terça-feira, 27 de novembro de 2012

Justiça seja feita

Relativizar preço e/ou remuneração é um dos exercícios mais complicados para qualquer profissional. 
Peguemos o exemplo do futebol.
Qual seria o valor justo a ser pago pelo direito de transmissão dos jogos? 

Qual a forma mais justa de distribuição desses valores? 

A primeira pergunta não deve ser muito difícil para os detentores desse direito que, provavelmente, avaliarão todos os custos envolvidos nas transmissões e a estimativa de receita que essa propriedade gerará. 
Pelo lado do intangível economicamente, deverá considerar a associação da emissora a um produto com atributos de emoção, entretenimento e esporte. 
Entra também nessa análise o fator exclusividade, que tira a oportunidade da concorrência e aufere residuais de audiência para os programas que serão exibidos após a transmissão dos jogos.

Já a resposta ao 2º questionamento é bem mais difícil, pois envolve “divisão” de receita, e qualquer critério sempre deixará alguma parte insatisfeita.
No artigo “Não existe critério perfeito” http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2011/04/nao-existe-criterio-perfeito.html foi passado como se dá a distribuição em algumas das principais ligas esportivas do mundo. 
As formas de rateio diferem entre si, algumas incluem variáveis que outras não o fazem, mas o que mais chama a atenção é que nenhuma delas considera o investimento que os clubes fazem na contratação de jogadores. 
Mesmo ciente que o principal fator de audiência é o time de coração, não podemos fechar os olhos para o fato de que, principalmente na TV aberta, a presença de jogadores consagrados e/ou carismáticos faz com que o telespectador não mude de canal após o término da novela, por exemplo. 
Será que é justo um clube repatriar craques como Fred e Deco, importar jogadores do nível do Seedorf ou ainda manter um Neymar e não terem nenhuma compensação em função disso, além da técnica. 
Mais uma vez, a intenção aqui é levar à reflexão sobre o tema, sem a menor pretensão de ter a fórmula ideal ou a de ser o “dono da verdade”, o que, aliás, não existe em marketing. 
Todavia, acredito que esse ponto deveria permear as negociações entre clubes e detentores dos direitos de transmissão, afinal de contas, a busca por conteúdos de qualidade é um dos principais objetivos dos veículos de comunicação.


2 comentários:

  1. Idel,
    mais uma vez adorei ler seus posts que nos estimula a reflexões e análises mercadológicas, e muitas vezes altamente emocionais, o que dá ainda mais graça.
    Uma situação muito curiosa e até semelhante à que ocorre hoje no Brasil está se passando nos EUA, terra das ligas superpoderosas e supostamente bem administradas. De um lado elas possuem grande equilíbrio financeiro entre as equipes, mas devido à força dos sindicatos de atletas, acabam deixando brechas que permitem os mais poderosos extrapolarem e manter seus elencos mais fortes.
    Mas o cenário mais questionável e desigual está ocorrendo na NCAA, onde uma revolução iniciada em 2010 vem gerando mudanças radicais no cenário das conferências esportivas universitárias, e tudo em decorrência das cifras astronômicas que as TVs oferecem para as escolas para transmitirem as partidas de futebol americano universitário, o segundo esporte em audiência de TV.
    Rivais tradicionais estão abandonando sua região e parceiros de quase 100 anos, para bandear-se para conferências que muitas vezes localizam-se a milhares de km de distância. É um case assustador do mal que pode ocorrer caso não haja controle e um mínimo de comprometimento das equipes com a saúde e longevidade de uma liga, federação ou esporte.
    Mais uma vez um grande abraço e parabéns pelo título do seu Flu,
    Adriano

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  2. Adriano
    Muito obrigado por suas palavras e por sua explanação enriquecedora sobre o que está ocorrendo na NCAA.

    Abraço

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