terça-feira, 23 de julho de 2024

Quais são as potências no Triathlon?

Assim como vem fazendo desde 2012, a Jambo Sport Business acaba de publicar um estudo sobre o Triathlon nos Jogos Olímpicos, o qual, além de trazer números e curiosidades sobre a modalidade no evento, passa um panorama acerca do grau de desenvolvimento dos principais países.
No caso desse esporte, os indicadores que permitem essa avaliação compreendem, além do quadro de medalhas, o número de atletas qualificados, cujos critérios, ainda que venham mudando um pouco ao longo do tempo, costumam privilegiar o desempenho durante o ciclo olímpico, de forma que cada país classifique de zero a três atletas por edição. A propósito, essa correlação "qualidade esportiva da nação vs. quantidade de atletas classificados" tem ficado mais fidedigna pelo fato de a prova de team relay – revezamento onde que cada equipe é composta por dois homens e duas mulheres – ter passado a fazer parte do programa olímpico desde os Jogos de Tokyo.
Entre os pontos interessantes detectados no estudo, que pode ser acessado através do link https://www.linkedin.com/posts/halfen_o-triathlon-nos-jogos-ol%C3%ADmpicos-2020-2024-activity-7218603900801589251-IHNZ?utm_source=share&utm_medium=member_desktop, destacamos os seguintes:
- Em Paris, teremos mais uma vez a participação de 55 atletas por gênero, representando 42 países. Será a edição com mais nações disputando a modalidade.
- Desde 2000, 59 nações já tiveram representantes nesse esporte, o que pode ser considerado um número pequeno, visto que há cerca de 170 federações filiadas à World Triathlon, entidade que rege a modalidade globalmente.
- Debutarão nessa edição:Islândia, Guam e Togo.
- Dos 110 triathletas que estarão em ação, 48 (43,6%) participaram dos Jogos Olímpicos em Tokyo – em 2020 esse percentual era de 39,1% em relação à competição anterior no Rio.
- Apenas a Alemanha e a França levarão equipes completas para os Jogos de 2024 (três representantes no masculino e três no feminino).
- Os países que mais classificaram atletas na história do Triathlon nos Jogos Olímpicos são: Austrália, EUA e Grã-Bretanha. O Brasil aparece nesse quesito em 11º lugar com 27 participações - melhor país da América do Sul e 3º das Américas.
- A triathleta com mais participação na modalidade é Flora Duffy de Bermuda, que em Paris competirá pela 5ª vez, buscando repetir a vitória que obteve na edição anterior.
- Nas seis edições em que o Triathlon esteve presente nos Jogos Olímpicos, dezesseis países já foram medalhistas.
- A Grã Bretanha é o país que mais conquistou medalhas, tanto de ouro (três) como no somatório geral (oito), aqui seguida por Austrália, Suíça, EUA e Nova Zelândia.
- Embora, seja possível correlacionar o número de participação com o de medalhas, o que não deve ser creditado a razões meramente probabilísticas, há situações que invalidam a assertividade total da hipótese. A França, por exemplo, sempre levou equipes completas no masculino, mas só veio a conquistar sua primeira medalha em Tokyo, e ainda assim no revezamento, onde foi a terceira colocada.
A partir do dia 30 de julho, veremos se a correlação preconizada se fortalece, o que acreditamos que sim. Quem sabe, também, não vemos o Brasil conquistar sua primeira medalha olímpica no Triathlon, o que não seria nenhuma surpresa para os que acompanham o trabalho que vem sendo feito pela confederação.
Superação com responsabilidade!





terça-feira, 16 de julho de 2024

Title sponsor no futebol


Os que acompanham o futebol e, por que não dizer, o esporte de uma forma geral, certamente notaram um expressivo aumento na quantidade de competições que passaram a ter patrocinadores dando o nome ao evento. É o que chamamos de title sponsor.
Diante desse cenário, um estudo produzido pela Jambo Sport Business se propôs a analisar o comportamento das marcas que investem nesse tipo de patrocínio.
O detalhamento da amostra que contempla cem campeonatos/ligas da primeira divisão, além de outras informações adicionais, podem ser acessados pelo link: https://www.linkedin.com/posts/halfen_title-sponsor-nas-principais-ligas-de-futebol-activity-7216356884214128640-cCbH?utm_source=share&utm_medium=member_desktop
No estudo é possível ver que o setor de apostas é o mais presente, são 26 campeonatos que têm alguma empresa do segmento nominando a competição. Na segunda posição aparece o setor financeiro com 13,5%, seguido pelo de telecomunicações com 12,5%. A razão para se ter números fracionados é devido ao fato de o campeonato paraguaio ter duas marcas dividindo a propriedade, daí o trabalho ter considerado cada uma dessas como meia.  
Ao analisarmos o histórico desse tipo de investimento, notamos que há realmente uma espécie de “onda” no que tange a setores. Se nos primórdios poucos campeonatos adotavam essa iniciativa, hoje apenas 24% não a utilizam, sendo que alguns por razões legislativas e outros, como é o caso do inglês, por entender que a receita auferida não compensa as eventuais perdas dos clubes. 
Ao longo do tempo já tivemos o domínio das empresas de telecomunicações, vimos o crescimento das instituições financeiras e agora chegou a vez das empresas do ramo de apostas.
Se o title sponsor atende aos intentos das marcas que o adotam é difícil responder, até porque não sabemos quais são eles, tampouco sabemos se os gestores têm essa intenção contemplada no planejamento estratégico que definiu a adoção desse patrocínio como parte de algum objetivo de marketing. 
Mais grave, a própria mensuração é complexa, fruto da dificuldade de expurgar a influência das demais ações da mesma marca, da reação da concorrência e da escolha dos indicadores de avaliação. Quais seriam eles? Recall? Receita? Quem sabe market share? Lucratividade? As opções são vastas, além do que, a resposta pode não ser única, tampouco generalista, já que as características de cada país são diferentes sob os mais diversos focos, seja no que tange ao perfil socioeconômico da população, à competitividade de dado mercado e até à maturidade do mercado.
Sobre essa última, vale citar que entre os 50 campeonatos que geram mais receitas, apenas 14% deles não têm title sponsors e quando vamos reduzindo a amostra até chegar aos TOP 10, esse percentual aumenta para 40%, conforme pode ser visto no gráfico ao lado. Tais índices dão legitimidade à hipótese de que, quanto mais madura a liga, menor a necessidade de comercializar a propriedade que estamos analisando.
No caso das marcas de empresas de apostas – atuais líderes nessa propriedade de marketing -  a resposta sobre a eficácia do investimento se torna ainda mais difícil, pois, se nas empresas de telecom, bancos ou até de cervejas, é possível identificar diferenças de atributos ou mesmo de posicionamento, nas bets a confusão é grande, o que faz com que a aquisição dos direitos aos nomes de eventos prescinda mandatoriamente de fortes ativações, encarecendo assim a operação.
O trabalho, fornece ainda uma análise sobre a evolução dessa propriedade no Brasil, cita as parcerias mais longevas no mundo, comenta o case da Premier League que extinguiu a comercialização do title sponsor, além de comentar sobre segmentos inusitados que já fizeram o uso desse tipo de patrocínio. 





terça-feira, 9 de julho de 2024

Lojas emblemáticas

 
Alguém sabe o que significa uma loja emblemática?
O termo é relativamente novo e surgiu através da tradução do termo “tiendas insígnias”, que é a denominação utilizada no México pela cadeia varejista chamada Oxxo, uma rede de mercados de proximidade, ou loja de bairros, como queiram. 
Trata-se da iniciativa de “envelopar” a loja com símbolos de algum fornecedor, de modo que ela fique com características que remetam à marca deste. Só no Brasil, já são 10 lojas que ficaram “emblemáticas” por algum período. Entre as marcas que aderiram a esse tipo de ação, podemos citar a Bauducco no período do Natal - quando customizou a loja em formato de panetone – a Nestlé no período de Páscoa, a Yoki na época de festas juninas e a Ambev no carnaval.
Segundo dados da Oxxo, esse tipo de ação fez com que as lojas participantes tivessem um crescimento expressivo dos itens da marca que vestiu a loja e aumento no ticket médio.
Apesar da exaltação à iniciativa, a qual acho muito interessante, creio que também devam ser avaliados os eventuais reflexos à identidade da Oxxo. Admito haver nessa provocação um preciosismo, ou talvez, protecionismo à marca, afinal, não podemos ignorar que a imagem unificada propicia sinergia e menores custos de mídia, principalmente às voltadas ao institucional.
Falando em mídia, as tais lojas emblemáticas são consideradas uma ação de retail media para o varejo físico. A propósito, como o blog tem uma audiência diversificada, explicarei a seguir que vem a ser essa expressão. Na verdade, trata-se de uma estratégia de publicidade, que se utiliza da inteligência de dados para a promoção de campanhas mais assertivas, principalmente as digitais. 
Pelo fato de a indústria ter “acesso” às informações relativas ao comportamento dos clientes, ela consegue ofertar algo, digamos, mais customizado.
Ah, mas os Ads tradicionais também permitem a segmentação dos clientes. 
Sem dúvida, porém, não há termo de comparação entre uma segmentação feita pelo varejista que tem rastreada toda a jornada de consumo do cliente com outra que se baseia em plataformas de terceiros.
Nesse modelo de negócio, ou de mídia, o anunciante paga ao varejista um dado valor para que seus produtos sejam anunciados na plataforma.
Remetendo ao varejo tradicional, seria algo parecido com o pagamento que a indústria faz para ter seus produtos nos encartes físicos e virtuais, porém, com um direcionamento mais focado no público-alvo e com mais chances de conversão.
Cumpre relatar que muitos dos programas de relacionamento desenvolvidos pelos varejistas permitem que o hábito de compras, mesmo em ambientes físicos, seja analisado e redunde em ofertas especiais para os clientes de forma segmentada. A diferença é que na situação narrada, há a necessidade de o consumidor acessar aplicativos e/ou ler mensagens que lhe chegam por diversas plataformas de comunicação para tomar ciência e validar a oferta, enquanto que no retail media no comércio eletrônico, ele já se encontra no ambiente de compras.



terça-feira, 2 de julho de 2024

Tá ruim? Então troca!

Não gostei da demissão do técnico Fernando Diniz!
Expurgar o aspecto “gratidão”, por mais esforço e frio que eu queira ser, não seria possível, embora isso aqui pouco importa, já que o artigo terá um foco voltado essencialmente à gestão.
Os resultados estavam ruins. Ok, mas qual o intervalo de tempo que estamos nos referindo? Ou melhor, qual deve ser o intervalo padrão para avaliação? Difícil responder!
No final de temporada, quando é possível iniciar um novo ciclo? No meio dela, quando não há tempo hábil para se instaurar e treinar uma filosofia de jogo diferente, a qual, não necessariamente será melhor?
O momento da competição e as pretensões também não podem ser desprezados, o que aumenta a quantidade de variáveis e a complexidade da decisão.
Podemos incluir nessa equação, as opções de reposição, considerando aqui as perspectivas no que tange o relacionamento com os jogadores, se o estilo de jogo é compatível com as características do elenco, se tem a “cara” do clube e qual a capacidade financeira para se trazer um profissional adequado às necessidades.
Deixo propositalmente de fora um ponto que admito ter forte influência, mas que não deveria existir: a pressão imposta pelos torcedores, cada vez mais inflados pelas redes sociais. Pior, uma pressão advinda da emoção, a qual deve ficar de fora tanto no que diz respeito à gratidão, como na insatisfação proporcionada pela sequência de resultados ruins.
Por mais que a emoção esteja presente no esporte, ela não combina com gestão, onde a frieza - não confundir com ausência de empatia - é fundamental para o atingimento dos objetivos.
Qual organização nunca passou por uma crise, substantivo utilizado para identificar uma situação na qual a realidade está divergente da expectativa, sendo que, muitas das vezes, essa última é otimista demais. Não digo que seja o caso do Fluminense, mas, não custa incluir essa variável na reflexão.
Seria apropriado demitir um CEO que deu uma lucratividade recorde no exercício anterior por não ter performado bem nos dois trimestres posteriores? 
Acrescentamos nesse exercício de imaginação o fato de que o tal CEO é extremamente querido por sua equipe, a qual confia plenamente nele. 
Claro que de fora é fácil criticar, dentro de um clube, sei bem como é, a pressão é enorme. Mas em empresas, por mais que não tenham torcedores ou mesmo que não exista a imprensa e blogueiros alimentando o assunto, a pressão também é enorme, pois mexe com dinheiro de acionistas e emprego de colaboradores, tanto os próprios como os dos fornecedores.
A opção de trocar o gestor sempre irá existir, o que pode acontecer inclusive por vontade dele, todavia, essas mudanças não podem vir sem o devido estudo, sem se ter havido, mesmo que hipoteticamente, um plano de sucessão. 
Fazer concessão à pressão denota falta de convicção no planejamento elaborado, se é que ele existe.





terça-feira, 25 de junho de 2024

Não, obrigado!


Se você estivesse trabalhando numa boa empresa e fosse convidado para assumir o mesmo cargo em uma empresa que seja referência na sua área de atuação, você aceitaria? Depende, né?
E se essa empresa "referência" oferecesse também um contrato maior tanto em termos de compensação financeira como de duração? Difícil recusar, não é mesmo?
E se a capacitação técnica dos colaboradores que você liderará nessa “nova” empresa for superior à dos atuais? 
Pois bem, situação similar aconteceu recentemente com Dan Hurley. Quem???? Explico: Hurley é o atual técnico da equipe de basquete da UConn – University of Connecticut – e recebeu um convite para ser o treinador do Los Angeles Lakers, franquia que tem entre seus jogadores ninguém menos do que LeBron James. A proposta girava em torno de US$ 70 milhões por seis anos, o que equivale a um pouco mais do que o dobro do contrato com a UConn.
Ainda que comandar a equipe campeã da NCAA  - National Collegiate Athletics Association, o campeonato universitário dos EUA -, seja algo extremamente atrativo, não há, em tese, como comparar com a oportunidade de dirigir uma das equipes mais vitoriosas da liga de basquete mais rica e popular do mundo, tendo, consequentemente, a oportunidade de conviver com os melhores jogadores de basquete do planeta.
Diante de todo esse enredo, os leitores devem estar ávidos para saber quando ele assume o Lakers e, provavelmente, fazendo algum prognóstico quanto ao sucesso, ou não, do treinador.
Podem parar! Hurley recusou a proposta.
As causas, nunca é uma só, estão ligadas às raízes que ele tem em Connecticut junto à família, além, talvez, de um certo receio de assumir a responsabilidade de fazer um time de estrelas, sem resultados expressivos no momento, virar a chave e triunfar.
Analisando a decisão, é certo que não teremos unanimidade. As opiniões variarão em função do jeito de ser de cada um, dos anseios, dos valores, do momento de vida e da necessidade econômica, entre outros fatores. Não há decisão certa ou errada antes de tomá-la.
Todavia, mesmo reconhecendo que há motivos coerentes para a recusa, cabe ao Lakers refletir a respeito do ocorrido, pois, se uma proposta é recusada, a responsabilidade pode não ser apenas da parte que a rejeita, principalmente em situações recorrentes. É preciso, sobretudo, entender o que vem acontecendo tanto em termos de resultados como de atratividade de talentos, os quais podem até estar interligados.
Todo esse relato que tem o esporte como pano de fundo pode, e deve, ser replicado ao mundo corporativo. Entender a razão pela qual as pessoas não aceitam ofertas aparentemente boas, por exemplo, é fundamental para se gerir qualquer organização. Engana-se quem acha que os “bastidores” das corporações ficam restritos a elas. Hoje em dia, há até sites que trazem comentários e críticas de colaboradores sobre suas ex e atuais empresas, isso sem falar nas redes sociais que auxiliam na conexão entre pessoas, o que pode ajudar no esclarecimento de dúvidas sobre qualquer assunto, inclusive na vida dentro de alguma empresa.
Portanto, ainda que uma boa remuneração seja um fator de extrema relevância para avaliação de uma proposta, há pontos, muitos deles aparentemente sem importância, que nortearão o processo de decisão.