Ao contrário do que se convencionou através do tempo, a expressão "profissionalismo" não tem efetivamente relação com o fato de trabalhar de forma séria, mas sim com o fato de ser remunerado por aquela atividade.
Trazendo para o ambiente esportivo, não há como não trazer para essa discussão o caso da nadadora Missy Franklin que podendo faturar US$ 3 milhões anuais, segundo especialistas, prefere adiar a profissionalização para poder continuar nadando e competindo pela Universidade da Califórnia.
A discussão sobre profissionalismo vs. amadorismo vem desde os primórdios do século XIX, quando a aristocracia instituiu que apenas os que não trabalhassem poderiam ser considerados amadores e assim terem o direito de participar de competições. A intenção dessa resolução era evitar que trabalhadores pudessem competir e vencê-los.
Na verdade, nem os atletas gregos antigos eram amadores, pois além de receberem apoio para treinar recebiam prêmios, fora da competição quando se sagravam vencedores.
Nos Jogos Olímpicos da Era Moderna temos um caso bastante emblemático, o do campeão de pentatlo em 1912, Jim Thorpe, que perdeu as medalhas conquistadas quando descobriram que ele jogava beisebol de forma semiprofissional antes dos Jogos Olímpicos.
A partir da década de 50 surgiu a figura do “amadorismo marrom”, que nada mais era do que o patrocínio advindo dos fornecedores de material esportivo.
Além dessa, inúmeras outras situações parecidas ocorreram, o que suscitou uma rica discussão sobre o que efetivamente era ser um atleta amador.
Colocou-se em questão se atletas que treinassem em tempo integral, como os dos países do leste europeu, poderiam ser considerados amadores. Afinal de contas, esses recebiam o apoio do governo para exercerem as atividades esportivas, enquanto os atletas dos outros países eram obrigados a buscar fontes de receitas diversas para garantirem sua subsistência sem ajuda do esporte.
Mesmo assim pouco se evoluiu na questão até a posse do espanhol Juan Antonio Samaranch como presidente do Comitê Olímpico Internacional em 1980, que com sua visão de marketing instituiu ações que propiciaram formas de receitas para a entidade, vide o artigo "Marketing Olímpico" -http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2010/08/marketing-olimpico.html
Após os Jogos de 1988, autorizou-se que atletas profissionais participassem dos Jogos em quase todas as modalidades, visto que algumas como o futebol, por exemplo, limita o número de atletas nessa condição, de forma que não enfraqueça outro megaevento, a Copa do Mundo.
Creio que a medida de aceitar profissionais seja a mais salutar para o esporte, não só por permitir que os atletas tenham tranquilidade para se dedicarem ao treinamento, mas também por impulsionar a economia através do aquecimento de setores que tenham o esporte como ferramenta de estímulo de consumo.
Dentre esses setores podemos citar o de entretenimento, materiais esportivos, alimentação e turismo como beneficiários do desenvolvimento esportivo.
Também não podemos esquecer a função social que o esporte exerce e que também ajuda a economia das nações.
Evidentemente, é fundamental que haja uma política esportiva bem definida e honesta por parte dos países.
Por fim, é importante considerar que a o próprio controle sobre o que é ou não profissionalismo, é alvo de infinitas discussões e que, provavelmente, ocorrerão injustiças na definição.
A própria Missy Franklin, personagem inspiradora desse artigo, pode ter sua condição de amadora discutida, pois certamente recebe alguns benefícios da universidade que estuda para representá-la.
Portanto, sejamos “profissionais” no sentido errado da definição e passemos a gerir o esporte da forma que ele merece.
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