terça-feira, 31 de dezembro de 2013

São Silvestre sob o prisma do marketing



Nem o mais otimista, nem o maior visionário, talvez nem o maior sonhador pudessem acreditar que uma corrida com a participação de 48 atletas em 1925 viesse a se tornar a prova de corrida de rua mais famosa do América do Sul.


Escrever sobre alguns vencedores não me parece muito adequado à proposta do blog, porém vale registrar que já participaram dessa prova atletas como o tcheco Emil Zatopek (detentor de três medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Helsinque – 5 mil, 10 mil e maratona), o queniano Paul Tergat (cinco vezes campeão mundial de cross country), o norte-americano Frank Shorter (vencedor da maratona nos Jogos de Munique 1972) e a portuguesa Rosa Mota (vencedora das principais maratonas do Mundo, entre as quais a dos Jogos de Seul).

Mas vamos ao marketing.
Como já foi abordado anteriormente, um dos maiores desafios de uma gestão de marketing é a de desenvolver e gerenciar produtos e a São Silvestre parece ser um bom exemplo disso.
É importante também deixar registrado que muitas das iniciativas para o atingimento desse objetivo acontecem de forma instintiva, o que não significa que estudos e estratégias possam ser desprezados, pois esses são os responsáveis pela consolidação e eventuais correções de rumo.

Feitas as devidas considerações, constatamos que o grande atrativo da São Silvestre nas primeiras edições era a oportunidade de disputar uma prova com relativo destaque na mídia e que poucos se aventuravam a fazer, até porque a modalidade não era tão desenvolvida no passado.
Posteriormente a prova passou a ser um “símbolo” de superação, mesmo que as distâncias não fossem tão desafiadoras assim.
Ter no “currículo da vida”, a participação no evento também contribuiu para a valorização da prova.
Todo esse processo foi intercalado por ações que, propositais ou não, deixaram o “produto” mais atrativo ao público, como foi o caso da participação de mulheres em 1975, a prova passar a se intitular como internacional, a vinda de corredores consagrados, as alterações nos horários, as adequações às determinações da IAAF (International Association of Athletics Federations), a padronização da distância em 15km e a mudança do percurso.
Vale ser registrada, a criação da “São Silvestrinha”, adaptada ao público infantil que, além de aproximar a criança à modalidade, contribuindo para a vertente “iniciação”, consegue também revelar atletas.

Notem que quando nos referimos à maior atratividade, não focamos apenas o maior interesse das pessoas em participar do evento, o que por si só, já permite uma boa receita advinda das inscrições, as quais, talvez, tenham espaço até para serem majoradas tamanha a demanda.
Devem ainda ser incluídas como consequências da maior atratividade, as receitas com os direitos de transmissão da prova, patrocínios e até produtos licenciados.

Sobre patrocínios, vale observar que não há a exposição de nenhum deles no site da prova, enquanto que as principais provas de corridas do mundo já comercializam até o sponsor title, tais como TCS New York City Marathon, Bank of America Chicago Marathon, BMW Berlin Marathon e Virgin London Marathon.
Não sabemos até que ponto, a comercialização do title sponsor teria demanda no Brasil, visto que alguns veículos têm por norma ocultar o nome dos detentores dessas propriedades, porém seria oportuno lembrar que receitas maiores propiciam a possibilidade de se pagar melhores prêmios, os quais por sua vez atraem mais corredores consagrados, o que, consequentemente, aumenta a audiência do evento.

Feliz Ano Novo!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Cumpra-se o regulamento!

O que será abordado nesse texto pode ser aplicado a qualquer setor da sociedade, mas em função do cunho do blog, focaremos o caso da Portuguesa de Desportos que, por ter utilizado um jogador que estava suspenso, poderá perder quatro pontos no campeonato brasileiro e com isso ser rebaixada.
Não creio que caiba discutir se a lei é justa ou não nesse caso, afinal ela está em vigor, o que não impede de ser revista posteriormente, caso a comunidade esportiva assim entenda.
No entanto, não há como não relatar o quão patéticos são os argumentos daqueles que vão contra a punição, e não falo aqui dos torcedores da Portuguesa ou dos clubes que por alguma razão torcem contra o Fluminense - time que seria beneficiado com o rebaixamento da equipe paulista - afinal é extremamente difícil deixar de lado a paixão numa hora dessa.

Mas quando vemos jornalistas e formadores de opinião indo contra o cumprimento da lei ou se apegando a mentiras para justificar o injustificável, precisamos parar para pensar sobre os valores da nossa sociedade.
Claro que opiniões divergentes são válidas, desde que, quando feitas por jornalistas, ocorram com a devida isenção e desprovidas de bairrismos e recalques.
É risível a postura de alguns desses profissionais quando tentam de qualquer forma encontrar argumentos para que suas vontades e caprichos sejam satisfeitos. Muitos chegam a fazer "beicinho" quando advogados convidados para seus espaços na mídia derrubam suas "magnifícas" teses.
Isto é, quando dão espaço, alguns são tão covardes que nem direito de resposta concedem, nem publicam esclarecimentos técnicos que contrariem suas teses, ou melhor, interesses.
Parecem aquelas pessoas que criticam os políticos do mensalão, mas na primeira oportunidade furam filas, dirigem pelo acostamento ou se sujeitam a negócios escusos.
Interpretam sempre a lei em benefício de seus interesses, sendo que a grande maioria mudaria sua opinião caso tivesse que mudar o lado da discussão.
No caso de competições esportivas é sabido que muitas equipes deixam de usar jogadores suspensos e, por isso, talvez tenham  performances desfavoráveis, mas nem por isso violentam o regulamento. Provavelmente tais equipes poderiam estar em colocações melhores, caso tivessem ignorado o regulamento. 

Mas, independentemente do caso em si, é importante ter em mente que não cumprir leis e regulamentos é acima de tudo um perigoso precedente que se abre para situações vindouras.
Temo que a impunidade traga para o esporte um cenário onde o doping seja liberado, pois o dopado é um cara legal e não é mal intencionado. Ou que uma agressão cometida por um atleta passe a ser normal, já que o ofensor não teve a intenção...

E antes que julguem esse texto como uma defesa institucional do Fluminense, esclareço que não foi essa a intenção principal,  pois procuro ao máximo não misturar a paixão que nutro pelo clube com a linha editorial do blog, tanto que não costumo publicar comentários e/ou responder questionamentos relacionados ao clube.
Claro que é difícil, mas nesse caso me sinto inteiramente confortável, até porque, com a tentativa de "linchamento" à instituição por parte de alguns "jornalistas" surgiram questionamentos que envolvem o marketing aplicado ao esporte.
O principal deles diz respeito a uma possível desvalorização que a marca do clube poderia sofrer diante de seus patrocinadores, o que não aconteceu, visto que um dos atributos mais valorizados por empresas sérias é justamente a retidão no cumprimento do que é estabelecido em contratos, leis e regulamentos. 






terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Brincando com fogo


Não resta a menor dúvida de que as transmissões televisivas são importantes para o esporte, há que se ter em mente também que quanto melhor o conteúdo das competições, maior será a audiência das emissoras que, consequentemente, poderão cobrar preços mais altos por seus espaços publicitários.
Dentro desse raciocínio, é bastante razoável supor que as emissoras têm total interesse em ver campeonatos bem competitivos e com a presença dos melhores jogadores.
No entanto, não é o que parece ocorrer...
Nem vou aqui entrar no mérito das cotas que se pagam aos clubes de futebol, visto que os critérios que servem como parâmetros dessa distribuição precisariam de sérios ajustes, se é que isso é possível, tamanha a quantidade de variáveis que precisariam ser expurgadas para um cálculo justo de audiência.
Na verdade, nem acho que a audiência seja o principal fator para a divisão dos direitos de transmissão, porém prefiro não me estender no assunto.
Reparem as transmissões do voleibol, por exemplo.

A empresa que investe no naming rights da equipe nunca tem seu nome dito pelos comunicadores da TV, ou seja, para se beneficiar da propriedade adquirida precisaria encontrar formas de ativá-la e/ou aproveitar a “mídia espontânea”.
Anteriormente essa última tarefa era até mais fácil, visto que o patrocinador tinha direito a um número maior de placas na arena.
Atualmente, além da diminuição da quantidade de placas, a emissora com o intuito de adequar o tempo das partidas a sua grade, o que é perfeitamente justo, conseguiu com que os sets tivessem uma pontuação menor, ou seja, menos tempo de aparição das marcas patrocinadoras.
Obviamente parece ser um ótimo negócio para a TV, pois recebe um bom conteúdo e o utiliza conforme seus interesses comerciais.
Mas o que será que aconteceria se as empresas resolvessem não mais investir no esporte e os atletas fossem jogar em outros países ou ainda abandonassem as respectivas modalidades?
Pelo ponto de vista social isso seria péssimo, pois é comprovado que um bom desempenho esportivo estimula as crianças a praticarem esporte, o que, por sua vez, auxilia na formação do cidadão.
Deixando de lado esse aspecto, temos uma situação em que o conteúdo fica altamente prejudicado, a menos que pensem que a atratividade do conteúdo se dá meramente em função da competição em si, não importando a destreza dos seus praticantes.
Lamento informar, que se trata de um erro crasso, ainda mais com a crescente quantidade opções de entretenimento tanto na TV quanto em outras fontes.
Corrobora para essa reflexão a expressiva quantidade de equipes que não se mantém no esporte.
Em resumo, é fundamental para o desenvolvimento do esporte que as emissoras trabalhem essa atividade sob todos os prismas, desde o social até o comercial, isso a curto, médio e longo prazo.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Mandela, o capitão

Tanto já foi escrito sobre Mandela que pouco ou nada resta para acrescentar.
De qualquer forma vale a tentativa como forma de homenageá-lo.


Entre os vários fatos da vida de Nelson Mandela, encontrei dois que possuem estreita relação com o esporte:

1 – O líder sul-africano foi praticante de boxe, esporte inclusive citado por ele em sua autobiografia: "O boxe é igualitário. No ringue, posição, idade, cor e riqueza são irrelevantes. Quando você está diante de um oponente, você não pensa na cor ou na posição social dele”.

Tal fato, reforça a importância dos princípios do esporte e como esses devem servir de referência para a civilização.
São princípios que referendam o quão abomináveis são as segregações feitas em função de cor, raça, ou classe social.
Afinal de contas, as diferenças entre pessoas deveriam se fazer valer na forma de ser, no respeito, na busca constante pela justiça e no comportamento que se tem diante das derrotas e, também, das vitórias. 
O esporte está cheio de exemplos de atletas, de todas as raças e origens, que durante as competições não medem esforços para vencer, mas ao final reconhecem a importância e o valor do oponente, independente do resultado.
Claro que existem exceções, as quais mancham a atividade, mas felizmente trata-se de uma minoria que não chega a manchar o esporte, até porque ali estão por mero acaso ou pela morosidade nas execuções criminais.

2 – Mandela, logo após ter assumido a presidência em 1994, não mediu esforços para que a Copa do Mundo de rúgbi de 1995 fosse disputada na África do Sul, de forma que a torcida pela seleção nacional conseguisse unir brancos e negros. 
Tarefa das mais complicadas após tantos anos de apartheid.
O filme “Invictus” - dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Morgan Freeman, no papel de Mandela e Matt Damon representando François Pienaar, capitão da equipe sul-africana - narra a história de todo esse processo, que culminou com a vitória da seleção local sobre a favorita Nova Zelândia na final do campeonato.
Essa iniciativa de Mandela pode ser considerada um case, pois conseguiu utilizar o esporte de forma ética para atingir os objetivos de uma causa.
Ou seja, identificou que a paz na população era condição fundamental para a melhoria da governabilidade do país e assim buscou um evento esportivo com características apropriadas.

São passagens que ficarão para sempre na memória dos que admiram o esporte e a luta de Mandela.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Detalhes

O atributo atendimento costuma ser um dos mais valorizados pelos clientes e também um dos mais difíceis de serem trabalhados, afinal envolve pessoas que, naturalmente, estão sujeitas a variações de humor e comportamento.
Dentro desse contexto, o complexo Disney costuma frequentemente ser citado como exemplo de atendimento ao cliente e atrai executivos de todo o mundo para os cursos no Disney Institute.
Além disso, serve de inspiração para vários livros sobre o atributo em questão.
Um desses livros se chama “Nos bastidores da Disney”, escrito por Tom Connelan, um dos maiores especialistas americanos em Fidelidade de Clientes.
Na obra, Connelan cria um cenário fictício, onde executivos dos mais variados setores fazem um curso na Disney e de lá saem com sete lições ou sete segredos, os quais são mostrados tanto através de situações ocorridas no complexo, como nas reflexões que eles fazem sobre as devidas aplicações em suas empresas. 
Eis os sete "segredos":

1 - Os concorrentes da Disney são quaisquer empresas com as quais os clientes a compararão.
2 - Fantástica atenção aos detalhes.
3 - Todos os colaboradores devem mostrar entusiasmo.
4 - Tudo deve mostrar entusiasmo – aqui se inclui qualquer tipo de interação que o cliente possa ter com a empresa, que vai desde a pintura e cores dos equipamentos até o tecido das roupas utilizadas pelos membros da equipe.
5 - Múltiplos pontos de escuta – não bastam pesquisas formais, qualquer observação deve ser registrada e devidamente analisada.
6 - Recompensa, reconhecimento e comemoração – onde se ressalta a importância de explicitar para todos da equipe, os elogios que algum colaborador recebe e as eventuais recompensas pelo fato.
7 - Todas as pessoas são importantes – independente do cargo ou função, todos são vitais para a boa operação.
Torna-se impossível ler o livro sem exercitar a mente de como tais “segredos” poderiam ser aplicados em nossos ramos de atuação. 
Até que tive a grata surpresa de descobrir que a NBA, atenta à necessidade de aprimorar o atendimento ao público que frequenta as arenas, procurou o instituto para solicitar um estudo que proponha medidas visando melhorar a “experiência” do torcedor nos jogos.
No passado, NFL já tinha se utilizado dos mesmos serviços, assim como as equipes do Orlando Magic e do Brooklyn Nets.
Quem já teve a oportunidade de assistir aos jogos das principais ligas americanas pode achar que tal contratação não se faz necessária, principalmente se comparar com o que costuma presenciar na maioria das arenas brasileiras nas mais diversas modalidades esportivas.
Esses, provavelmente, não leram atentamente o primeiro e o segundo segredo da Disney.