terça-feira, 22 de novembro de 2016

Mando de campo

No campeonato brasileiro de futebol tem sido bastante corriqueira a troca dos locais onde as partidas ocorrem ou deveriam ocorrer. Exemplificando, muitas equipes têm levado as partidas marcadas previamente para serem realizadas em suas cidades para outras, muitas vezes bem distante de sua sede.
As razões que levam a essa decisão estão fortemente ligadas ao aumento de receitas e às questões de marketing, já que se trata de uma ótima oportunidade para se atrair torcedores e simpatizantes dessas localidades, além de estar perto de seus torcedores que por ali habitem.
Já os que se opõem à iniciativa, alegam que a transferência influencia o desempenho técnico, visto exigir viagens, o estádio não ser tão conhecido pelos jogadores e a torcida habitual não ser tão presente. Além disso, existe aqui também os aspectos ligados ao marketing, pois os planos de sócio torcedor têm como um dos seus apelos algum tipo de vantagem na compra de ingressos, isso sem falar da inviabilidade de se vender season tickets – ingressos para toda temporada – que muito contribuem para a  garantia de receita e para o fluxo de caixa.
Trata-se de uma típica situação onde os dois lados têm razão, restando avaliar qual tem mais razão. 
Difícil responder!
Ainda mais se derivarmos a análise para as arenas que, construídas para o Mundial de 2014, só têm condições de se manter caso ocorram eventos em suas instalações.
Ocorre que a oferta de arenas ficou maior do que a oferta de “conteúdo”, o que gera um déficit de atrações e acarreta nessa “mobilidade” de jogos.
Ah, não deveriam ter construído tantas arenas. É verdade, mas o estrago já foi feito.
Difícil solucionar!
Mesmo porque, o fato de ter um estádio em alguma cidade não é garantia, nem tampouco tendência, de que se formarão bons times no local. 
A eventual transferência de sede de alguma equipe, como ocorre nos EUA, também está fora de cogitação no Brasil.
Mas voltando às transferências dos locais dos jogos, creio que existe um ponto primordial a ser debatido: a definição do que deve ser prioridade num campeonato: a competição ou o negócio? Deixando claro que não são excludentes, mas que a falta de definição prejudica as decisões.
Explico. Se a prioridade for o aspecto técnico, os jogos devem acontecer sempre nos estádios previamente definidos, visto que a mudança pode trazer prejuízos direta e indiretamente nas equipes envolvidas. Nesse caso, as ações de marketing buscando novos torcedores devem vir através de pré-temporadas, amistosos ou eventos de relacionamento.
No caso da prioridade ser o “negócio”, esqueçam a competitividade e, quem sabe, cogitem até a opção de não haver mais acessos e rebaixamentos, deixando como participantes as equipes com maior poder gerar receitas.

Evidentemente, eu prefiro que a prioridade seja o aspecto técnico, até porque, uma competição séria e disputada tem a longo prazo muito mais capacidade de auferir ganhos financeiros sustentáveis do que as que privilegiam o faturamento imediato.



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