terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Marketing e seus sobrenomes

Assim como em outros ramos de atividade, o marketing vem ao longo do tempo sendo segmentado e consequentemente adquirindo nomenclaturas para algumas de suas especialidades.
Das campanhas eleitorais surgiu o marketing político, há ainda marketing cultural, social, digital, pessoal, etc.
Esse próprio blog é, em tese, especializado em marketing esportivo.
Digo em tese, pois tenho algumas restrições às especialidades que vem sendo criadas, restrições essas que não dizem respeito às vantagens da especialização, pois supostamente uma vivência maior em alguma atividade conferirá maiores conhecimentos sobre a mesma.
Entretanto, o que temos visto é que a experiência em algum segmento está substituindo a premissa básica para atuar na área de marketing, que é conhecer marketing.
Pessoas com vivência na área esportiva ganham status de especialistas em marketing esportivo sem ao menos saberem a diferença entre marketing e publicidade.
Aqueles que se autopromovem são taxados como especialistas em marketing pessoal, sendo que muitos desses não têm, por exemplo, a menor noção de como se calcula o preço de um bem ou serviço.
Ou seja, os conhecimentos básicos são ignorados, mas mesmo assim são mantidas as designações a respeito das particularidades.
Aqui vale a citação de uma frase do filósofo americano Nicholas Murray Butler: “Especialista é uma pessoa que sabe cada vez mais sobre cada vez menos”.
O suposto maior conhecimento em função da maior vivência, sobre o qual me referi acima também merece reflexão, principalmente quando diz respeito à contratação de um profissional de marketing.
Existe uma corrente que prefere admitir profissionais mais experientes num mesmo segmento.
Seria como contratar para a gestão de marketing de um clube/confederação, algum profissional que já tenha exercido essa mesma função em outra organização similar, e que por conhecer bem o funcionamento desse mercado se adapte melhor à função.
Por outro lado, há os que preferem um profissional sem experiência naquele ramo de atividade.
Seria como uma confederação contratar um profissional que nunca tivesse lidado com esportes.
A maior dificuldade nesse caso seria “ensinar” ao novo colaborador sobre o negócio fim da empresa/confederação. Em contrapartida, haveria a possibilidade desse colaborador implantar e adaptar uma série de conceitos utilizados nos empregos anteriores a essa função.
Particularmente, em condições de igualdade, prefiro a 2ª alternativa, por pressupor que esse profissional, graças a uma maior exposição às diversidades e particularidades de outros segmentos, seja mais preparado em termos de marketing.
Obviamente, essa minha opinião não deve ser generalizada, visto que nenhuma situação é igual à outra, o que faz com que não existam verdades absolutas em marketing – isto é, desde que seja realmente marketing.
Aliás, essa conotação distorcida que o marketing vem sofrendo ao longo do tempo, me faz questionar se não seria mais válido fortalecer os conceitos e o entendimento do que é marketing ao invés de se criarem especialidades e especialistas em cima de algo que muitos nem sabem ao certo o que é, nem para que serve.
Desculpem, mas para se adicionar algum “sobrenome” que designe especialidade ao nome marketing, é obrigatório conhecer marketing.


Um comentário:

  1. Algumas atividades padecem desse mal. Administradores de empresa sofrem com a mesma coisa, uma vez que qualquer pessoa que esteja à frente de um empreendimento se considera E SE INTITULA administrador.
    O mesmo não ocorrem em outras áreas. Não é porque alguém resolve suas pendengas jurídicas por conta própria que se intitula adivogado, assim como alguém que faz a reforma da casa não se diz engenheiro e por aí vai.
    O termo marketing vulgarizou, e cabe a classe, como você faz com esse post, posicionar-se sobre o assunto com certa veemência inclusive.

    ResponderExcluir