Analisar resultados, sejam esses esportivos ou corporativos, requer, acima de tudo, responsabilidade com as deduções, isso porque, dependendo do ângulo pela qual se observa os números, a conclusão pode ser errônea.
Como forma de demonstrar a necessidade de análises mais detalhadas, utilizaremos um estudo - http://pt.slideshare.net/jambosb/natao-do-brasil-desempenho-rio-2016 -, realizado pela Jambo Sport Business, sobre o desempenho da natação brasileira nos Jogos de 2016 em provas individuais, comparando-o com o de Londres 2012 e ainda com a performance do time norte-americano nesses dois períodos, a qual serve como uma espécie de benchmarking.
Nesse estudo, é possível perceber que, ao contrário do que tentou se estabelecer, o desempenho do Brasil não foi tão ruim.
A avaliação de “desempenho ruim” nesse caso, e em quase todas as análises sobre resultados esportivos, se origina da simplória correlação de performance com quantidade de medalhas conquistadas, não contemplando outros parâmetros que poderiam permitir conclusões mais responsáveis, diagnósticos mais precisos e, consequentemente, planos e projetos mais assertivos.
Sob o prisma de medalhas, de fato a performance do Brasil na natação deixou a desejar, pois nenhuma foi conquistada em 2016, contra uma de prata e uma de bronze ganhas na edição anterior.
No entanto, o time brasileiro conseguiu participar de mais provas, o que é meritório, já que a qualificação se dá em função de um índice estabelecido pela FINA - Federation Internationale de Natation -, o qual corresponde ao tempo do 16º colocado nos Jogos Olímpicos anteriores.
Outro aspecto positivo se nota ao compararmos o número de finais e semifinais alcançadas em 2016 versus 2012.
O estudo aponta ainda três pontos de preocupação:
- Os tempos obtidos nas provas dos Jogos foram piores do que os que levaram os atletas a se qualificarem para a competição.
- A quantidade de atletas que não estiveram presentes em Londres é muito baixa quando comparado ao dos EUA, ou seja, o processo de renovação está um pouco lento.
- A média de idade do time brasileiro tem sido mais alta do que a do time norte-americano, o que corrobora para a observação anterior.
Em suma, podemos concluir com o trabalho que há muito para melhorar, devendo ficar claro que alguns desses parâmetros são “variáveis pouco ou nada controláveis”, como é o caso do número de medalhas conquistadas e de finais/semifinais alcançadas. Afinal de contas, por mais que se prepare, é impossível evitar que outros países ministrem a mesma quantidade e qualidade de treinamento, o que faz com que o talento também seja um diferencial.
Já as "variáveis controláveis", que devem servir como metas, dependem basicamente de preparação e estrutura. Aqui contemplamos a renovação da equipe e a quantidade de atletas com índices.
Para que fique clara a distinção entre variáveis controláveis e incontroláveis, usaremos como exemplo o caso de um estudante. Podemos exigir que ele tire as notas necessárias para passar de ano, porém, fica muito complicado exigir que ele seja o melhor aluno da sala.
No mercado, mesmo sendo um pouco mais raro, são também comuns os erros de avaliação, pois parte dos analistas se prendem aos grandes números – quase sempre financeiros – e esquecem aspectos mercadológicos que, como dito acima, auxiliam em conclusões mais responsáveis, diagnósticos mais precisos e, consequentemente, planos e projetos mais assertivos.
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