terça-feira, 21 de maio de 2013

Massacre de Boston


O radicalismo que assola grande parte da população mundial tem feito com que surjam “regras”, onde o politicamente correto atinge tamanho grau de importância, que muitas das vezes redunda em outro radicalismo.
Evidentemente, o julgamento sobre o que é aceitável, ou não, é bastante subjetivo, afinal de contas, há um componente de difícil mensuração: a intenção da manifestação. 
Além da intenção, não pode ser desprezada a reação de quem poderia ser vítima da “ofensa”.

Daí, diante de tanta complexidade, as ações precisam ser detalhadamente analisadas para que não se incorram em situações constrangedoras.

Fato dessa natureza ocorreu recentemente com a Nike, que teve que retirar às pressas das lojas uma camiseta onde estava estampada a frase “Massacre de Boston”.
O receio de uma possível associação com as bombas que explodiram na Maratona de Boston foi o motivo dessa ação.  

Essa camiseta, na verdade, foi produzida bem antes do covarde incidente, tendo como como objetivo registrar as vitórias dos Yankees de New York sobre os Red Sox de Boston em 1976 e 2006.
A criação da peça, por sua vez, teve inspiração no conflito de 1770, em que soldados ingleses atiraram contra civis que protestavam em Boston. 

Vale ainda registrar que, numa coincidência infeliz, o apelido dos Yankees é Bronx Bombers. 
Mesmo diante de tanta evidência em relação à intenção da camiseta, a Nike achou por bem suspender a comercialização dos produtos, os quais, aliás, eram encontrados basicamente em pontas de estoque e, só teve uma divulgação expressiva em função do twitter de um produtor de TV. 
Curiosamente, a retirada das peças não fez cessar sua comercialização, pois no e-bay o produto podia ser encontrado por cerca de US$ 150. 

Não resta dúvida de que a decisão da Nike foi a mais acertada na atual conjuntura, porém, é de se lamentar que em prol de uma suposta preocupação com o aspecto “politicamente correto”, as pessoas passem a patrulhar qualquer tipo de manifestação. 
A propósito, nem o responsável pela divulgação via twitter, nem os citados vendedores do e-bay que, certamente, tiveram intenção em fazer alusão às bombas de Boston, foram censurados por seus atos. 

Complicado...



3 comentários:

  1. Aqui me veio a mente o Talibã Tricolor que gerou dicotomia nas discussões internetais(*). Galera fez sem ódio no coração, na zueira, mas ligou o alerta nos PC's (politicamente corretos). Tudo válido entre torcedores, mas de alguma forma o MUNDO vai associar ao clube.

    Fico imaginando a RABUDA em que se meteram no clube, pois por um lado estava uma manifestação espontânea e bem-sucedida da torcida que nitidamente não tinha fins depreciativos, por outro lado estava uma ação que também nitidamente poderia soar ofensiva e que nenhum canal oficial seria inocente a ponto de iniciá-la ou avalizá-la (como foi feito com os Guerreiros).

    Para evitar uma Vitória de Pirro, a decisão do Flu foi jogar um balde de água fria na galera.

    Depois disso, vesti minha máscara talibã até por uma postura anárquica/democrática que tenho onde acho que a torcida não tem direito a se meter nos assuntos e direitos dos sócios, mas que clube por sua vez não dá pitaco em torcida (por mais estúpido que eu possa a achar atitudes da torcida).
    Espezinhei a diretoria, portanto (eu nem iria colocar a máscara não fosse a nota), mas claro que eu não respondo pelo clube. Posso ser radical.

    Foi um belo case, gostei de acompanhar. Gostei da atitude do clube mesmo que eu tenha me posicionado no outro extremo. Fiz institucionalmente como torcedor, mesmo que tenha concordado com o clube.

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  2. (*) blah... já acato a internet como fórum do fluxo de ideias e não mais tenho preconceito com a nerdice de achar relevante o que está restrito a esse sofativismo quando o assunto é filosofia futebolera.

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  3. Victor
    Em relação a esse caso, não tenho dúvida em relação à intenção da torcida, mas a reação de quem poderia se ofender sempre será uma incógnita.
    Abraço

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