terça-feira, 8 de julho de 2025

Loja Teatro

Quem já ouviu falar em Loja Teatro? Poucos, acredito! 
A expressão, que pode ser que nem pegue, tem sido utilizada para se referir aos estabelecimentos varejistas que deixam visível o processo de produção, dando ares de um verdadeiro show, fazendo com que a experiência de compra – outro termo bastante em voga – proporcione a percepção de envolvimento similar ao de apresentações teatrais.
Gostaram da analogia? 
Além de estimular mais fatores sensoriais, a transparência do processo agrega confiança e, consequentemente, valor aos produtos. 
O provável maior engajamento emocional, por sua vez, fortalece a conexão com a marca, e a sensação de autenticidade contribui para os processos de posicionamento.
Até no que tange à comunicação, a iniciativa traz benefícios, pois, além da propagação natural de algo supostamente inédito, gera conteúdo para as redes sociais graças ao lado “instagramável” do processo. Não faltam posts e testemunhais de micro influenciadores espontâneos.
Obviamente que a preocupação com a estética e higiene deve ser redobrada, para que a máxima “quem conhece cozinha de restaurante, não come” não interfira negativamente no consumo.
Atualmente, não são muitos os estabelecimentos que adotam o conceito, ainda que existam restaurantes com a cozinha acessível à visão por vidros e haja unidades do Starbucks Reserve e da Lindt, para citar algumas marcas, onde se encontram ações similares. 
É fato que a busca por oferecer uma experiência diferente ao cliente está cada vez mais intensa em função da competição pela atenção, o que nos leva a acreditar que esse tipo de iniciativa pode vir a se tornar mais frequente. O cuidado deve se dar na operação, visto que algumas “produções” podem não ser tão “estéticas”. 
Deve também ser avaliado se as obras necessárias à transparência não podem de alguma forma “tirar” espaço da área de vendas e se o investimento será remunerado.
No Brasil, o exemplo mais emblemático talvez venha ser o da Krispy Kreme, uma cadeia especializada em donuts, que está entrando em operação por aqui.
Presente em mais de 30 países, a Krispy Kreme, atua no país através de uma joint-venture com a am pm - lojas de conveniência operada no Brasil pela Ipiranga - e inaugurará uma loja em São Paulo com a capacidade de produzir 50 mil donuts por dia diante dos clientes.
Se o conceito vingará, tendo a apostar que sim, mas, tal qual uma peça de teatro, teremos que esperar os próximos atos.

 





2 comentários:

  1. Interessante prática que tenho observado em pequenos negócios ligados à alimentação. Desconhecia o nome, "Loja Teatro", mas acredito que seja uma estratégia interessante que, como você aponta, deve ser cercada de cuidados.
    Nas minhas primeiras experiências como técnico de natação de crianças na faixa etária de 5 a 8 anos tive que conviver com os pais assistindo aos treinamentos. Era o conceito atual aplicado na época porque não havia no clube outro local para os responsáveis além das arquibancadas em frete à minha atividade. Por vezes tive que conviver com a interferência dos mesmos provocando constrangimento às crianças. Muito obrigado pelo texto.

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    1. Boa analogia, Mestre!
      Esse ponto que vc levantou valeria um estudo. Os anos passam, mas ainda é possível ver pais criando o constrangimento citado.
      Muito obrigado!
      Abração

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