Mas como se trata de um blog de gestão e marketing, focamos nossa atenção aqui aos detalhes relacionados a esses aspectos, o que nos permite concluir que, ao longo do tempo, o espetáculo vem deixando de ser uma manifestação estritamente cultural para dar espaço também a vertentes comerciais e mercadológicas.
Dentro desse contexto, é possível encontrar escolas de samba propiciando ótimas lições de marketing no que tange aos patrocínios, visto que esses têm se incorporado e se associado aos enredos de forma extremamente criativa e inteligente, sem a busca “famigerada” pela exposição do logo e/ou da marca que “patrocina” a escola. Evidentemente que isso ocorre por restrições dos organizadores, o que em nada tira o mérito das ações.
Para ilustrar tais "lições", citaremos duas ações da Unidos de Vila Isabel, cientes, no entanto, da existência de inúmeras ações geniais desenvolvidas por outras escolas, que não serão aqui mencionadas em função da limitação do espaço.
Em 2010, a Vila teve como enredo “Mitos e histórias entrelaçadas pelos fios de cabelo”, sua patrocinadora era a Pantene que, entre outras ativações, trouxe a modelo Gisele Bundchen – embaixadora da marca - para desfilar pela escola no sambódromo.
Dois anos depois, com o patrocino da Basf, o enredo abordou a importância da produção agrícola para o mundo. Vale salientar que a empresa alemã possui uma unidade de negócios voltada aos produtos de proteção ao cultivo agrícola.
O lado da relação comercial com a emissora que transmite o evento também não passa despercebido numa análise mais profunda, vide o caso da Rosas de Ouro de São Paulo, que no ano em que foi patrocinada pela Cacau Show, foi obrigada a trocar o trecho do samba “cacau é show” por “o cacau chegou”, de forma a não ir contra a política comercial da TV que, diga-se de passagem, não chama pelo nome nem a equipe da Unilever que investe há anos, de forma contínua e sustentável, no voleibol brasileiro.
Há ainda a possibilidade de a patrocinadora ter camarotes na avenida, de forma que possa levar clientes e parceiros estratégicos para o evento e assim trabalhar o relacionamento. Tal iniciativa, obviamente, é facultada mesmo para as empresas que não patrocinem nenhuma escola de samba, mas não há como negar que a ação fica muito mais abrangente ao se contemplar e integrar essa possibilidade.
Apesar de considerar as situações narradas como bastante inspiradoras para as organizações esportivas e empresas que queiram investir no esporte, o objetivo do texto não é incentivar a criação da expressão “marketing carnavalesco” assim como fizeram com o esporte e a política, entre outros, afinal de contas, o marketing é um só, e quem o conhece está capacitado a aplicá-lo em qualquer ramo de atividade.
A intenção original do artigo foi aproveitar o período carnavalesco para fazer alguma ligação do carnaval das escolas de samba com o esporte, sob o viés de marketing.
Nessa busca encontramos a União da Ilha – escola do Rio de Janeiro – que trouxe como enredo, ”Olímpico por natureza...todo mundo se encontra no Rio”, no qual fala sobre os Jogos Olímpicos que se aproximam.
Ao contrário das situações narradas acima em termos de patrocínio, a escola da Ilha do Governador nada recebeu pela escolha do enredo, apesar de os Jogos do Rio estarem sendo levados ao mundo todo através também do carnaval. Fato que merece de todos os amantes do esporte, o reconhecimento e agradecimento à escola.
Medalha de ouro, a nossa união...
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