Mais uma vez grande parte da mídia brasileira perdeu uma excelente oportunidade de ajudar o esporte.
Refiro-me à pouca atenção dedicada ao maior corredor de fundo da história, o etíope Haile Gebrselassie, que esteve nessa semana no Brasil trazido pela Adidas, sua patrocinadora, o que, aliás, pode ser considerada uma exemplar iniciativa de marketing.
Conhecido também como “The Emperor of Long Distance”, o Imperador da Longa Distância, Haile tem entre suas conquistas, quatro títulos mundiais nas provas de 10.000 m, vinte e sete quebras de recordes mundiais – dois na maratona, sendo o primeiro homem a completar essa prova com o tempo abaixo de 2 horas e 4 minutos -, e duas medalhas olímpicas de ouro também nos 10.000 m.
Conhecido também como “The Emperor of Long Distance”, o Imperador da Longa Distância, Haile tem entre suas conquistas, quatro títulos mundiais nas provas de 10.000 m, vinte e sete quebras de recordes mundiais – dois na maratona, sendo o primeiro homem a completar essa prova com o tempo abaixo de 2 horas e 4 minutos -, e duas medalhas olímpicas de ouro também nos 10.000 m.
Considero sua conquista no Jogos de Sydney como a melhor prova que assisti nessa distância, talvez a melhor que tenha assistido no atletismo.
Vale ver o final da prova acessado o link https://www.youtube.com/watch?v=5D56ZAvcxN0
Entretanto, tanto ou mais do que pelo desempenho esportivo, o etíope se destaca por inúmeros outros fatores que fazem dele um ídolo na mais perfeita concepção da palavra, visto ser um exemplo a ser seguido por todos, seja no esporte, na vida profissional ou pessoal.
Entre os fatos dignos de serem relatados estão:
Entre os fatos dignos de serem relatados estão:
- Trajetória de vida – A infância pobre junto a nove irmãos, o fazia a percorrer correndo, num terreno bastante acidentado e numa região de elvada altitude, 20 km para ir e voltar diariamente do colégio.
- Forma de encarar o esporte – Ganhando ou perdendo, é difícil vê-lo sem um sorriso no rosto. Somado a isso, jamais foi acusado de doping, atitudes antiesportivas ou esteve envolvido em escândalos.
- Receita para o sucesso – Haile preconiza que para se ter sucesso são necessárias três condições: ser disciplinado, ter metas e compromissos, e trabalhar duro.
Alguém questiona que tais ingredientes são aplicáveis para tudo na vida, e não apenas ao esporte?
- Aposentadoria – Mesmo sem competir em “altíssimo rendimento”, o verdadeiro Imperador, pretende continuar correndo e bater todos os recordes de másters à medida que a idade aumente.
Apesar das inúmeras conquistas – esportivas e financeiras -, das contusões cada vez mais frequentes e dolorosas e do “sofrimento” dos treinamentos, ele não pretende jamais se aposentar do seu trabalho e da sua diversão de correr bem.
- Investimentos – Seu desempenho esportivo foi responsável por lhe propiciar prêmios e patrocínios que o deixaram numa situação financeira extremamente privilegiada.
Não obstante à atratividade, tanto em termos de possibilidade de investimentos como de qualidade de vida de outras cidades ao redor do mundo, Gebrselassie optou por morar e investir em seu país, por entender que agindo assim gera empregos e contribui de alguma forma para o desenvolvimento da região. A propósito, algumas de suas aplicações pouco ou nada lhe rendem financeiramente, como é o caso das duas escolas que construiu.
Pelo ponto de vista de marketing, acho que não paira a menor sombra de dúvidas sobre as vantagens de se ter uma pessoa como Haile associado a qualquer marca.
Seguindo nessa linha de argumentação, voltamos ao parágrafo inicial para reafirmar que a mídia do Brasil perdeu uma excelente oportunidade de exaltar e mostrar massivamente ao público brasileiro como deve ser e se comportar um ídolo.
Ao invés disso, preferiu ocupar seu espaço com pautas que, muito provavelmente, proporcionaram uma boa audiência, a qual sem dúvida é importante, principalmente no curto prazo.
No entanto, penso que de pouco adiantará auferir boas receitas no presente, se o espectador de amanhã tiver tido como referência na sua formação, a sonegação de impostos, a irresponsabilidade, a falta de comprometimento, o pouco empenho no trabalho e tantas outras práticas condenáveis, mas que ainda assim conferem títulos de "nobreza" e espaço a alguns "atletas".
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