A criação da Liga Sul-Minas-Rio - que pode ser um grito de libertação para os clubes brasileiros - tem mexido com a estrutura do futebol brasileiro e com a vaidade de alguns dirigentes que, para tentarem marcar suas posições, apelam para ações bem curiosas.
Uma delas, promovida pela Federação do Rio de Janeiro, estabelece que os times que não jogarem o campeonato do estado com suas equipes principais receberão um percentual menor das cotas de transmissão.
Uma delas, promovida pela Federação do Rio de Janeiro, estabelece que os times que não jogarem o campeonato do estado com suas equipes principais receberão um percentual menor das cotas de transmissão.
Mas o que seria a “equipe principal”? Teria a Federação o poder de escalar o time de um clube sem acompanhar treinamentos, sem conhecer o estado físico dos jogadores, sem saber das condições clínicas, sem ter noção da estratégia comercial do clube quanto à negociação de seus atletas, ou mesmo de problemas disciplinares?
Penso que não! Seria como alguém de fora julgar que os executivos da Federação sejam, ou não, os melhores que transitam no meio esportivo do Rio de Janeiro.
Como podemos ver, a discussão sobre “equipe principal” agrega tal grau de subjetividade que chega às raias do ridículo insistir na discussão, melhor passar para os argumentos que “justificam” essa exigência.
Segundo os “defensores” dessa medida, a audiência dos jogos é influenciada pela presença dos jogadores que estarão em campo. Perfeito!
Apesar de achar que outras variáveis - tais como preço do ingresso, horário do jogo, clima, momento do time, importância da partida e até a credibilidade do organizador – influenciam muito mais a demanda pelo espetáculo, vou encampar a tese e defender que um menor número de estrelas diminui a audiência, e assim aceitar que o clube com menos estrelas receba um percentual mais baixo.
Contudo, não podemos ficar alheios de que, por uma questão de coerência, a recíproca deveria ser verdadeira, isto é, o clube que investe mais na contratação de craques, mesmo que esses não rendam esportivamente, deveria receber mais.
Chego a viajar na hipótese de um clube contratar veteranos, todos com passagens vitoriosas no futebol, só para aumentar o percentual de recebimento das cotas de TV.
E o aspecto técnico? Certamente essa é uma das perguntas que o leitor deve querer fazer.
Esqueçam, para a Federação o importante é ter jogadores consagrados, cenário que certamente irá prejudicar o processo de renovação do futebol brasileiros e deixará a base dos clubes como um mero celeiro para os times estrangeiros.
As consequencias dessa política chegam na forma de goleadas acachapantes.
As consequencias dessa política chegam na forma de goleadas acachapantes.
Evidentemente que a Federação do Estado do Rio de Janeiro não concederá tal reciprocidade, o que faz muito bem, caso fizesse estaria errando duas vezes, na diminuição e no aumento da cota por motivos fúteis.
Na verdade, tais tipos de deliberações só servem para mostrar que a visão de alguns dirigentes continua a convergir para os interesses individuais, os quais não alcançam que o esporte deve ser gerido com foco na lucratividade e na melhoria do desempenho esportivo, tanto no curto, como, principalmente, no médio e no longo prazo.
Há que se entender que os resultados dos clubes, sejam financeiros como esportivos, são reflexos meramente da gestão.
Portanto, de nada adianta impor medidas para benefícios dos aliados, pois essas, sem uma gestão responsável e eficaz, serão inócuas em relação aos balanços patrimoniais e ao desempenho do clube nos campeonatos fora da alçada “protetora”.