terça-feira, 27 de julho de 2021

Rei morto, rei posto?

 
Este texto certamente não é o primeiro em que se busca fazer analogias da vida corporativa com o esporte e, consequentemente, com a vida de forma geral.
Nesta linha, o tema versará sobre um assunto que costuma, pelo menos em um primeiro momento, incomodar àqueles que perdem alguma posição de liderança e/ou prestígio. 
Executivos que hoje são responsáveis por decisões importantes e, devido a essa condição, “bajulados” e procurados constantemente, podem no futuro perderem esse status. A partir daí se depararão com um menor número de contatos, seja de colegas, fornecedores e até de jornalistas que os tinham como fonte. Fato perfeitamente normal, já que todas estas pessoas continuam a ter uma infinidade de atribuições, as quais precisam ser priorizadas. 
O que não vem a ser razoável, é a maior dificuldade de se falar com estas pessoas que outrora eram bastante disponíveis e, por que não dizer, até chatas de no que tange à frequência com que mantinham contatos.
Com o atleta, o processo é bem parecido, ainda que a idolatria permita um período maior de “respeito” pós-aposentadoria, porém, este irá se perder na medida em que as novas gerações ganhem espaço.
No caso do esporte, a situação é até mais fácil de compreender, afinal faz parte do ciclo de vida, que leva à substituição de fãs e até de jornalistas. O problema aqui se dá quando o atleta ainda está em atividade, mas, por variadas questões, tem o desempenho comprometido.
Responsabilizar as pessoas que os desprezam é uma atitude pouco madura, visto que o erro é exclusivamente do “desprezado” que, nos momentos de “glórias”, não soube avaliar quem era quem, embora devamos admitir que identificar um “puxa-saco” quando se está sendo bajulado não é tarefa das mais fáceis. 
A boa notícia é que tais erros são corrigíveis e numa próxima ocasião – elas sempre aparecem de alguma forma -, o ex-bajulador já terá sido mapeado e o bajulado estará mais consciente quanto ao fato de que seu sobrenome corporativo vale nesse meio muito mais do que seu verdadeiro sobrenome. Sim, o Fulano da empresa X é mais importante do que o Fulano de Tal, ainda que sejam as mesmas pessoas.
Já os “ex-bajuladores”, esses são incorrigíveis, trata-se de uma questão de caráter, restando a eles a opção de torcer para que os “desprezados” não venham novamente a ter algum tipo de relação com ele ou que não tenham uma memória muito boa. Caso essas condições não sejam satisfeitas, precisarão se reinventar para adquirirem algum tipo de respeito. 




terça-feira, 20 de julho de 2021

Esqueceram os atletas

 

Ao analisarmos a política de patrocínios de algumas marcas ligadas ao esporte iremos constatar a presença de “pessoas” com pouca ou nenhuma relação com o segmento esportivo. No meio são chamados de “influenciadores” que, como o próprio nome já diz, têm a suposta capacidade de interferir no fortalecimento da marca e até no consumo dela.
Um quadro bastante diferente do que se via no passado, quando os atletas eram os ativos desejados por estas marcas, que apostavam no endosso diferenciado por parte destes e no lado “aspiracional” dos praticantes/espectadores do esporte para atingir seus objetivos mercadológicos. Um racional coerente que vinha dando resultado, até que as redes sociais ganharam um espaço significativo na vida das pessoas, fizeram com que a busca por “seguidores” ganhasse uma importância muito grande e novos públicos passassem a ser contemplados como alvos. Diante dessa conjuntura, as marcas passaram a ir atrás dos “influenciadores”, independentemente se eles representam fielmente o posicionamento institucional objetivado.
Mesmo ciente dessa possibilidade de diversificação de “público”, não se pode descartar a variável “modismo”, responsável, inclusive, pelo movimento de alguns clubes de futebol que trouxeram “influenciadores” para integrarem seus times, entre os quais estão o São Bento de Sorocaba que contratou um youtuber e o Resende que incorporou uma subcelebridade advinda de reality show. Lembrando aqui que fora do meio esportivo, a situação também acontece, vide a contratação da cantora Anitta como head de criação e inovação da Skol Beats, posição que não exerce da mesma forma que os demais executivos que ocupam posições correlatas.
Voltando ao esporte, é possível perceber que entre os atletas essa prática não é muito bem vista, o que se deve, provavelmente, ao consolidado conceito de meritocracia incutido neste ramo de atividade, o qual correlaciona o desempenho à recompensa e de que a performance esportiva deve ser prioridade neste ambiente.
Contudo, negar a eficácia desta estratégia no momento atual é um risco muito grande para qualquer marca assumir, visto que em certas situações é mais seguro “copiar a concorrência”, pois, ainda que não seja a melhor iniciativa, pelo menos pode ser justificada ao se citar as “companhias” que também a adotam.
Por outro lado, também não é possível afirmar que se trata de uma solução inquestionável, visto não parecer razoável equiparar em termos de importância indicadores como “seguidores” e “engajamento” com os de receitas, market share e lucratividade, isso sem falar no branding.
Por fim, deve ser salientado que iniciativas onde se privilegiou outros fatores além dos estritamente técnicos não são inéditas no futebol, ilustra essa condição o Parma da Itália, que em 2001 contratou o maior ídolo japonês na época - Hidetoshi Nakata – por 30 milhões de euros, e teve como retorno: a atenção da população japonesa sobre o time, a atração de patrocinadores internacionais com interesse no Japão e fez com que a cidade de Parma se tornasse o 2º destino italiano mais visitado pelos japoneses. Isso permite concluir que o vultoso investimento em um “influenciador” redundou em aumento de receitas oriundas de pessoas que não necessariamente eram fãs do esporte, porém, não podemos jamais esquecer que se tratava, antes de qualquer coisa, de um esportista.





terça-feira, 13 de julho de 2021

Great place to work

 
Embora o blog tenha como linha evitar o uso exagerado de palavras em inglês, optamos por não traduzir o título pelo fato de o mesmo ser o nome de um programa de certificação adotado em mais de 50 países para avaliar as empresas sob a ótica dos seus colaboradores.
Nessa avaliação os funcionários são solicitados a dar notas para cinco macro atributos : Credibilidade, Respeito, Imparcialidade, Orgulho e Camaradagem, além de avaliar as políticas relativas à autonomia dos colaboradores, benefícios, salários, abertura para inovação e oportunidade de crescimento. Uma avaliação superior a 70 pontos concede à empresa o selo Great Place to Work.
Ainda que o mercado esteja com uma oferta de candidatos maior do que a de vagas, é sempre importante ter conhecimento sobre a empresa que disponibiliza alguma posição, assim como é útil para as empresas entender como seus concorrentes se posicionam em relação ao clima organizacional, visto que atrair e reter talentos é de fundamental importância para se ter sucesso no mercado.
Podemos acrescentar que as empresas que valorizam as relações humanas e as inciativas voltadas à sustentabilidade, se destacam no que tange ao fortalecimento da marca, sendo a certificação em referência uma ótima ferramenta de respaldo.
De forma proposital não desceremos ao detalhamento do questionário de avaliação, pois, acreditamos que ele é bastante abrangente para o que se propõe, contudo, deve ser ressaltado que se trata de uma visão estritamente dos colaboradores, a qual pode já estar contaminada com a cultura da empresa, que nem sempre é das melhores.
O que pretendemos com esse último parágrafo é chamar a atenção de que a citada certificação foca apenas o aspecto interno, isto é, não contempla como a empresa trata os demais stakeholders, tais como fornecedores, clientes e candidatos às vagas oferecidas, entre outros.
Exemplificando: será que uma empresa cujos colaboradores não respondem e-mails e/ou não retornam ligações e mensagens são realmente ótimas para se trabalhar? Evidente que não, a menos que a empresa não considere a educação e o respeito como atributos importantes no momento da contratação de seus colaboradores. Agindo  dessa forma negligente em relação aos requisitos mais básicos de polidez, as corporações comprometem um fator tão ou mais importante do que o selo “great place to work”: o poder da recomendação, o qual assume cada vez mais relevância em função do crescimento das redes sociais, onde uma despretensiosa mensagem traz reflexos avassaladores.
Diante dessa realidade, é inadmissível que as empresas não atentem para um público composto de ex e não clientes, assim como de potencias fornecedores e colaboradores, pois, além destes serem peças importantes no processo de fortalecimento da imagem, valorizar as boas maneiras requer pouco investimento, afinal, não é caro focar suas contratações em pessoas educadas incondicionalmente, isto é, que tenham na sua essência o respeito a pessoas, prazos e palavras.








terça-feira, 6 de julho de 2021

Rebranding no Triathlon

O Triathlon Brasil, nome pelo qual é conhecida a Confederação Brasileira de Triathlon, está de cara nova após conclusão do seu processo de rebranding.
Uma nova identidade visual está presente em todas as propriedades de comunicação da instituição, porém, antes de passarmos ao conceito que norteou esse processo, vale esclarecer a confusão que comumente se faz entre redesign e rebranding.
Ambos, na verdade, buscam mudar a percepção do público, no entanto, grosso modo falando, o redesign foca a renovação visual sem mirar o posicionamento da marca, enquanto que o rebranding envolve os dois pontos.
Outro questionamento que usualmente é feito diz respeito à motivação para se desenvolver tais tipos de projetos. Podemos aqui enumerar várias razões dentre as quais se destacam: a marca estar danificada por escândalos e/ou problemas, fusões e aquisições, necessidade de se adequar ao mercado e mudanças na missão e visão, entre outros.
No caso do Triathlon Brasil, o processo foi de rebranding.
No que tange à parte relativa ao redesign, os responsáveis pela instituição optaram por uma solução bastante interessante, pois se utilizaram de um viés fortemente estratégico ao entenderem que o Triathlon, por ser uma modalidade esportiva relativamente nova - quando comparada com a maioria que integra o programa dos Jogos Olímpicos -, carece de popularização, o que se obtém mais facilmente com a unidade de símbolos de organizações afins. Nesse contexto, o Triathlon Brasil adaptou sua marca à da World Triathlon, órgão máximo que rege o esporte.
A ideia foi buscar a sinergia entre as marcas, de forma que se remeta à modalidade sempre que as vejam, todavia trazendo elementos que permitam facilmente à diferenciação.
Na continuidade do processo, o ideal seria que as federações de cada estado seguissem a mesma linha.
Sobre a marca em si, não desceremos aos detalhes do processo de design, mesmo porque não somos especialistas nessa disciplina, contudo é importante relatar que o racional do seu desenvolvimento considerou os nove pontos de equilíbrio do triathlon: as modalidades que constituem o esporte (natação, ciclismo e corrida), o bem estar que se busca tanto na mente como no corpo e na alma e por fim a menção ao meio ambiente onde o esporte é praticado (terra, ar e água).
Cumpre ainda relatar que todo esse processo de renovação já vem ocorrendo há mais tempo, inclusive com a criação do “nome fantasia” Triathlon Brasil como forma de se mostrar uma instituição moderna sem o peso da palavra “confederação” que muitas vezes traz conotações não tão positivas.
É digno de atenção também o fato de que ações de rebranding e redesing têm sido cada vez mais frequentes em função do dinamismo do mercado, ambiente no qual o esporte está cada vez mais inserido.