terça-feira, 14 de maio de 2024

Uma hora aqui, a outra ali

Ficar arraigado a uma convicção não dando oportunidade a eventuais mudanças seja no âmbito de uma corporação, de uma equipe esportiva ou mesmo de si próprio é de péssima valia, pois, além de denotar teimosia, em nada ajuda na melhoria dos respectivos desempenhos.
Tal constatação parece inquestionável, a dúvida se aplica ao grau de flexibilidade que se deve ter em relação às opiniões contrárias, as quais, nem sempre são proferidas por pessoas com a devida capacitação.
Além do que, a pecha de teimoso costuma ser imposta a todos que pensam ou agem diferente do que é sugerido por alguém. Qual técnico de futebol, por exemplo, nunca foi chamado de teimoso? Faz parte!
Ainda assim, melhor errar pelas próprias convicções do que pelas de terceiros.
Há, no entanto, outra situação que é muito mais preocupante do que a do convicto, ou teimoso, como preferirem. Refiro-me à do sujeito que muda toda hora de opinião, conduta e planos.
No meio corporativo, esse tipo de postura fica ainda pior quando se lidera uma área ou mesmo uma empresa, pois, além de deixar evidente a falta de objetividade e de consciência acerca do que se pretende atingir, passa aos colaboradores uma enorme sensação de insegurança, além de desânimo, visto que, provavelmente aquilo que hoje se executa, amanhã não servirá para nada, já que o rumo certamente mudará. Isso sem falar nos prejuízos advindos com a formação de equipes -  quantidade e características dos colaboradores - o que consequentemente influencia no dimensionamento das instalações.
As causas dessa, digamos, pouca firmeza, pode estar relacionada pelo prisma pessoal à insegurança do gestor, à sua incapacidade de suportar pressão ou mesmo à sua pouca maturidade corporativa, a qual, por sua vez, dá vazão a instintos megalomaníacos provenientes da já mencionada insegurança.
Mas ainda que algum líder tenha o perfil citado acima, a existência de um planejamento estratégico bem estruturado contribui sem dúvida para minimizar a compulsão por mudanças. O problema é que muito provavelmente tal líder nem saiba direito o que vem a ser estratégia, confundindo-a muitas vezes com tática, aliás, algo bastante comum naqueles que baseiam sua forma de gerir em mudanças frequentes em curto espaço de tempo. 
É inadmissível que empresas não tenham claramente definidas sua missão, visão e valores, que não mapeiem corretamente seus stakeholders, que não utilizem ferramentas de análises como SWOT, que não estabeleçam os respectivos pilares, objetivos e mapas estratégicos. Sem isso, qualquer tentativa de firmar indicadores e metas é mera retórica e dão margem para o contínuo processo errátil de gestão sem conteúdo.
Por fim, vale esclarecer que, embora o texto tenha confrontado teimosia com mudanças frequentes, há um cenário ainda pior: o do teimoso que insiste em mudanças frequentes.






sábado, 4 de maio de 2024

Centenário

Como exaltar a tradição e a solidez propiciada por estar há 100 anos no mercado sem parecer antiquado? Como inovar sem perder a essência? Como se adaptar às novas gerações sem renunciar às características que consolidaram a marca?
Bem-vindo ao desafio de gerir marcas centenárias!
Independentemente dos desafios assinalados, trata-se de uma ótima oportunidade para os gestores de marketing, afinal é um privilégio poder trabalhar com marcas fortes, principalmente numa data em que há espaço para se contar sua jornada, enaltecendo fatos marcantes que vão desde a fundação a momentos de superação e conquistas. Ah, e isso tudo dentro de um contexto mercadológico.
A história do desenvolvimento de certos produtos, se bem contada, tem o poder nos transportar no tempo e entender o dinamismo do mercado, além de criar vínculos emocionais, os quais são de suma importância para as marcas.
O esforço pela manutenção da qualidade, se narrado de uma forma agradável e simpática, consegue também dar autenticidade a atributos que têm o tempo como aliado de sua associação com as marcas.
A própria inclusão de aspectos nostálgicos, além de reforçar a característica longeva, é capaz de despertar emoções que nos remetem aos tempos vividos por nossos antepassados queridos. 
A propósito, tão difícil quanto chegar aos 100 anos, é realizar uma campanha a respeito que consiga sair do lugar comum de se criar “selos comemorativos” ou algum anúncio do fato.
Aqui vale ser citado o caso da Disney, que ao longo de 2023, ano do seu centenário, entre outras ações, lançou diversas coleções de produtos em parcerias com marcas como Adidas, Havaianas, Funko, Kimberly-Clark, Lego etc. reforçando ainda mais sua imagem através do eficiente cobranding e da grande quantidade de eventos de lançamentos. Podemos também falar do Itaú, que desenvolveu um novo projeto de design no ano centenário, ou da Danone, que inundou as ruas de Paris com cartazes de seus primeiros anúncios.
Não faltam bons exemplos, inclusive de marcas que no ano em que completaram um século não tinham mais a liderança de market share de outrora, porém, graças ao posicionamento bem trabalhado, conseguiram ocupar ao longo dos anos, a liderança em algum atributo na mente do seu público-alvo.
Paro por aqui a reflexão sobre marketing, a qual dessa vez serviu apenas como pretexto para o objetivo principal do artigo dessa semana: falar que hoje, 04 de maio, meu pai Nathan Halfen, estaria – está – completando 100 anos, razão que me levou inclusive alterar, de forma inédita, o dia da publicação do blog de terça para sábado.
As saudades não acabam, por vezes são atenuadas pelos afazeres do cotidiano. Todavia, ainda bem, há horas em que elas voltam forte e de forma comovente, como acontece quando quero dividir uma alegria, nas ocasiões em que as palavras dele certamente me fariam enxergar uma saída para os momentos de angústia e em eventos cuja sua ausência física é atenuada pela certeza da presença de alguma forma, exemplifico com a conquista da Libertadores pelo Fluminense.
Dói, é fato, hoje não poder dar um abraço, um beijo ou mesmo presenteá-lo com alguns livros - seu presente favorito - os quais certamente seriam devorados simultaneamente em poucos dias...
Para finalizar, volto ao marketing, agora usando o Nathan para ilustrar o conceito de posicionamento, pois, depois de tantos anos consegue ainda se manter na mente do seu público-alvo (família e amigos) como um exemplo de retidão, generosidade e apego aos princípios.
Feliz aniversário, Papai! Obrigado por tudo, mesmo!!!