Nem o mais otimista, nem o maior visionário, talvez nem o maior sonhador pudessem acreditar que uma corrida com a participação de 48 atletas em 1925 viesse a se tornar a prova de corrida de rua mais famosa do América do Sul.
Escrever sobre alguns vencedores não me parece muito adequado à proposta do blog, porém vale registrar que já participaram dessa prova atletas como o tcheco Emil Zatopek (detentor de três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Helsinque – 5 mil, 10 mil e maratona), o queniano Paul Tergat (cinco vezes campeão mundial de cross country), o norte-americano Frank Shorter (vencedor da maratona nos Jogos de Munique 1972) e a portuguesa Rosa Mota (vencedora das principais maratonas do Mundo, entre as quais a dos Jogos de Seul).
Mas vamos ao marketing.
Como já foi abordado anteriormente, um dos maiores desafios de uma gestão de marketing é a de desenvolver e gerenciar produtos e a São Silvestre parece ser um bom exemplo disso.
É importante também deixar registrado que muitas das iniciativas para o atingimento desse objetivo acontecem de forma instintiva, o que não significa que estudos e estratégias possam ser desprezados, pois esses são os responsáveis pela consolidação e eventuais correções de rumo.
Feitas as devidas considerações, constatamos que o grande atrativo da São Silvestre nas primeiras edições era a oportunidade de disputar uma prova com relativo destaque na mídia e que poucos se aventuravam a fazer, até porque a modalidade não era tão desenvolvida no passado.
Posteriormente a prova passou a ser um “símbolo” de superação, mesmo que as distâncias não fossem tão desafiadoras assim.
Ter no “currículo da vida”, a participação no evento também contribuiu para a valorização da prova.
Todo esse processo foi intercalado por ações que, propositais ou não, deixaram o “produto” mais atrativo ao público, como foi o caso da participação de mulheres em 1975, a prova passar a se intitular como internacional, a vinda de corredores consagrados, as alterações nos horários, as adequações às determinações da IAAF (International Association of Athletics Federations), a padronização da distância em 15km e a mudança do percurso.
Vale ser registrada, a criação da “São Silvestrinha”, adaptada ao público infantil que, além de aproximar a criança à modalidade, contribuindo para a vertente “iniciação”, consegue também revelar atletas.
Notem que quando nos referimos à maior atratividade, não focamos apenas o maior interesse das pessoas em participar do evento, o que por si só, já permite uma boa receita advinda das inscrições, as quais, talvez, tenham espaço até para serem majoradas tamanha a demanda.
Devem ainda ser incluídas como consequências da maior atratividade, as receitas com os direitos de transmissão da prova, patrocínios e até produtos licenciados.
Sobre patrocínios, vale observar que não há a exposição de nenhum deles no site da prova, enquanto que as principais provas de corridas do mundo já comercializam até o sponsor title, tais como TCS New York City Marathon, Bank of America Chicago Marathon, BMW Berlin Marathon e Virgin London Marathon.
Não sabemos até que ponto, a comercialização do title sponsor teria demanda no Brasil, visto que alguns veículos têm por norma ocultar o nome dos detentores dessas propriedades, porém seria oportuno lembrar que receitas maiores propiciam a possibilidade de se pagar melhores prêmios, os quais por sua vez atraem mais corredores consagrados, o que, consequentemente, aumenta a audiência do evento.
Feliz Ano Novo!