terça-feira, 11 de março de 2014

Por um espaço também

A crescente popularização do carnaval de rua na cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016 tem trazido inúmeros benefícios para o Rio de Janeiro, tanto no aspecto de receitas oriundas do turismo como através dos impostos advindos de vendas, hospedagem e demais atividades ligadas ao evento.
Claro que nessa conta precisa se considerar o prejuízo que certos estabelecimentos sofrem em função da dificuldade de acesso a eles e da pouca educação de alguns “foliões” que jogam lixo no chão e urinam nas ruas, independentemente do sexo dos “necessitados”.
Isso sem contar o trânsito caótico e a perturbação sofrida por parte dos moradores que habitam nas áreas onde os blocos passam, já que várias vias são fechadas aos veículos.
Dentro desse contexto, podemos até imaginar a possibilidade de se fechar ruas e avenidas para a prática de algumas modalidades esportivas, como corrida de rua e o ciclismo.

A primeira, por exemplo, não possui nenhum local exclusivo para sua prática, os que existem são divididos com bicicletas, pedestres, carrinhos de bebê, etc., o que muitas vezes culmina em esbarrões e acidentes.
No caso do ciclismo, a situação é ainda pior, pois a velocidade que se imprime nos treinos é incompatível com as ciclovias, as quais abrigam corredores, pedestres e ambulantes, entre outros, o que deixa como único local para o esporte, as vias onde trafegam veículos automotivos, ou seja, o risco de acidentes fatais é altíssimo, vide a incidência de óbitos na modalidade.
Justiça seja feita, hoje é possível pedalar no Aterro de 2ª feira à 5ª feira de 4h às 5h30, sem a presença de carros, isso não significa que haja a devida segurança, pois já ocorreram alguns casos de assalto no espaço.
Trata-se de um horário, sem dúvida, bastante restritivo, mas melhor do que nada.
Entretanto, diante do que presenciamos no carnaval, poderia ser avaliada a possibilidade de se fecharem algumas vias em horários mais razoáveis para o treinamento de certos esportes, afinal de contas, está cada vez mais provado que a preocupação com o trânsito e o respeito à população foi relegado a planos inferiores.
Evidentemente, o parágrafo acima trata-se de uma mera provocação, pois considero a opção de fechar as ruas ao trânsito - assim como tem sido feito para os blocos - para a prática esportiva, um desrespeito à coletividade, mesmo, particularmente, sendo um grande benefício.
Também é verdade que se houvesse respeito e educação por parte da população, muitos desses problemas se resolveriam.
O governo daria menos atenção à popularidade e interditaria menos ruas, os foliões não fariam tanta sujeira nas vias, os motoristas respeitariam os ciclistas, esses respeitariam os pedestres e assim por diante...
Mas enquanto isso não acontece e as perspectivas de acontecer são pequenas, fica a sugestão de se criar locais específicos para as devidas práticas, sejam essas esportivas ou de lazer, nos quais a coletividade não seja prejudicada em demasia, assim como acontece com escolas de samba que possuem um “sambódromo” dedicado à atividade.
Não podemos esquecer que a massificação do esporte é fundamental para que apareçam expoentes, e que para isso, a atividade deve receber a devida importância, o que abrange: reconhecimento, recursos e segurança.


6 comentários:

  1. A provocação é válida e a reivindicação dos espaços para a prática segura e confortável desses esportes merece uma campanha ampla. Se houver planejamento e critérios adequados, os espaços podem ser definidos sem prejudicar a mobilidade das pessoas e sem sujar a cidade.

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  2. Caro Tojal
    Muito obrigado pelo comentário.
    A ideia de locais dedicados a certas atividades, como acontece com o "sambódromo" ou "Passarela Prof. Darcy Ribeiro" me parece bastante interessante.
    Abraço

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  3. A primeira foto que ilustra o post é emblemática. Com a mentalidade reinante por aqui, o Brasileiro tem de quebrar a cabeça para bolar um sistema à prova da acomodação do próprio Brasileiro. É praticamente impossível à longo prazo.

    Com qualquer povo pensante, esse espaço seria respeitado nas vias já existente e ainda que não fosse o mais adequado, teríamos certamente a opção de andar de bicicleta na rua.

    O Brasileiro no trânsito é intuitivo, ele ocupa os espaços que puder independente se isso fizer o todo atravancar. Esse é um processo de educação às avessas, porque aquele sujeito que conseguiu desvincilhar-se desse burrismo e resolver por conta própria implementar posturas mais racionais à coletividade (e a ele próprio consequentemente) irá sucumbir ao primeiro Brasileiro malandrão que em sua frente entrar do nada. Como basta que UM sujeito avacalhe a porra toda, o processo histérico em cadeia ocorre e todos rapidamente ocupam qualquer espaço vazio para que não percam suas posições para pencas de Brasileiros malandros.

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  4. Caro Victor
    O mais triste é que em muitas estradas, a primeira foto não poderia ser registrada, já que os "motoristas espertos" ocupariam o acostamento para se livrar do tráfego ou fazer ultrapassagens.
    Abs

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  5. Caro Idel,

    Duas pequenas correções: parágrafo 2 nessa no lugar de nesse; parágrafo 6 as quais no lugar de a quais.

    Uma pergunta: vc sabe como a Inglaterra tornou-se uma potencia no ciclismo, tanto de pista como de estrada? Na pista eu vi uma reportagem que mostrava a estratégia do comitê olímpico inglês de investir em uma modalidade que poderia trazer um grande número de medalhas para o país, nas olímpiadas que sediava. Por isso, investiram em velódromos e obtiveram sucesso. Agora nas estradas como foi feito? Sei que os resultados vieram, basta ver a esquadra inglesa no tour de france. Podemos de alguma maneira importar o modelo?

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  6. Obrigado pelas correções, Pedro!

    De fato, o desempenho inglês no ciclismo é exemplar, mas não sei qual foi a estratégia do país especificamente nessa modalidade.
    Vou pesquisar, mas seria ótimo se algum leitor do blog pudesse, por ora, detalhar o assunto.
    O que não pode ser esquecido é que a evolução olímpica da Grã-Bretanha ocorre desde 2000 em Sydney, onde foi o 10o país no quadro de medalhas, posição que repetiu em Atenas (2004).
    Em Pequim (2008) alcançou a 4a posição, subindo uma colocação em Londres (2102).
    Penso que tão ou mais importante do que uma estratégia específica para dada modalidade, é a política esportiva do pais.
    Além do que, alguns esportes sofrem grande influência da cultura e até das características físicas de sua população, isso sem entrar no mérito dos aspectos ligados à atratividade e empatia natural das modalidades.
    Abs

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