terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Como ficará o esporte em Cuba?

Se me pedissem para listar os fatos mais marcantes de 2014, certamente incluiria nessa relação o acordo que resgatou as relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos.
Demorou, mas enfim chegou.

Não quero, nem vou tecer aqui comentários de cunho político, pois creio que desvirtuaria o objetivo do blog, mas não tenho como me furtar de reconhecer a tenacidade e determinação do povo cubano.
Um povo sofrido, que conseguiu sua independência só no final do século XIX através de José Marti, mas que teve que continuar lutando ate promover sua revolução em 1959 através de Fidel Castro e Che Guevara.

Foram punidos com o isolamento, mas nem por isso deixaram de proporcionar saúde, educação e comida para a população, tampouco desprezaram o esporte.
Em 1992, nos Jogos Olímpicos de Barcelona ficou em 5º lugar no quadro de medalhas, com 31, sendo 14 de ouro. Chegou a ser potência e referência mundial em modalidades como voleibol feminino e boxe olímpico.
Porém, o embargo sofrido não trouxe apenas situações de penúria na economia e no conforto do cidadão cubano, mas também uma queda na performance esportiva, a ponto de nos Jogos de Londres 2012 terem conquistado apenas 14 medalhas – 5 de ouro.
Isso não significa que a política esportiva de detecção e desenvolvimento de talentos tenha se deteriorado ao longo do tempo, mas sim que a situação econômica levou os talentos descobertos e desenvolvidos a buscarem oportunidades de ganhos, o que só conseguiriam fora do país.
Em função desse êxodo, os atletas foram impedidos pelo governo de representarem o país.
Uma medida ruim para o desempenho esportivo do país nas competições internacionais, mas totalmente coerente com sua linha de não ceder às pressões que pudessem ameaçar os princípios da revolução.

O que acontecerá com o esporte em função do acordo com os EUA ainda é uma incógnita.
Pelo lado do esporte, torço bastante para atletas como Yasiel Puig e Yoenis Cespedes, estrelas da MLB (Majos League Baseball), Leon e Simon do voleibol voltem a representar seu país.
Mas também respeito a decisão do país, caso decida o contrário.

De qualquer forma, creio que o mundo pode esperar uma recuperação do esporte cubano tanto pelo maior acesso à tecnologia e intercâmbio, como também pela provável maior “abertura” para que seus atletas tenham a liberdade de disputarem ligas estrangeiras, sem que isso venha a ser considerado um ato lesivo à nação.
Pelo lado do marketing, é possível traçar um cenário em que empresas ligadas ao esporte tenham um mercado ávido por bons produtos e detentor de conceitos interessantíssimos para uma marca associar, tais como superação e determinação.

Viva Cuba!



4 comentários:

  1. Caro Idel,

    Tenho dificuldade em admirar o esporte de Cuba. Simplesmente porque o esporte serviu única e exclusivamente como propaganda de um estado que não foi capaz de viver sem a mesada soviética.

    Na minha visão não foi o embargo americano que desmontou o esporte cubano, o embargo existe desde 1962, o esporte cubano se desenvolveu comverbas soviéticas, sem as verbas...

    Curiosidade: Cuba é uma ilha e nunca desenvolveu a vela como esporte olímpico.

    Admiro a Yarisley Silva! se a FAbiana tivesse metade da garra dessa baixinha teria sido campeão olímpica!

    Viva Cuba Livre!

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    1. Caro Pedro Martins

      Obrigado pelo comentário.
      Não há dúvida de que a ajuda soviética contribuiu bastante para o desempenho do esporte cubano.
      Entretanto, não podemos deixar de reconhecer que, desde o fim da URSS em 1991, muitos atletas espetaculares surgiram em Cuba, tais como o jogador de voleibol Wilfredo Leon e o pugilista Robeisy Ramirez, ambos nascidos em 93.
      A própria Yarisley Silva, que vc bem citou, tinha apenas 4 anos quando o regime soviético terminou.
      Evidentemente que a verba é um fator fundamental para o esporte, mas tão vitais quanto são a política esportiva do país e a tenacidade de seus atletas e treinadores.

      Viva o esporte!

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  2. Boa noite, estou escrevendo meu trabalho de conclusão de curso sobre a instrumentalização política do esporte, eu gostaria de citar o caso Cubano. Você teria bibliografia para me indicar? Agradeço a atenção

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    1. Boa noite, Gustavo
      Infelizmente não tenho nenhuma bibliografia que traga compilado os casos do esporte cubano.
      Boa sorte!
      Idel

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