Quando vamos soletrar um vocábulo, costumamos utilizar alguma palavra para representar uma letra e evitar eventuais confusões sonoras, algo do tipo N de navio, C de casa.
No jargão mais técnico, dá-se o nome a esse sistema de Alfabeto Fonético de Comunicação, o qual é usado em comunicações de aviação e algumas outras.
Sem dúvida, uma maneira interessante de dirimir dúvidas e padronizar a comunicação.
A adoção de algo similar no meio corporativo seria extremamente benéfico, tamanha a profusão de letras que acompanham o C, não mais de Charlie, mas de Chief para fazer referência aos C-levels.
O advento dos C-levels teve seu início entre as décadas de 60 e 70, como forma de estabelecer responsabilidades às lideranças em substituição às denominações de Presidente, Vice-Presidente e Diretor. Nessa época, a utilização era bem restrita e se resumia basicamente a CEO (Chief Executive Officer), CFO para cuidar das Finanças e COO para operações, ainda assim, não eram muitas as empresas que as adotavam.
Nos anos 80 e 90, com o boom da globalização, mais Cs foram incorporados, os CMOs (Marketing) e CIOs (Information) se juntaram aos Cs mencionados acima.
A partir dos anos 2000, a situação passou a sair um pouco do controle. O C de Chief se consolidou, assim como o O de Officer, porém o "miolo" ficou confuso.
Neste "festival" incluem-se as derivações para quatro letras, como a que acontece com o CAIO (Artificial Intelligence), com o CISO (Information Security) e com o CHRO (Human Resources), sendo que essa última recebe em algumas empresas a denominação de CPO (People). Qual usar?
Mas as confusões não param por aí.
As tentativas de adivinhar o que cada letra significa ficam bem mais difíceis quando nos deparamos com vários significados diferentes para uma mesma sequencia de letras.
O "CCO", pode ser usado para Commercial, Compliance, Culture... O "CSO" para Strategy ou Sustainability, assim como o "CIO" pode servir para Information (TI) ou Inovation.
Não sei se por uma questão de modismo ou para mostrar criatividade, é possível também encontrar o CLO - Chief Listening Officer, cuja função é monitorar o que está sendo dito sobre a empresa nas redes sociais, fóruns, mídia etc. Guardadas as devidas proporções, um ombudsman com três letras. Valendo citar aqui que o CLO é usado em algumas empresas para nominar o líder da área jurídica - CLO (Chief Legal Officer).
Nessa mesma linha criativa, nos deparamos com o CBO – Chief Belief Officer, que visa manter os colaboradores motivados, espiritualmente equilibrados e alinhados com os valores da empresa, algo similar ao CHO (Happiness) e ao CJO (Joy).
Para não deixar o artigo ainda mais extenso, finalizamos com o CCO – Chief Cannabis Officer – mais um C para concorrer com os citados anteriormente – que lidera a área de estratégia e regulamentação de algumas empresas no setor de cannabis medicinal.
De fato, não há limites para a criatividade, ela só necessita considerar que o alfabeto é limitado e que a boa comunicação precisa ser clara, direta e objetiva. CDO?
Não resisti.



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