Com o sucesso de algumas startups surgiram também alguns novos modelos de gestão com conceitos diametralmente opostos aos adotados pelas grandes corporações.
Emitir parecer sobre a eficácia de tais modelos seria um tanto o quanto irresponsável, principalmente pela generalização que acaba vindo embutida quando se aproveitam de extratos positivos de pesquisas para a defesa das hipóteses, ignorando o resultado total.
Injusto e equivocado também seria usar os modelos que deram certo em grandes empresas para considerá-los como verdades absolutas de gestão.
Importante pontuar que não há nas afirmações acima nenhum tipo de crítica à utilização de benchmarks para questionar “paradigmas” cristalizados pelo tempo, a intenção das mesmas é puramente provocar a reflexão antes de se decidir pela simples cópia de modelos.
Se atualizar e acompanhar o que vem sendo feito em outras empresas e até em outros setores da economia são tarefas que devem fazer parte do escopo de qualquer corporação, independentemente do porte, pois, além de permitir a reação antecipada aos movimentos da concorrência, se recebe insights de tendências e ideias para ações de inovação.
Todavia, a adoção de algo que se leu ou ouviu sem sequer tentar entender as limitações e características próprias, demonstra uma total incapacidade de se enxergar o ecossistema em que habita, no qual coexistem concorrentes, variáveis macroeconômicos e uma sociedade cada vez mais dinâmica.
Outro atestado de incapacidade aparece quando essas ações se alteram a todo instante, seja pela impaciência dos gestores, ou pior, por alguma nova leitura ou audição de podcasts com cases de sucesso.
Nada contra as correções de rumo que precisam ser feitas de acordo com os resultados, o problema é não se permitir o devido prazo, o qual, além de ser complexo definir em condições normais, fica ainda mais difícil quando vem a ser fruto de benchmarks sem a devida profundidade.
Há empresas que chegam ao ponto de fazer com que os colaboradores leiam livros sobre empresas, assistam vídeos a respeito e toda sorte de tentativas de imersão sobre o tema.
Isso sem falar nos termos da moda, e até cargos, quase todos com pomposos nomes em inglês, os quais vou me eximir de citar para evitar generalizações.
Guardadas as proporções, seria como um atleta querer ser igual a outro sem sequer refletir se as valências físicas são similares, se é viável desenvolvê-las ou se há outros “modelos” mais compatíveis.