terça-feira, 21 de novembro de 2017

Reflexões sobre a permuta


Em junho de 2017 escrevi um artigo com o intuito de deixar clara a diferença entre permuta e patrocínio, narrando inclusive alguns exemplos dessas modalidades - http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2017/06/a-permuta-e-o-patrocinio.html.
Pelo fato de o tema estar bastante em voga, vale explorar mais uma vez o assunto.
Inicialmente precisamos ter a ciência da evolução ocorrida nos meios de pagamento, onde partimos do escambo e estamos chegando às moedas digitais. É certo também que a maior parte das relações comerciais, as quais vão desde salários até patrocínios, passando por compra e venda de bens e serviços, ainda são regidas pela remuneração em moeda.
Contudo, se formos reparar bem, veremos que muitas relações trabalhistas incorporam benefícios como parte da remuneração, os quais, evidentemente, são levados em consideração na negociação salarial. Ou seja, o salário em moeda acaba sendo menor para compensar os benefícios oferecidos numa proporção que traga vantagens para ambas as partes.
Lembro que muitos estudos de remuneração salarial consideram variados cenários de carga fiscal, o que leva as empresas a simularem modelos nos quais o salário em moeda diminui e a carga de benefícios aumenta como forma de minimizar eventuais consequências de impostos extorsivos.
Fazem parte desses benefícios: despesas com educação, aluguel/condomínio, viagens de férias, supermercado, além dos tradicionais planos de saúde, automóvel, seguro, etc.
Trata-se de um modelo que, dependendo da negociação e da conjuntura, pode vir a ser bem interessante, devendo, no entanto, ser ressaltado o risco que a economia tende a correr em função dos impactos nas contas públicas, na poupança e consequentemente nos juros.
Mas seria isso permuta? Podemos considerar que sim, afinal não envolve a transferência de moedas do cofre do empregador para o empregado. 
Outro caso que auxilia o desenvolvimento do tema diz respeito  aos patrocínios da Rio 2016, onde 60% das receitas vieram através de permutas, na verdade, o nome correto é value in kind – VIK. Como historicamente esse percentual se situava em 50%, é provável que  esse incremento seja consequência de uma tendência de mercado, da crise econômica ou de ambas
Por não ter acesso a uma série histórica que contemple um número significativo de ocorrências em outros setores econômicos, vou me eximir de opinar sobre a razão desse aumento, mas fiquem à vontade para fazê-lo.
Vale ainda ser narrado que em outros ramos de atividade como o varejo, as negociações com os fornecedores passaram a contemplar muito mais variáveis ao longo do tempo. Hoje, as indústrias mais evoluídas oferecem promotores, treinamentos, bonificações e aportes financeiros para ações promocionais, ao invés de apenas descontos e prazos nos preços de tabela. Do outro lado, os varejistas acenam com espaços diferenciados e informações de consumo para a composição da negociação.
Cumpre deixar claro que o que foi escrito aqui tem por objetivo único provocar a reflexão sobre o tema sem tentar induzir o leitor a ficar contra ou a favor das “permutas”, mesmo porque cada caso difere de outro e qualquer tipo de generalização é típico dos estólidos, os quais não teriam chegado ao final desse artigo.


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