terça-feira, 20 de junho de 2017

A vida é feita de escolhas


Apesar da frase que dá título ao artigo poder ser enquadrada no rol dos enfadonhos jargões, tamanha a quantidade de vezes que é proferida em discursos e conversas, não há como desprezar sua veracidade. Sendo certo também que na grande maioria das vezes, as escolhas acontecem de forma quase que automática, aproximando-se de um hábito.
Entretanto, algumas situações requerem dos decisores mais tempo e “estudos” para a definição. Poderia fazer menção  aqui à roupa que se vai vestir ou ao prato a ser selecionado entre as inúmeras variedades de um cardápio, mas para não fugir do objeto do blog, abordarei um tema de extrema complexidade para um gestor: a escolha das pessoas para fazerem parte de sua equipe.
Ao contrário de outras variáveis que também carecem de estimativas - tais como as vendas de um produto - onde elaborados modelos estatísticos ajudam a diminuir a incerteza da previsão, a seleção de um profissional, mesmo que auxiliada por métodos de avançado desenvolvimento tecnológico, é uma atividade com elevado grau de dificuldade, visto envolver fatores de percepção e de avaliação sobre pessoas.
Como ilustração para essa afirmação, utilizaremos os drafts das ligas norte-americanas, os quais vêm a ser o processo de escolha de jovens jogadores e/ou estrangeiros para fazerem parte das equipes que disputam as competições.
Embasadas por extensos estudos estatísticos, observações e conversas, as franquias na ordem que lhes cabem procedem as escolhas daqueles que julgam como os mais promissores e/ou adequados aos seus objetivos. Dessa forma, os primeiros a serem escolhidos são, pelo menos em tese, os melhores jogadores daquela safra.
Continuando o exercício, vale examinar a trajetória de alguns jogadores após os drafts.
Primeiramente pegaremos os casos dos que estiveram entre os primeiros a serem escolhidos e corresponderam às expectativas.
Temos nessa relação como número um nas escolhas: Magic Johnson, LeBron James, Shaquille O’Neal, Tim Duncan, Pat Ewing e David Robinson, entre outros.  Ainda na seleção dos bem ranqueados na escolha estão: Larry Bird (6ª escolha), Scottie Pippen e Charles Barkley (ambos 5ª), além de Michael Jordan, que foi o 3º a ser escolhido.
Vamos agora para a situação dos jogadores que estiveram entre as primeiras opções e não renderam o que era esperado. Nessa condição encontramos Sam Browie, escolhido à frente de Jordan e Greg Oden, o número 1 no draft que teve Kevin Durant como segundo.
Não faremos nesse artigo nenhuma referência aos jogadores que não estiveram entre os dez primeiros e também não se tornaram ícones da modalidade. Passaremos assim para os que mesmo não estando entre os dez primeiros se tornaram lendas do esporte, dessa relação podem ser citados: Kobe Bryant (13ª posição), Karl Malone (idem), o brasileiro Oscar (131ª) e saindo do basquete para o futebol americano temos o caso mais emblemático, o do quarter back Tom Brady, cinco vezes campeão do SuperBowl e que foi o 199º escolhido em seu draft.
Tais erros, se é que assim podem ser considerados, têm como justificativa as variáveis intangíveis de qualquer atividade.
Um jogador pode treinar bem, ter ótimos indicadores de performance, mas talvez nenhum desses tenha sido alcançado em  situações de pressão similares aos que uma liga profissional e seus jogos decisivos impõem ao jogador.
Trazendo para o lado corporativo, vemos que muitas vezes nem análises de currículos, entrevistas, testes e conversas com ex-colegas e chefes são capazes de garantir a escolha do melhor candidato. Indo além, nem mesmo o aproveitamento e/ou promoção de um profissional que convivemos e conhecemos, nos dá a segurança da decisão.
O que pode ser explicado pela mesma razão que aplicamos ao atleta: a quase impossível detecção de seu comportamento em situações que, até então, nunca foi submetido.
Não creio que algum dia seja possível trabalhar essa variável, porém, só em reconhecer que ela existe já  deixa os processos de seleção com graus de expectativas mais adequados à realidade.


4 comentários:

  1. Depois de muito tempo voltei a ler. Sempre gosto de seus artigos e o bom senso da análise.

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    1. Grande Lula
      Muito bom tê-lo de volta.
      Conte sempre com seu amigo.
      Abração e obrigado pelo comentário.

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  2. Boa noite, ainda é vc que está a frente do marketing do nosso amado Fluminense?? Quando que teremos novidades em relação ao socio futebol?? To sempre de olho no ranking do futebol melhor e estams estagnados na 10° colocação e acredito que temos torcida pra chegar aos 50 mil socios nessa fase "ruim". E o socio 100%? Eu vejo mt gente pedindo a sua volta, e eu tbm quero pq o meu ainda é o eterno amor e faço a doação por fora do CT. Saudações tricolores.

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  3. Bom dia!
    Obrigado pelo seu contato.
    Com o intuito de não fazer do blog um local sobre conversas sobre o Fluminense, não lhe responderei aqui seus questionamentos.
    Peço que me envie um novo comentário, o qual não será publicado, com o seu e-mail para que eu possa tentar tirar suas dúvidas.
    ST

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