terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Demitir é mais fácil...

Não é surpresa para ninguém que a profissão de técnico de futebol é extremamente instável, porém essa característica não é uma exclusividade do futebol brasileiro. 
A Universidade de Muenster, na Alemanha desenvolveu um estudo para identificar até que ponto a demissão do treinador é a melhor decisão em situações de resultados insatisfatórios. 
Esse trabalho, liderado pelo professor Bernd Strauss, analisou 14.018 jogos da primeira divisão do campeonato alemão desde 1963 e identificou que a troca de treinadores não surte efeito no curto prazo. 
Na pesquisa foi detectado que 82% das equipes que trocaram o técnico tiveram desempenho pior em relação ao período com o técnico anterior.
O estudo também calculou que a influência do treinador em relação à performance de um time equivale apenas a 15%, sendo que fatores como folha salarial da equipe, aspectos motivacionais e psicológicos apresentam um percentual de importância superior nesse contexto. 
Não pretendo defender a permanência ou demissão de treinadores baseado nesses números, até porque, particularmente, questiono qualquer quantificação que estabeleça percentuais para definir a importância de um técnico, pois acho extremamente difícil expurgar e segregar os fatores que afetam o desempenho de uma equipe. 
Meu objetivo aqui é discutir até que ponto a demissão é a melhor forma de se lidar com um profissional que, aparentemente, esteja abaixo das expectativas. 
Ressalto que apesar do futebol ter servido como preâmbulo para o tema, o texto pode ser aplicado para todos os ramos de atividades. 

Inicialmente vale refletir sobre expectativas, visto que toda decepção ou boa surpresa é função do que estamos esperando, ou seja, contratar um profissional e querer uma série de conquistas num prazo curto é prova de incapacidade de quem tem essa expectativa. 
O segundo ponto a ser analisado é a responsabilidade do gestor nesse processo. 
Será que ele proporcionou os recursos necessários para cobrar um bom desempenho? 
Será que ele debateu com o profissional os objetivos no ato da contratação? 
Será que ele sabia o que queria?
Será que ele supervisionou corretamente? 
Será que ele trocou ideias sobre os pontos de satisfação e insatisfação? 
Pois é... tenho sérias dúvidas em relação aos gestores que usam a demissão como forma de “resolver” algo que não esteja a contento. 
Sob meu ponto de vista demitir é um ato  extremamente frustrante para quem demite, pois denota muitas vezes a fragilidade do gestor que não teve a competência necessária para “consertar” o problema e que encontra a demissão como solução. 
Não faço aqui apologia da manutenção de profissionais reconhecidamente incompetentes, ruins e/ou com desvio de caráter. 
Apesar de achar que nesse caso o erro se dá na contratação, visto que o mercado atualmente nos fornece uma gama considerável de informações sobre qualquer pessoa, reconheço que muitas vezes é difícil executar uma análise mais rigorosa pré-admissional em função da urgência de algumas situações. 
Também entendo as demissões ocasionadas pela necessidade de adequação de recursos ou pelas alterações que a economia impõe. 
O que realmente não consigo entender ou aceitar são os gestores que sem uma prévia conversa ou movido por covardia, optam pelo caminho mais fácil da demissão.


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