terça-feira, 3 de junho de 2014

Não basta protestar...


Talvez o texto não tenha tanta relação com o marketing e/ou com o esporte, mas fica difícil não escrever sobre os protestos contra a Copa do Mundo.
Nada contra os protestos, desde que feitos sem violência e que não envolvam inocentes. Trata-se, sem dúvida, de uma atividade legítima que qualquer cidadão, em dia com seus deveres, tem o direito de exercer.

Analisando mais detalhadamente esse parágrafo, veremos que a palavra
“inocentes” está grifada e a razão é óbvia, afinal seria injusto e incoerente prejudicar quem não faz parte do grupo responsável pela situação que culminou nas insatisfações dos manifestantes. Alerto, porém, que devemos incluir no rol desses "inocentes", o esporte, que na função de agente educativo e social não deve, jamais, ser atacado.

O 2º ponto grifado é o da frase “em dia com seus deveres”, visto que o fator "coerência" é fundamental para dar legitimidade e credibilidade aos que se manifestam. Sendo assim, é mandatório que não faça parte do grupo dos que protestam, pessoas que usufruam de práticas ilegais ou que deixem de cumprir suas obrigações com o governo, mesmo que essas não pareçam justas aos seus olhos, já que esse argumento é o mesmo que alguns políticos adotam para arbitrarem seus ganhos ou justificarem suas falcatruas.

Apesar de considerar os pontos assinalados acima como muito importantes, vejo uma situação ainda mais grave, que é a utilização da Copa para protestar.
Reitero que sou a favor das manifestações por causas justas, como as que clamam por melhorias na educação, na saúde e na segurança e, que também acho inaceitáveisl os gastos que o evento produziu.
No entanto me causa perplexidade ver que a população precisa de um “evento” para se mobilizar, penso que não é necessário, afinal motivos não faltam...

Nem digo isso por receio de que a Copa fracasse, mesmo achando que esse quadro seria maléfico para o esporte, do qual sou ferrenho defensor. Digo isso por temer que após o término do evento o povo se aquiete e só volte a mostrar sua indignação próximo a algum outro evento de grande magnitude.

Aliás, a bem da verdade, um ótimo momento para a população se manifestar será nas eleições ainda esse ano.
Creio que um rotundo não a tudo que esteja em desacordo trará muito mais benefícios ao país do que um protesto, pois será algo de ação mais duradoura e com menos prejuízo ao esporte.

Por fim, vale ainda alertar sobre os "aproveitadores" que, ao perceberem a impopularidade do evento, passaram a ser críticos ferrenhos de tudo que se relacione à Copa. Seria bastante oportuno se esses "novos revolucionários" esclarecessem a razão de não terem demonstrado, pelo menos publicamente, essa revolta antes da consolidação do atual cenário anti-Copa.

É...talvez o texto não tenha tanta relação assim com o marketing e/ou com o esporte.
Talvez tenha...afinal, além da imagem do esporte necessitar de cuidado, o que não deixa de ser uma atividade do marketing, governantes que entendam os reais benefícios do esporte terão, provavelmente, mais chances de fazerem boas gestões.






2 comentários:

  1. Parabéns Idel!
    Uma leitura objetiva que aponta uma das limitações do nosso exercício de cidadania. Refiro-me à omissão, de grande parte da população, em cobrar continuamente dos que nos representam um mínimo de prestação de contas. Democracia não se limita ao direito ao voto, ela abrange o monitoramento das ações no cargo público.

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  2. Obrigado, amigo!
    Seu breve comentário complementa muito bem o texto.
    Abraço

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