terça-feira, 21 de maio de 2024

Profissional ou amador?

Ao analisarmos o histórico dos Jogos Olímpicos, notaremos que durante muitos anos os atletas “profissionais” foram preteridos, pois a carta olímpica preconizava que as competições deveriam ser entre amadores.
No decorrer do tempo, as restrições começaram a cair. Muitos questionamentos passaram a ser feitos acerca da subjetividade do que poderia ser considerado “amador”, o que deu margens para uma série de manobras criativas para driblar a proibição.
Além disso, a busca por deixar o evento mais atrativo envolve, evidentemente, a participação dos melhores atletas. Como destaque para essa evolução, temos o time de basquete dos EUA – o Dream Team - nos Jogos de 1992 em Barcelona, que se utilizou dos jogadores que atuavam na NBA, fato que pode ter sido uma espécie de abertura para para a entrada formal de atletas profissionais nas competições olímpicas, afinal, não faz sentido alguém se dedicar a uma modalidade, renunciar a uma série de fatores, e não ser compensado financeiramente.
Para Paris 2024 teremos outro fato inédito: a premiação que será concedida pela World Athletics, entidade que gere o atletismo no mundo. Polêmico!
Estaria essa iniciativa indo contra os princípios do olimpismo? Talvez, mesmo porque já houve muita concessão a respeito. Todavia, se pensarmos no macro ambiente do esporte, temos que outras competições da mesma modalidade costumam oferecer premiações, inclusive para quebra de recordes, o que pode fazer com que alguns atletas prefiram priorizar outros eventos em detrimento dos Jogos Olímpicos. Diante desse raciocínio, é de se esperar que outras modalidades adotem a mesma iniciativa sob o risco de verem o “concorrente” em estágios mais avançados no que tange à atratividade.
Ainda que um certo purismo possa influenciar a minha opinião sobre a iniciativa, tendo a concluir que se trata de um movimento sem volta e que tenha mais benefícios do que malefícios.
Por mais que o esporte envolva valores e princípios nobres, o mercado tem o poder de “arbitrar” as devidas evoluções, daí a necessidade de ser gerido com as mais avançadas técnicas de marketing e por profissionais capacitados e experientes.
Aproveitando o gancho da discussão, mudemos o foco para o cotidiano popular, onde a expressão “profissionalismo” virou uma espécie de sinônimo de comprometimento, ao passo que “amadorismo” representa o inverso.
Nesse contexto, não temos como, sequer cogitar, que a maioria dos atletas que eram amadores não se entregavam de forma absolutamente engajada nos treinos e nas competições. Por outro lado, quantos “profissionais”, que recebem para executar suas funções, agem de maneira negligente e sem o devido empenho?

 

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