Entretanto, como todo crescimento sem planejamento, esse muitas vezes implica em conflitos de difícil solução após o caos instaurado.
Refiro-me aos conflitos entre patrocínios.
Quanto mais “propriedades” para a exposição de marca são criadas, maior o risco de problemas.
Tomemos como exemplo algum proprietário de arena que comercialize seus espaços publicitários para anunciantes.
Vale ressaltar que tal operação é fundamental para que a arena seja mantida e traga retorno financeiro, de forma que investir na construção ou concessão seja uma opção atrativa quando comparada com as demais que o mercado oferece para aplicação de capital.
Por outro lado, o organizador de uma competição também precisa de investidores ávidos por exposição para viabilizar o evento.
Agora imaginem a situação em que tanto a arena quanto o organizador do evento obtenham patrocínios de empresas concorrentes do mesmo segmento.
Como solucionar?
O verbo flexibilizar poderia ser a solução, porém eventuais alterações no contrato podem inviabilizar todo o cálculo de retorno considerado no ato do acordo.
Informo que a situação descrita não é meramente hipotética, pois está acontecendo na Copa Libertadores, cuja organizadora a Conmebol vendeu cota da competição para a Kaiser, enquanto que o administrador do Engenhão negociou grande parte de suas propriedades com a Ambev.
Situação semelhante ocorre em relação ao material dos atletas, principalmente nos esportes em que se utiliza grande quantidade de equipamentos, e piora quando esses têm forte influência na performance do competidor.
No caso do futebol, esse tipo de problema está praticamente resolvido, pois o atleta é obrigado a usar o uniforme da equipe, mas lhe é facultado o direito de usar as chuteiras que lhe forem mais convenientes.
Ou seja, não há problema se o patrocinador do uniforme do clube não for o mesmo que o da marca da chuteira.
Já no caso do triathlon, por exemplo, onde se utiliza, óculos de natação, trisuit – uma espécie de macaquinho -, sapatilha de ciclismo, óculos para correr e pedalar, bicicleta, tênis para correr e viseiras ou bonés, a situação é bastante complicada.
Muitas vezes se fecha um patrocínio com uma marca, que mesmo fornecendo uma grande gama de equipamentos não oferece o mesmo nível de qualidade em alguns deles, o que fatalmente pode implicar em prejuízos no esporte de alto rendimento.
Contrapondo a isso, deve ser considerado que essa marca acredita no esporte e que para ter o retorno desse investimento precisa aparecer nas competições.
Complicado...
A verdade é que não existem “receitas prontas e infalíveis” quando se trata de marketing e gestão, o que preconizo nesse caso é que qualquer contrato de patrocínio a ser assinado, seja minuciosamente estudado de forma a considerar grande parte das situações inerentes àquele objeto.
E como se resolve um problema desse da Libertadores e Engenhão, Idel?
ResponderExcluirLembro me do Landau reclamando disso ano passado. Ele me disse que a commebol tem o direito de exploração, então todas as marcas de vestiário, circuito publicitário etc, eram cobertas ou substituídas, como ocorrerá nas olimpíadas e eventos do tipo. Mas como fazer isso com cadeiras e outras propriedades ocupadas pela Brahma? Tirando a politicagem do futebol, quem teria direito? O Botafogo, que sequer disputa a competição, ou a organizadora do evento?
Abraços, João Duarte
Obrigado pelo comentário, João.
ResponderExcluirSem dúvida é um caso difícil, vejo como solução nesse momento a flexibilização das partes envolvidas.
Apesar de reconhecer os direitos dos patrocinadores, esses também precisam ver que a rigidez nas negociações é nociva para todos.
Do que adianta a Kaiser patrocinar o Conmebol se os times do Rio não tiverem onde jogar?
Por outro lado do que adianta a Brahma patrocinar o Engenhão se não ocorrerem jogos lá?
Abraços