terça-feira, 12 de agosto de 2014

Distribuição de receitas. Onde fica o mérito?

Um estudo elaborado pela Jambo Sport Business, em maio de 2014, analisou as distribuições das receitas oriundas dos direitos de transmissão das principais ligas de futebol europeias e as comparou com o modelo brasileiro. 
A amostra foi composta pela Bundesliga – Alemanha, La Liga – Espanha, Ligue 1 – França, Premier League – Inglaterra e Serie A – Itália.

Os detalhes dos critérios de divisão podem ser vistos no estudo http://pt.slideshare.net/jambosb/distribuio-receita-direitos-de-tv, mas já podemos adiantar que, excetuando os campeonatos brasileiro e espanhol, os demais priviliegiam em graus diferenciados, o fator performance, além de alguns dedicarem uma expressiva parte do montante para ser partilhada igualmente entre todos os clubes.

Definir qual o melhor critério de rateio ou o mais justo, não é tarefa das mais fáceis, porém, através de um exercício de comparação, foi possível avaliar algumas métricas com o objetivo de tentar identificar os maiores equilíbrios e desvios.

Os números que serviram de base para o estudo correspondem exatamente aos valores recebidos por cada equipe na temporada em referência. 

Exceção feita ao Brasil, cujos números foram obtidos através do balanço contábil publicado pelos clubes. 


A análise deixa bastante evidente que o campeonato inglês é o que apresenta os números mais equilibrados, pois o clube que mais angaria receitasoriundas de direitos de transmissão tem esse valor apenas 1,53 vez maior do que o último, ao passo que no Brasil, esse índice é 7,40 e na Espanha 11,67.
O 2º campeonato mais equilibrado é o da Alemanha.
O campeonato espanhol, como costuma ser bastante propagado é de fato o que apresenta os números mais desequilibrados. O clube que mais recebe, abocanha 23,18% do total distribuído, contra 6,26% do “melhor remunerado” da Premier League.

Os números apresentados permitem supor que os campeonatos com maiores índices de desequilíbrio de receitas oriundas dos direitos de TV são Espanha e Brasil.
No entanto, é necessário analisar como foram as performances esportivas das equipes que participaram das ligas em estudo nas seis últimas temporadas.
  • Inglaterra – Mesmo sendo considerado o campeonato com a distribuição mais equilibrada, apenas 3 equipes conquistaram o campeonato nacional e 8 ficaram entre os 5 melhores colocados.
  • Alemanha – o 2º campeonato com maior equilíbrio no tocante às receitas de TV, teve também apenas 3 campeões, porém a quantidade de times que se classificaram entre os top 5 é bem expressiva, 13.
  • França – Junto com o Brasil, foi o país que teve o maior número de campeões diferentes – 5, porém o número de equipes entre as cinco melhores é inferior à Alemanha e ao Brazil.
  • Itália – Três times se sagraram campeões no período analisado e 11 ocuparam pelo menos uma vez colocação entre os 5 primeiros.
  • Brasil – Cinco equipes foram campeãs nas 6 temporadas estudas e 14 ficaram alguma vez entre os 5 primeiros colocados, sendo o país com maior quantidade nesse quesito.
  • Espanha - A liga que apresenta o maior desequilíbrio teve 3 campeões nas temporadas em foco, sendo que uma dessas equipes conquistou o título em 4 ocasiões. Foram dez, as equipes que se situaram entre os top 5.
Diante destes números, chegamos a uma nova derivação de questionamento: “Os times têm bons resultados por que recebem mais, ou recebem mais porque têm melhores resultados?”
Em minha opinião, as condições se complementam, porém é difícil quantificar a participação de cada uma das causas.
Até porque, a verba oriunda dos direitos de TV não é a única fonte de receita dos clubes, visto que também faturam através de patrocínios, bilheterias, licenciamento e associação, sendo que a composição do mix de receitas varia de clube para clube.
Não podemos esquecer também que existe o componente “gestão de recursos”, ou seja, de nada adianta ter um faturamento expressivo, se esse não for bem empregado.
Por fim, devemos considerar que muitas vezes, as aplicações de recursos podem ter seus retornos em prazos distintos, o que poderia ser argumento para “fragilizar” a análise.

No entanto, a pretensão da mesma é obter detalhes do que tem sido praticado nas ligas mais importantes, de forma a construir um benchmarking bem estruturado e que sirva de modelo para o desenvolvimento de critérios mais justos e igualitários, afinal, mesmo as economias mais “capitalistas” pregam a meritocracia como ferramenta de mensuração de ganhos.



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