terça-feira, 17 de novembro de 2020

As cores, os meses e o marketing

Na coletiva de imprensa após o jogo Brasil e Venezuela pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, o jogador Everton Ribeiro apareceu com uma máscara em alusão à campanha Novembro Azul. O apetrecho, além de ser na cor em referência, ainda trazia o nome da cor, o que remetia de alguma forma para a companhia aérea. Atrás do jogador havia um backdrop com a marca da Gol, patrocinadora da Confederação Brasileira de Futebol. 
O fato nos fornece ótimos temas para a reflexão.
Um deles diz respeito à importância de se apoderar de uma cor para a marca, pois, permite que esta venha a ser lembrada em variadas situações, aliás, ter o nome de uma cor também concede inúmeros benefícios à marca. 
Outro ponto interessante de se analisar é a relação mês/cor como mote para campanhas de prevenção. Os números destas têm se mostrado bastante interessantes, contudo, seria importante avaliá-los ao longo do ano e não apenas nos citados meses, ou seja, é preciso se certificar de que o incentivo para se cuidar no período especificado não cause um efeito de “não ida” ao médico fora da campanha. 
Até que ponto é válido incutir o fator sazonalidade em algo que, em tese, não precisaria desta condição? Além da preocupação com o possível relaxamento/adiamento citado acima, ainda há os problemas ocasionados pelas maiores procuras por consultas e exames de forma concentrada, o que pode prejudicar o atendimento. 
A existência de picos de demanda, embora seja boa no momento em que eles estejam acontecendo, não é tão interessante quando há um grande espaçamento entre eles. O varejo, atento a esse tipo de problema, está sempre incentivando o fortalecimento de datas que possam trazer fluxo frequente aos seus estabelecimentos, de forma a não depender apenas do Natal, vide os aspectos comerciais incutidos na Páscoa, Dia das Mães,  Dia dos Pais, Dia dos Namorados, Dia das Crianças, Black Friday, isso sem falar nos “aniversários” dos estabelecimentos.
A atenção à saúde de forma preventiva é de fundamental importância, isso não cabe discussão, o que trazemos à reflexão é a real eficácia de se dedicar um mês para isso, ressaltando que existem apenas doze, os quais já estão todos utilizados para esse fim. Maio, por exemplo, já abriga duas causas: prevenção de acidentes de trânsito, usando o amarelo e hepatite com a cor vermelha. A propósito, o mesmo ocorre com as cores, o amarelo mencionado anteriormente é também a matiz para as hepatites virais em julho e o suicídio em setembro. 
Em vista dessa evidente saturação, é preciso que se encontre a diferenciação não apenas através do binômio cor/mês, sob o risco de não haver a desejada eficácia. Assim como as marcas, as causas precisam buscar soluções como as descritas por Renée Mauborgne e W. Chan Kim no livro “A estratégia do oceano azul” – olha a cor aí de novo –, no qual preconizam a procura por mercados inexplorados, muitas vezes através uma simples mudança de posicionamento.






Nenhum comentário:

Postar um comentário