terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Aberto da Austrália e a SAF

Que título estranho...
Qual a relação que pode ter o Australia Open e a Sociedade Anônima do Futebol?
Nenhuma no que tange à essência dos conceitos, porém, quando analisamos o imbróglio gerado sobre a presença do tenista Novak Djokovic no torneio e a dispensa do goleiro Fábio do Cruzeiro, constatamos um ponto de interseção: o dinheiro na condição de variável quase exclusiva nas decisões.
No caso do tênis, a organização do torneio cogitou sobrepor às regras sanitárias estabelecidas pelo estado com o fim de contar com a presença do jogador sérvio. 
É fato que a presença de um dos melhores tenistas da atualidade tem importância fundamental para a atratividade da competição, visto a audiência ser sensível a isso, o que implica em maiores receitas diretas com ingressos, além de indiretas através da satisfação dos patrocinadores, dos que compraram os direitos de transmissão e até de artigos de merchandising, isso sem falar no nível de qualidade do torneio.
Deve aqui ser ponderado se a imagem do Australia Open não sofre algum dano com a atitude de abrir exceções, as quais, certamente receberão questionamentos que nos levarão à reflexão acerca do efetivo retorno do que for decidido. 
Para evitar conotações políticas, não levaremos o texto para discussões mais profundas sobre o direito de o jogador decidir se quer ou não se vacinar, até porque é óbvio que ele tem esse direito, contudo há que se ter mente que qualquer escolha implica em consequências, nesse caso ficar fora dos campeonatos que exigem a vacinação. Quem fuma, por exemplo, fica alijado de fazê-lo em certos locais...
Em resumo, não dá para se ter tudo, leis e regras, por mais que aparentem ser ruins, existem e devem ser sempre respeitadas.
Já no caso da SAF, ficamos diante de um quadro onde os gestores passaram a ter também os resultados financeiros como metas, o que acarreta em uma política mais severa em relação aos custos operacionais, redundando em cortes que atingem ídolos e ferem a paixão do torcedor.
O questionamento nesse caso reside na ponderação a ser feita: quanto que a paixão deve ser ouvida? Não há resposta definitiva, a presença de ídolos é vital para qualquer clube, mas a que preço?
Antes que os argumentos derivem para os “discursos pouco embasados” de que as vendas de camisas, presença de público e adesão a programas de sócio-torcedor provocadas pela presença de ídolos bancam os salários, fica o alerta de que tal montante é insignificante sob esse prisma.
Não resta dúvida de que a transformação do modelo associativo para o de clube-empresa, tão exaltado pelo público que considera a medida como “solução”, irá envolver medidas antipáticas e amargas, sem a garantia de que os resultados virão, portanto carecerá de ajustes. Todavia, o que está totalmente fora de cogitação é a imposição de mudanças sem a devida análise da situação, tampouco aceitar situações de casuísmo, pois essas acabam com o ativo, em tese, mais longevo de qualquer marca: a credibilidade. Isso se aplica tanto ao caso do Australia Open como à da SAF.





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