Raras, mas não impossíveis, as chamadas “viradas” no esporte – situação na qual uma equipe começa perdendo e depois se torna vencedora – costuma causar grande repercussão. Grandes sucessos culturais se aproveitam desse tipo de enredo para mostrar o poder de reação de alguns personagens em filmes, livros e demais tramas.
O mundo corporativo, ainda que não tão exposto na mídia, também nos fornece inúmeras situações de “viradas”, as quais vão desde alterações na liderança de mercado até mudanças em termos hierárquicos – subordinados assumindo chefias e vice-versa.
Aliás, o que inspira o artigo é o episódio da OpenAI, cujo CEO Sam Altman foi demitido pelo Conselho de Administração através de um comunicado em que dizia, entre outras coisas, que ele não era sincero de forma consistente. Uma mensagem, no mínimo deselegante, principalmente por ser um objeto público, onde o abuso de adjetivos nocivos tem forte poder destruidor, fora o risco processual.
Após o desligamento, o executivo, além de ter recebido o convite para tocar a área de Inteligência Artificial na Microsoft, se deparou com inúmeras manifestações de apoio, inclusive com a de funcionários que ameaçaram se demitir caso ele não reassumisse o cargo e que todo o Conselho de Administração fosse dissolvido. Cumpre informar que a Microsoft se dispôs a contratar todos os colaboradores insatisfeitos com demissão.
Diante dos fatos, a OpenAI decidiu rever a decisão readmitindo Altman e desligando a maior parte do Conselho.
A discussão sobre a vontade dos colaboradores nos fornece um tema bem interessante sob a ótica de discutir a democracia. Será que a escolha do líder pode ser considerada um direito do colaborador. Penso que não, visto haver muitos fatores estratégicos envolvidos na escolha do líder, embora haja também na escolha dos governantes. São coisas diferentes, evidentemente, mas vale a reflexão.
Também não darei nesse texto a devida atenção às supostas razões do desligamento, prefiro focar na atenção que deve ser dedicada ao “amanhã”. No caso narrado, o Conselho, numa posição evidentemente mais forte, optou por desligar o CEO, o que está de acordo com as práticas de governança corporativa, todavia, a forma indelicada e, provavelmente injusta, foi capaz de mobilizar vários stakeholders a ponto de a situação ter sido revertida.
Não custa lembrar que o fundador da Apple, Steve Jobs, chegou a ser demitido da empresa e voltou anos depois.
Voltando a Sam Altman, só o tempo dirá como será sua postura em relação aos detratores. Se vingar é, sem dúvida, uma possibilidade, contrapondo essa hipótese ao fato de que não se faz gestão com o “fígado”, ou seja, não há espaço para a raiva quando se administra algo, inclusive a própria vida. Por outro lado, é sabido que a melhor forma de conhecermos as pessoas é quando nos encontramos em situação adversa, na qual os desprovidos de caráter e providos de um suposto poder, tramam, somem, ignoram e rechaçam qualquer possibilidade de aproximação. Cabe a todos que conseguem dar a “virada” decidir se vale a pena ter pessoas com esse perfil no seu círculo.
Opino que não, pois a capacidade profissional não se avalia apenas pelos hard skills (competências adquiridas ao longo da carreira e nos bancos escolares), mas também pelos soft skills (mais ligados aos traços de personalidade).
O mundo corporativo, ainda que não tão exposto na mídia, também nos fornece inúmeras situações de “viradas”, as quais vão desde alterações na liderança de mercado até mudanças em termos hierárquicos – subordinados assumindo chefias e vice-versa.
Aliás, o que inspira o artigo é o episódio da OpenAI, cujo CEO Sam Altman foi demitido pelo Conselho de Administração através de um comunicado em que dizia, entre outras coisas, que ele não era sincero de forma consistente. Uma mensagem, no mínimo deselegante, principalmente por ser um objeto público, onde o abuso de adjetivos nocivos tem forte poder destruidor, fora o risco processual.
Após o desligamento, o executivo, além de ter recebido o convite para tocar a área de Inteligência Artificial na Microsoft, se deparou com inúmeras manifestações de apoio, inclusive com a de funcionários que ameaçaram se demitir caso ele não reassumisse o cargo e que todo o Conselho de Administração fosse dissolvido. Cumpre informar que a Microsoft se dispôs a contratar todos os colaboradores insatisfeitos com demissão.
Diante dos fatos, a OpenAI decidiu rever a decisão readmitindo Altman e desligando a maior parte do Conselho.
A discussão sobre a vontade dos colaboradores nos fornece um tema bem interessante sob a ótica de discutir a democracia. Será que a escolha do líder pode ser considerada um direito do colaborador. Penso que não, visto haver muitos fatores estratégicos envolvidos na escolha do líder, embora haja também na escolha dos governantes. São coisas diferentes, evidentemente, mas vale a reflexão.
Também não darei nesse texto a devida atenção às supostas razões do desligamento, prefiro focar na atenção que deve ser dedicada ao “amanhã”. No caso narrado, o Conselho, numa posição evidentemente mais forte, optou por desligar o CEO, o que está de acordo com as práticas de governança corporativa, todavia, a forma indelicada e, provavelmente injusta, foi capaz de mobilizar vários stakeholders a ponto de a situação ter sido revertida.
Não custa lembrar que o fundador da Apple, Steve Jobs, chegou a ser demitido da empresa e voltou anos depois.
Voltando a Sam Altman, só o tempo dirá como será sua postura em relação aos detratores. Se vingar é, sem dúvida, uma possibilidade, contrapondo essa hipótese ao fato de que não se faz gestão com o “fígado”, ou seja, não há espaço para a raiva quando se administra algo, inclusive a própria vida. Por outro lado, é sabido que a melhor forma de conhecermos as pessoas é quando nos encontramos em situação adversa, na qual os desprovidos de caráter e providos de um suposto poder, tramam, somem, ignoram e rechaçam qualquer possibilidade de aproximação. Cabe a todos que conseguem dar a “virada” decidir se vale a pena ter pessoas com esse perfil no seu círculo.
Opino que não, pois a capacidade profissional não se avalia apenas pelos hard skills (competências adquiridas ao longo da carreira e nos bancos escolares), mas também pelos soft skills (mais ligados aos traços de personalidade).