terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Especialista ou generalista?


O questionamento que dá título ao artigo costuma estar presente na mente daqueles que iniciam uma carreira corporativa ou que estejam buscando um profissional para alguma posição no organograma.
Vale salientar que a discussão levantada considera como objeto de reflexão a experiência em algum ramo de atividade e não o conhecimento específico de alguma área. A razão para adotarmos essa linha de desenvolvimento do texto é por se entender que, por mais experiência que se tenha em alguma área da administração, é requisito fundamental conhecer outras disciplinas.
Enriquece o assunto a defesa que o jornalista científico David Epstein faz no livro Range — Why Generalists Triumph in a Specialized World (“Abrangência: por que os generalistas triunfam num mundo de especialistas”), onde discorre sobre o maior valor do generalista citando casos na música e no esporte. Segundo Epstein, a razão de Roger Federer, por exemplo, ter atingido o sucesso se deve ao fato de na infância ter praticado diversas modalidades além do tênis, o que lhe propiciou uma maior experiência em ambientes diferentes.
Esta tese também pode ser derivada para o ambiente corporativo, já que existem inúmeros casos de profissionais que levam suas vivências e práticas de um setor econômico para outros com características diferentes e, dessa forma, conseguem excelentes resultados, o que tem provavelmente como causas: os questionamentos a paradigmas enraizados pelos especialistas e à visão distinta acerca do mercado.
Exemplos que contestem os casos citados também existem, no tênis vemos a jogadora Serena Williams praticando seu esporte desde a infância, assim como vemos executivos triunfando sem que para isso tenham atuado em ramos de atividade diversos.
Apesar de ver alguma coerência na frase de Bernard Shaw: “o especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, e por fim acaba sabendo tudo sobre nada”, penso que, como tudo que acontece relativo à gestão, não há uma verdade absoluta para responder ao questionamento.
No que tange à seleção do profissional a decisão envolve entre outras coisas: a especificidade do cargo, a composição atual do time da empresa, os objetivos e a cultura da mesma, além do plano de carreira que se vislumbra para o profissional, e mesmo assim devendo se estar atento ao dinamismo do mercado. Já em relação ao rumo que se deve dar à carreira, a resposta à questão que dá título ao artigo é ainda mais difícil, pois o dinamismo citado se faz ainda mais presente graças à perspectiva de tempo maior, cabendo então escolher em função do que entende ser mais convergente com suas aptidões e características, contudo, nunca se esquecendo de que o maior ativo de um profissional é o seu caráter e esse independe do quão generalista ou especialista se é.





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