terça-feira, 27 de junho de 2017

Multinacionais no esporte


Sem grande rigor, podemos definir uma instituição multinacional como aquela que desenvolve sua atividade em mais de um país. Historicamente esse conceito data do início do século XVI, influenciado pelo processo de colonização e expansão imperialista.
Fatores ligados à produção contribuíram para a evolução desse processo, o que favoreceu a globalização, além das fusões e aquisições entre corporações.
No esporte, até recentemente, quem mais se aproximava do conceito de uma instituição multinacional eram as federações internacionais das modalidades esportivas, as quais regem a expansão e o desenvolvimento da modalidade em outros países. Devendo ressalvar que, mesmo auferindo receitas diretas através de algumas taxas e indiretamente em função do crescimento da modalidade, a analogia não se sustenta visto a “matriz” não ter nenhum tipo de ingerência na escolha do gestor, nem tampouco nas estratégias, operações e resultados financeiros.
No entanto, uma atividade em franco desenvolvimento como o esporte não pode ignorar os benefícios desse tipo de operação, afinal de contas há nos mercados mais maduros uma saturação natural nas praças de origem. Esse cenário, aqui usando o futebol como modelo, faz com que a busca pelo crescimento de receitas envolva a competição por novos consumidores/torcedores, o que exige investimentos mais vultosos para se buscar o público infantil e/ou trazer os fãs pouco fanáticos que torcem por outra equipe. Também depende de verba qualquer campanha direcionada ao aumento de consumo dos atuais torcedores.
Muito provavelmente, o parágrafo acima deve ter remetido o pensamento às iniciativas de internacionalização que vêm sendo muito bem executadas por algumas das grandes equipes globais, porém, apesar de reconhecer que tal projeto tem grande potencial para geração de receitas, devemos ter em mente que passa bem longe do conceito de “multinacional”, visto não haver nenhuma espécie de operação do "negócio-fim" do clube, ou seja, tais clubes não disputam partidas e campeonatos nos países em que desbravam. Numa analogia ao mercado corporativo, podemos considerar esse tipo de atuação como uma espécie de escritório comercial.
Assim, a melhor aplicação do conceito de multinacional nesse contexto pode ser encontrada ainda em algumas poucas instituições, entre as quais valem ser citadas:
O grupo City Football Group, sob a tutela do Manchester City e que tem como principal controlador Abu Dhabi United Group. Fazem parte da corporação: o próprio Manchester City, mais o New York City (EUA), o Melbourne City (Austrália) e o Yokohama F. Marinos (Japão).
A Red Bull que possui, além da famosa equipe de Fómula 1, o New York Redbulls (EUA), o Red Bull Salzburg (Áustria), o Red Bull Leipzig (Alemanha) e o Red Bull Brasil.
O Atletico de Madrid com filial na Índia – Atletico Kolkta, participação de 35% no Lens da França e que está acertando a aquisição do Atletico San Luis do México.
No Brasil, temos o Fluminense que detém 77% do Samorin da Eslováquia.
Os objetivos desses projetos são variados, pois dependerão das estratégias dos grupos controladores, porém, o que todos têm em comum é busca pela maior valorização da marca, assim como por melhores resultados financeiros.


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