríamos o problema da fragilidade dos modelos que, ao contemplarem poucas variáveis ficam ainda mais sensíveis aos erros. Fora isso desconsideraram dados que seriam de fundamental importância, tais como densidade demográfica das regiões, o percentual de pessoas infectadas assintomáticas e outras que deixariam as projeções mais assertivas e, também dispendiosas obviamente.
Diante do que temos visto, não resta dúvida de que as projeções  carecem de embasamento, fato que parece pouco importar para os que buscam “espaço” nas redes.
E assim a ciranda não para: as “projeções” sobre as vítimas levam a projeções sobre cenários econômicos, evidentemente sombrios, que levam a projeções sobre o tempo de recuperação e por aí vai.
Não conseguem entender que uma premissa e/ou um número mal coletado/analisado tem o poder de contaminar toda uma sociedade, tal qual um vírus.

Vamos superar! Vai passar!





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