terça-feira, 5 de abril de 2016

O poder emana do povo


O esporte, quem diria, tem sido cada vez mais pródigo em criar especialistas.
São “técnicos” das mais variadas modalidades esportivas que mal sabem as regras do esporte, mas mesmo assim opinam sem a menor vergonha sobre aspectos técnicos e táticos. Verdadeiros fenômenos!
Os experts em marketing formam outra legião de notáveis, opinam em blogs, redes sociais e em seus grupos com a propriedade de quem tenha sido um professor do Kotler.
E para o artigo não ficar muito extenso, vamos fechar com os “jornalistas” que, sem a capacidade de identificar as fragilidades das informações coletadas, posam como mestres na matéria. Para continuarmos no esporte, citaremos o ranking de vendas de camisas de clubes de futebol - divulgado pela Centauro e Netshoes -, o qual parece ter nos colocado diante de uma verdadeira legião de catedráticos em varejo. O Pão de Açúcar não sabe o que está perdendo ao deixar de fazer uma proposta de trabalho para tais talentos.

Para ser justo não dá para colocar apenas o esporte como “causador” desse surgimento de “especialistas” e críticos. Creio que seja um movimento geral, ele ocorre na política, economia e até na medicina. 
Certamente, o surgimento e a proliferação de redes sociais e demais plataformas "democráticas" de comunicação acentuaram esse processo, já que os espaços disponíveis permitem que cada um coloque suas ideias, opiniões, desabafos, agressões e até, pasmem, elogios.
Nada contra, desde que feitos com educação e com o devido cuidado para não parecerem assertivos, quando na verdade se trata apenas de uma opinião. Mesmo porque, a maioria das pessoas – se não a totalidade – não possui o devido embasamento para ser definitivo em todas as suas observações.

E aqui chegamos a um paradoxo interessante, principalmente quando falamos de economia, esporte e gestão.
É fato que todos os críticos contumazes defendem a ideia de que grande parte dos erros ocorre porque o autor não se preparou o suficiente para executar alguma função ou projeto. 
Então pergunto: e o crítico? Será que ele sabe bem do que está falando ou escrevendo?
Será que o torcedor de um clube conhece mais do que o treinador? 
Será que um crítico da política econômica entende mais de economia do que os ministros ou secretários de estados?
Será que um acionista insatisfeito com os rumos da empresa faria uma gestão melhor do que os executivos sobre os quais ele reclama?
Evidentemente ocorrerão exceções que poderiam responder “sim” para as perguntas acima, porém, na maioria das vezes a resposta é “não” por um simples motivo: o crítico não conhece todos os pontos relativos aos “bastidores” da atividade, ou seja, não possui as informações suficientes para ser assertivo.
Insisto que as opiniões – de preferência respeitosas – são importantíssimas, porém, “fórmulas mágicas”, “receitas de bolo” ou “professores de Deus” são perfeitamente dispensáveis.
Afinal de contas, se queremos pessoas preparadas para nos representar ou cuidar de nosso país, estado, clubes, empresas etc. , precisamos dar o exemplo. Aqui vale a máxima: "O poder emana do povo e em seu nome será exercido."

Não quero com esse artigo fazer apologia da censura, longe disso, já sofremos demais com tal prática...
Mas creio ser salutar que, principalmente, redatores e jornalistas com grande alcance tenham um cuidado maior na elaboração de seus textos, e no caso de não ter o devido conhecimento sobre o  assunto, abdidquem do tema ou deixem claro que se trata de uma mera opinião, abandonando o tom professoral que costumam impingir em seus textos.
Agindo dessa forma correm menos riscos de perderem a credibilidade e de se contradizerem no futuro.

A propósito, essa é minha mera opinião sobre o tema.






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